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Transferência de blastocistos

Por Equipe Origen

Blastocisto é o nome do embrião quando tem de 5 a 7 dias de vida. É nesse estágio que ocorre a implantação. Aproximadamente, 55% dos embriões que estão em desenvolvimento, em laboratório, atingem esse estágio. Não se sabe qual a porcentagem dos embriões que chegam ao estágio de blastocisto dentro do útero. Hipoteticamente, o número pode chegar a 70%.

O uso da transferência de embriões em estágio de blastocisto nos tratamentos com fertilização in vitro (FIV) começou a apresentar resultados positivos de gravidez a partir dos anos de 1999/2000, e nossa clínica foi pioneira nessa técnica na América Latina.

Os motivos que estimularam o desenvolvimento da técnica de transferência de blastocisto são: transferir o embrião no momento mais próximo da implantação e, assim, ter uma possível melhor sincronia entre embrião e útero, além de ser uma forma de selecionar os embriões com mais potencial de implantação.

Entretanto, habitualmente, o embrião entra na cavidade uterina entre os dias 2 e 3 após a fecundação do óvulo. Não sabemos se os embriões que não se desenvolvem in vitro também não se desenvolveriam dentro do útero.

Colocando de outra forma: o que é melhor, o útero ou o laboratório?

Provavelmente, a resposta é: em alguns casos, o útero; em outros, não faz diferença; e, numa minoria dos casos, o laboratório (causas uterinas não anatômicas são muito raras).

Outro ponto importante a ser considerado é o risco de não desenvolver blastocistos para transferência, apesar de ter embriões disponíveis nos dias 2 e 3 (fase de clivagem). O que ocorre é que alguns embriões interrompem seu desenvolvimento antes do 5º dia, por isso é tão relevante o procedimento de cultivo embrionário em incubadora (especialmente a Geri) com observação diária de um embriologista utilizando time-lapse e inteligência artificial.

Este texto traz informações sobre o desenvolvimento embrionário, como funciona a transferência de blastocisto e quais são os outros protocolos de transferência de embriões na FIV.

Da fecundação ao estágio de blastocisto

Até chegar ao estágio de blastocisto, há outras etapas de desenvolvimento embrionário, tanto na reprodução natural quanto na assistida. A primeira célula que se forma como resultado da fecundação (união entre o espermatozoide e o óvulo) é chamada de zigoto.

No dia seguinte à fertilização do óvulo, tem início a fase de clivagem, que consiste em divisões celulares sucessivas. A cada 24 horas, as células-filhas ou blastômeros se dividem, dobrando o número total de células embrionárias.

Na reprodução natural e nas técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial), a fecundação acontece em uma das tubas uterinas e o embrião chega à cavidade do útero com 16 células ou mais.

Em estágio de mórula, o embrião fica na cavidade uterina por cerca de 2 dias, enquanto recebe fluídos do útero e continua a se desenvolver. Então, 5 a7 dias após a fecundação, o embrião encontra-se em estágio de blástula ou blastocisto, apresentando um conjunto celular numeroso.

O blastocisto é formado por dois conjuntos celulares distintos, separados por uma cavidade chamada blastocele. A massa celular interna (embrioblasto) dá origem ao embrião, enquanto a camada mais externa contém as células que formam os anexos embrionários, como a placenta.

Quando o blastocisto está completamente formado, a zona pelúcida (membrana que protege o embrião) se rompe e o embrião pode se implantar no endométrio uterino.

Desenvolvimento do blastocisto na FIV

A FIV é uma técnica realizada no contexto da reprodução assistida e apresenta altas taxas de sucesso. O processo envolvido é de alta complexidade e segue várias etapas para permitir um controle minucioso da formação de embriões fora do corpo feminino.

As etapas principais da FIV incluem:

  • uso de medicações hormonais para estimular os ovários a desenvolverem vários óvulos;
  • coleta dos óvulos a partir do procedimento de aspiração folicular;
  • coleta do sêmen e preparo seminal para obter uma amostra com espermatozoides móveis;
  • fertilização dos óvulos;
  • cultivo dos embriões durante seu desenvolvimento inicial;
  • transferência dos blastocistos ou dos embriões com 2 ou 3 dias de desenvolvimento.

Para quem tem dúvidas, é bom saber que não há interferência no processo de desenvolvimento embrionário, ou seja: tanto em concepções naturais quanto na FIV, os embriões se desenvolvem seguindo as mesmas fases.

Na FIV, os óvulos são fertilizados pelos espermatozoides em laboratório e, assim como ocorre na reprodução natural, o zigoto se forma representando a primeira célula de uma nova vida. Em seguida, os embriões passam pela fase de clivagem e, em até 7 dias, tornam-se blastocistos.

O cultivo embrionário na FIV é diariamente monitorado, o que permite identificar os embriões que podem ter chances de sobrevida se forem transferidos ou congelados em fase de clivagem, bem como verificar os que têm condições de evoluir até o estágio de blastocisto.

Em nossa clínica, utilizamos a incubadora Geri com time-lapse, um equipamento com tecnologia avançada, que mantém os embriões preservados do ambiente externo durante todo o período de cultivo, pois não é preciso abrir a incubadora para avaliá-los. Estamos também usando em alguns casos a inteligência artificial para melhor seleção.

O equipamento com time-lapse contém uma microcâmera com sistema de captação de imagens com intervalos programados (entre 5 e 20 minutos), de forma que é possível acompanhar o processo de desenvolvimento embrionário de maneira ininterrupta (24 horas por dia).

Transferência de blastocisto e outros protocolos

Durante as primeiras décadas em que a FIV foi realizada, a transferência de embriões era feita somente em fase de clivagem, seguindo os protocolos D2 e D3 (2 ou 3 dias de desenvolvimento embrionário). Esses protocolos ainda são realizados, mas a transferência de blastocistos ganhou evidência nas últimas duas décadas, motivando a realização de mais pesquisas.

Há especialistas que defendem a transferência em estágio de blastocisto, pois acreditam que dessa forma é possível selecionar melhor os embriões com potencial de implantação, principalmente quando a intenção é transferir um único embrião.

A transferência de blastocisto é um protocolo relevante em casos específicos, como diante da indicação para o teste genético pré-implantacional (PGT), que envolve a análise de células embrionárias para o rastreio de alterações nos genes e cromossomos dos embriões. 

O PGT geralmente é feito quando os embriões estão com 5 a 7 dias de desenvolvimento, ou seja, em estágio de blastocisto, pois nessa fase apresentam um bom número de células para a realização da biópsia.

Resultados

Em nossa clínica, os resultados de gravidez com transferência de blastocisto são um pouco superiores do que quando transferimos embriões nos dias 2 e 3. Contudo, quando aguardamos os embriões atingirem o estágio de blastocisto para fazermos a transferência, podemos perder até 50% deles, que poderiam ser congelados na fase de clivagem, o que não justifica utilizar sempre essa técnica, devendo se avaliar caso a caso.

Além disso, as taxas de gravidez com embriões que foram congelados são semelhantes. Portanto, o número de mulheres grávidas, considerando todas as transferências, é igual no grupo de transferência em dias 2 e 3.

A decisão sobre o momento mais adequado para fazer a transferência depende de cada caso, devendo ser considerados fatores como:

  • o número de ciclos já realizados;
  • a idade da mulher;
  • o número de embriões gerados;
  • o desejo ou não de congelamento por parte do casal;
  • o uso de outra técnica associada que demande mais tempo de cultivo, como o PGT.

Para finalizar, é oportuno mencionar que os embriões que chegam ao estágio para a transferência de blastocisto com 5 dias de desenvolvimento podem ser transferidos a fresco (no mesmo ciclo da fecundação) ou após congelamento. Já aqueles que atingem essa fase com 6 ou 7 dias são congelados para transferência em um ciclo posterior.

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