A infertilidade masculina é frequentemente definida pela existência de alterações nos parâmetros seminais diagnosticados através de um exame de espermograma.
Apesar do espermograma ser o exame disponível mais utilizado na prática clínica, os parâmetros seminais avaliados possuem limitações relacionadas à etiologia da disfunção espermática assim como na determinação da sua capacidade de fertilização.
São necessárias duas amostras com intervalo entre 30 a 60 dias. Os principais critérios observados e avaliados através do exame são:
- o volume de sêmen;
- o número de espermatozoides;
- a concentração de espermatozoides;
- a movimentação (motilidade) dos espermatozoides;
- a forma (morfologia) dos espermatozóides;
- também se há algum tipo de inflamação, o que poderá ser suspeitado pela presença de leucócitos e confirmado com espermocultura
Também podem ser solicitados o exame de doppler dos testículos e a dosagem dos hormônios: FSH, LH, TSH, T4 livre, prolactina, SDHEA, DHEA, SHBG, testosterona total e livre
Principais causas de infertilidade masculina
Existem diversos fatores que podem influenciar na fertilidade do homem. Infelizmente na maioria dos casos a causa não é esclarecida sem entretanto inteferir com o prognóstico de resultados As principais causas de infertilidade masculina, são:
- Varicocele, dilatação anormal das veias dentro da bolsa escrotal, é a causa mais comum. A dilatação das veias escrotais aumenta a temperatura local e influenciam na formação dos espermatozóides devido ao ambiente tóxico causado pela não drenagem correta na bolsa escrotal e pela deposição de metais pesados.
- Epididimite, que é uma inflamação no epidídimo, tubo espiralado que fica na parte de trás do testículo, ele transporta e armazena os espermatozoides. Quando o testículo é acometido chamamos de epididimo-orquite.
- Uretrite é a inflamação da uretra. Pode ser de causa bacteriana (gonococo, clamídia, E. Coli), de causa química (por exemplo, espermecida usado durante as relações) ou de causa traumática (cirurgias, corpo estranho).
- Orquite é um processo inflamatório e doloroso que envolve os testículos. Pode ser causado pós-caxumba, o acometimento testicular ocorre em 40 – 70% dos casos de caxumba pós-puberal;
- Prostatite é um processo inflamatório que se da próstata. Pode ser decorrente de processos infecciosos e não infecciosas. Cerca de 10% dos homens terão pelo menos um episódio de sintomas sugestivos de prostatite ao longo de sua vida.
- Criptorquidia unilateral ou bilateral, ou seja, a falta do testículo dentro da bolsa escrotal;
- torção testicular, que pode resultar em isquemia do testículo afetado e afetar a produção de espermatozoides;
- história prévia de trauma testicular;
- pacientes com câncer testicular que foram tratados com quimioterapia, radioterapia, cirurgia retroperitoneal, ou uma combinação destas técnicas. Após o tratamento, pode demorar até 5 anos para que o paciente volte a apresentar espermatozoides no seu ejaculado ou apenas nos testiculos, ou nunca mas apresentarem resultando em uma esterilidade definitiva;
- febre, viremia ou bacteremia podem causar uma disfunção testicular temporária;
- o tempo em que o paciente atingiu a puberdade, já que a puberdade precoce pode indicar a presença de uma síndrome adreno-genital, enquanto a puberdade atrasada pode indicar um hipogonadismo ou Síndrome de Klinefelter;
- história familiar de diabetes mellitus, uma vez que a diabete pode levar à ejaculação retrógrada ou à ausência da emissão seminal;
- cirurgias vesicais, pélvicas, retroperitoneais e transuretrais;
- alterações genéticas.
Existem vários tipos de processos infecciosos, tumores e malformações congênitas, que podem alterar a anatomia e obstruir os canais que transportam os espermatozóides dos testículos até ao exterior. A obstrução total ou bilateral destes canais, nomeadamente dos epidídimos e canais deferentes, pode provocar infertilidade no homem.
As DSTs como chlamydia, tricomoníase, ureaplasma e neisseria causam infecção no canal da ejaculação, podendo levar a obstrução e impedir a passagem dos espermatozóides.
Por último, problemas anatômicos ou funcionais que impedem o adequado depósito do sêmen no interior da vagina através do coito, como ocorre respectivamente com a hipospádia, os problemas de ereção, podem igualmente favorecer a infertilidade masculina.
Fatores de risco
Alguns fatores podem estar associados a infertilidade masculina:
- tabagismo;
- alcoolismo;
- uso de drogas;
- sedentarismo;
- condições sistêmicas, como diabetes e câncer e seus tratamentos, também podem prejudicar a produção de espermatozoides pelo testículo;
- exposição ocupacional a gonodotoxinas, um tipo de pesticida;
- exposição ao cádmio, chumbo e manganês;
Exame físico
A realização de um cuidadoso exame da bolsa testicular pelo médico pode trazer informações importantes para melhor nortear a conduta médica frente à infertilidade masculina. Para isso, o exame físico do homem deve ser realizado respeitando algumas regras básicas:
- ambiente com temperatura controlada (entre 23-25o C), evitando que o frio ou um calor excessivo possam atrapalhar o diagnóstico de varicocele, que é principal causa de infertilidade masculina;
- a bolsa escrotal deve ser examinada com o homem em posição de pé, sob boa iluminação natural ou com luz branca.
Ressalta-se que, durante o exame físico, o médico pode solicitar que o paciente faça um esforço respiratório mantendo a boca fechada, manobra conhecida como Valsalva, objetivando o aumento da pressão abdominal e facilitando o diagnóstico de varicocele. A aferição dos volumes testiculares, no exame, é muito importante.
Geralmente, os diâmetros dos testículos refletem a quantidade dos túbulos seminíferos, que atuam diretamente na produção de espermatozoides. Portanto, bons volumes testiculares geralmente representam uma boa quantidade de produção de espermatozoides.
O médico tem a possibilidade de detectar outras alterações durante o exame, como nódulos em testículos, obstruções nos canais deferentes por onde passa o sêmen, dilatação do epidídimo, presença de hérnia inguinal e umbilical, fimose, hidrocele e algumas doenças sexualmente transmissíveis, entre elas o HPV, sífilis e gonorréia.