Hormônios são substâncias químicas que levam informações para os diferentes sistemas do organismo, estimulando as funções dos órgãos. São secretados por glândulas endócrinas, como a hipófise, a tireoide e as suprarrenais, assim como pelas glândulas sexuais, que são os ovários e os testículos.
Várias dessas substâncias agem em conjunto para regular as funções do sistema reprodutor. Os hormônios LH e FSH agem tanto no corpo feminino quanto no masculino. O organismo da mulher também produz estrógenos e progesterona, que são fundamentais para o preparo uterino, enquanto o corpo do homem é estimulado pela testosterona.
Vamos abordar, neste texto, o papel dos hormônios LH e FSH no sistema reprodutor feminino, apresentando de que forma eles agem no ciclo menstrual e, consequentemente, na fertilidade.
Confira essas informações!
O que é LH?
O LH, hormônio luteinizante, é produzido na hipófise anterior (adeno-hipófise). Essa glândula, por sua vez, é estimulada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), secretado pelo hipotálamo.
A função do LH no corpo feminino é promover: o amadurecimento final do folículo ovariano, a ruptura folicular, a ovulação e a formação do corpo-lúteo. Vale esclarecer que:
- os folículos são unidades funcionais dos ovários, existem aos milhares, e cada um deles guarda um óvulo ainda imaturo;
- a ruptura folicular ocorre no momento da ovulação, marcada pela liberação de um óvulo maduro que poderá ser fecundado;
- o corpo-lúteo é a estrutura que se forma com os resíduos do folículo ovulado, é responsável por secretar estrogênio e progesterona.
Nas mulheres em idade fértil, os níveis de LH variam ao longo do ciclo menstrual, atingindo seu pico na fase ovulatória e ficando mais baixos na fase lútea (pós-ovulação). Na menopausa, a concentração de LH se mantém elevada, uma vez que a interrupção das funções ovarianas reduz drasticamente a produção de estrógenos e progesterona, os quais inibem a secreção dos hormônios hipofisários devido ao mecanismo de feedback negativo.
O que é FSH?
O FSH, hormônio folículo-estimulante, também é produzido na hipófise anterior em resposta ao GnRH. Sua função no corpo da mulher é estimular o crescimento dos folículos ovarianos para que um deles chegue à ovulação.
Em todo ciclo menstrual, poucos dias depois do início da menstruação, os níveis de FSH começam a subir, levando ao desenvolvimento de um grupo de folículos. Contudo, normalmente, apenas um deles amadurece e se rompe para liberar o óvulo (folículo dominante).
Assim como acontece com o LH, os níveis de FSH apresentam variações durante o ciclo menstrual, sendo mais altos alguns dias após a menstruação (fase folicular) e na ovulação e mais baixos após a ovulação.
Mulheres na menopausa mantém a concentração alta de FSH, mais uma vez em razão da redução dos hormônios ovarianos. Níveis elevados de FSH e LH também podem ter relação com menopausa precoce, tumores secretores de gonadotrofinas e outros distúrbios hipofisários.
Como esses hormônios agem no corpo da mulher?
Acabamos de ver que LH e FSH agem no processo de foliculogênese (desenvolvimento dos folículos ovarianos), no amadurecimento final do folículo dominante e na ovulação. Na fase pós-ovulatória, é a vez dos estrógenos e da progesterona agirem, preparando o útero para receber um embrião.
Em síntese, o ciclo menstrual passa por três fases — folicular, ovulatória e lútea — que se desenvolvem nessa sequência:
- a menstruação marca o início do ciclo;
- os níveis de FSH começam a subir, provocando o crescimento dos folículos;
- na metade do ciclo, cerca de duas semanas após o início da menstruação, os níveis de LH e fsh aumentam subitamente;
- o pico de LH faz o folículo dominante se romper e liberar um óvulo maduro;
- o corpo-lúteo se forma e começa a produzir estrógenos e progesterona.
Se houver fecundação e implantação do embrião no útero, o hormônio hCG é produzido para manter o corpo-lúteo em atividade. Na ausência de gravidez, a estrutura lútea se degenera, os hormônios ovarianos reduzem e a menstruação acontece.
Qual é a relação entre os níveis hormonais e a infertilidade?
Diante de tudo o que já foi apresentado neste post, fica claro que LH e FSH, assim como os hormônios ovarianos, são necessários para a fertilidade feminina, visto que são essas substâncias que estimulam as funções do sistema reprodutor.
Da mesma forma, desequilíbrios hormonais tem total relação com a infertilidade. Se os hormônios não forem secretados em quantidade adequada, isso pode acarretar falhas de ovulação. Sem o óvulo para ser fecundado, não é possível que a gravidez aconteça.
Entre os problemas relacionados a alterações hormonais e problemas ovulatórios, estão:
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- hipotireoidismo;
- anorexia nervosa;
- hiperprolactinemia;
- doenças do eixo hipotálamo-hipófise;
- uso de estrogênios sintéticos e androgênios (hormônios masculinos);
- alterações genéticas;
- estilo de vida, incluindo obesidade, tabagismo, prática extenuante de exercícios físicos etc.
Muitos desses problemas podem ser tratados com medicação para normalizar os níveis dos hormônios. Mudanças no estilo de vida e até intervenções cirúrgicas — a exemplo dos casos de tumor hipofisário — também podem ser necessárias. Entretanto, é indicado procurar avaliação e tratamento de reprodução assistida quando o casal tenta a gravidez por mais de um ano, mas a infertilidade persiste.
Conforme os resultados da investigação, podem ser indicadas as técnicas de relação sexual programada, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV). As duas primeiras são para os casos mais brandos e a FIV para as situações mais complexas.
Todas essas técnicas de reprodução assistida são iniciadas com a estimulação ovariana, que consiste no uso de medicação hormonal para intensificar as funções dos ovários, as quais são estimuladas pelos hormônios LH e FSH em ciclos naturais.
A lista de causas que interferem nas funções reprodutivas da mulher é ainda maior. Para conhecer os possíveis fatores envolvidos, leia nosso texto sobre infertilidade feminina!