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Ooforite

Por Equipe Origen

A inflamação no ovário é conhecida como ooforite ou ovarite. É uma condição causada por bactérias que afetam o sistema reprodutor feminino, mas também podem ocorrer casos em que há um descontrole no sistema imunológico, que passa a atacar os próprios ovários.

As ooforites podem ser causadas por bactérias como os estreptococos, estafilococos, gonocócica (gonorreia) ou bacilos do grupo E. coli — em sua maioria, bactérias intestinais que migram para o aparelho reprodutor.

Em alguns casos, a inflamação no ovário pode fazer parte de uma patologia mais abrangente do aparelho reprodutor feminino, chamada doença inflamatória pélvica (DIP). Trata-se de um conjunto de afecções que podem afetar simultaneamente o endométrio (endometrite), as tubas uterinas (salpingite), o colo do útero (cervicite) e até o peritônio (peritonite).

A endometriose, pela possibilidade que tem de gerar glândulas ou estromas de tecido endometriótico nos ovários, também pode tornar esses órgãos mais suscetíveis à ooforite.

Este texto traz informações sobre a ooforite, incluindo sintomas, diagnóstico e tratamento, além das possibilidades para o manejo da infertilidade feminina quando essa é uma consequência da inflamação ovariana.

Os ovários e o sistema reprodutor feminino

Os ovários são as gônadas femininas, assim como os testículos para os homens. São as glândulas sexuais, responsáveis por armazenar, desenvolver e liberar as células reprodutivas (os óvulos), além de produzir os hormônios estrogênio e progesterona.

Quando a menina nasce, os ovários já contêm todos os óvulos que poderão ser desenvolvidos e liberados ao longo de sua vida reprodutiva. Esse conjunto de células é chamado de reserva ovariana. 

A partir da puberdade, um grupo de folículos ovarianos, os quais guardam os ovócitos, é recrutado em cada ciclo menstrual sob influência de hormônios. Um dos folículos se desenvolve o suficiente para cumprir o processo de ovulação, liberando um óvulo que poderá ser fecundado.

Os ovários atuam junto com os demais órgãos do trato reprodutivo superior feminino, as tubas uterinas e o útero. Assim que o óvulo é liberado, ele é recolhido pelas fímbrias tubárias (prolongamentos que ficam na extremidade da tuba) e levado para o local da fertilização.

O óvulo é fertilizado dentro da tuba uterina, depois transportado para a cavidade do útero para se implantar no endométrio. Os hormônios ovarianos têm importante função para que a implantação embrionária aconteça: o estrogênio age na proliferação das células endometriais, deixando o tecido intrauterino mais espesso; a progesterona tem atividade secretória, inibe a ação mitótica do estrogênio e deixa o endométrio receptivo para o embrião.

Assim, os ovários têm papel fundamental na fertilidade e na saúde da mulher, de modo geral, visto que os hormônios ovarianos também são importantes para outras funções do corpo feminino. A menopausa marca a falência natural dos ovários, caracterizada pelo término das ovulações e menstruações e pela redução drástica da produção dos hormônios sexuais. 

Durante a idade reprodutiva (antes da menopausa), os ovários podem ser prejudicados por várias condições, como: ooforite; endometrioma (cisto causado por endometriose); síndrome dos ovários policísticos (SOP); falência ovariana prematura; tumores; tratamentos com quimioterapia e radioterapia; doenças autoimunes; etc.

Principais sintomas da ooforite

Essa inflamação pode ser uni ou bilateral, aguda ou crônica. Pode ser assintomática e, quando apresenta sintomas não são específicos, podendo ser confundidos com os de outras doenças do sistema reprodutor. 

Quando a ooforite acontece, os sintomas mais comuns incluem:

  • febre constante acima de 37,5°C;
  • enjoos e vômitos;
  • dor na parte inferior da barriga;
  • dor pélvica;
  • dor ao urinar;
  • desconforto durante o contato íntimo;
  • corrimento ou sangramento vaginal fora do período menstrual;
  • dificuldade para engravidar.

Tipos de ooforite

Os ovários são órgãos resistentes e se localizam em local de difícil acesso para os agentes patogênicos. Portanto, dificilmente há inflamação ovariana isolada decorrente de infecção. A ooforite de origem infecciosa costuma ser uma extensão da salpinginte, como parte da DIP.

Existem três tipos de ooforite: aguda, crônica e autoimune. Veja:

Ooforite aguda

É assim classificada quando ocorre apenas um episódio de inflamação no ovário, que normalmente é causada por consequência de bactérias (estreptococos, estafilococos, gonococos ou bacilos do grupo E. coli), atingindo um ou ambos os ovários. 

A ooforite aguda pode surgir também após um episódio de parotidite (caxumba). O tratamento é feito com antibioticoterapia e uso de anti-inflamatórios.

Ooforite crônica

A doença se apresenta de forma crônica quando tem casos de recidivas. Essa situação pode ser decorrente de inflamação nas tubas uterinas ou causada pelo refluxo do sangue da endometriose que acomete os ovários. 

Nos casos graves, que não respondem ao tratamento medicamentoso, pode ser necessária a ooforectomia (cirurgia para a retirada dos ovários). Nessa circunstância, a mulher entra em falência ovariana prematura por intervenção médica, ou seja, menopausa cirúrgica.

Ooforite autoimune

Como toda doença autoimune, essa forma de inflamação no ovário é rara e se caracteriza pelo descontrole do sistema imunológico, que ataca o próprio organismo. Na ooforite autoimune, ocorre a destruição das células do ovário, tendo como consequência o comprometimento da reserva ovariana e a infertilidade.

Exames para o diagnóstico de ooforite

O exame clínico pode ajudar na suspeita médica da ooforite, mas é preciso realizar exames complementares, uma vez que os sintomas são inespecíficos.

Além dos exames de sangue, que detectam se há um processo inflamatório em curso, é necessária a realização da ultrassonografia pélvica, abordagem diagnóstica de escolha para avaliar os órgãos do trato reprodutivo feminino.

A videolaparoscopia é útil para a confirmação do diagnóstico, já que a ooforite pode ser confundida com outras patologias, tais como apendicite, gravidez ectópica (nas tubas uterinas), cistos no ovário etc.

Quando se trata de uma extensão da inflamação tubária, o exame de histerossalpingografia também é importante para detectar anormalidades nas tubas, como a hidrossalpinge (acúmulo de líquido), condição potencialmente causadora de infertilidade.

Formas de tratamento da ooforite

Para chegar à melhor escolha de tratamento para a ooforite, é preciso considerar o tipo da doença e avaliar criteriosamente a gravidade do quadro de cada paciente, individualizando a intervenção.

Contudo, o tratamento normalmente utilizado para os casos de ooforite é o combate à inflamação no ovário. Isso é feito com a administração de antibióticos orais e anti-inflamatórios, assim como comprimidos e supositórios vaginais.

Já nos casos de inflamação grave e crônica dos ovários, o tratamento deve ser realizado em âmbito hospitalar. A medicação normalmente utilizada também é a base de antibióticos sob a forma de injeções e a administração de anti-inflamatórios.

Antes de iniciar o tratamento, é preciso que seja feito um esfregaço vaginal e alguns outros testes a fim de identificar qual o fármaco que melhor poderá combater a inflamação. Concomitantemente, é administrado um antibiótico de largo espectro.

Caso seja necessário realizar uma cirurgia para remover o ovário gravemente afetado, a abordagem preferencial é a videolaparoscopia. Se somente um ovário for retirado, o órgão contralateral mantém suas funções, mas se ambos forem removidos, a mulher entra em menopausa precoce e finda suas chances de gravidez natural. 

Por isso, é essencial uma avaliação com especialista em reprodução assistida para saber a viabilidade do congelamento dos óvulos previamente à cirurgia. Felizmente, há caminhos na reprodução assistida, mesmo diante dessa condição delicada.

Possibilidades na reprodução assistida

A ooforite, como condição isolada, não é uma causa comum de infertilidade permanente. Isso pode acontecer somente se a doença não for diagnosticada e tratada de maneira correta em tempo de reverter os danos ovarianos.

No entanto, como parte de um quadro de DIP, há mais riscos de a mulher ficar infértil devido também às sequelas nos outros órgãos reprodutores, como a hidrossalpinge, que obstrui as tubas uterinas, e a endometrite, que prejudica a receptividade do endométrio uterino.

Em todas essas situações, é importante para o casal que deseja engravidar que passe por uma avaliação detalhada com profissionais especialistas em medicina reprodutiva para encontrar uma forma de superar a infertilidade.

Para pacientes com falência ovariana após a retirada dos ovários, existe a possibilidade de realizar uma fertilização in vitro (FIV) com ovodoação (doação de óvulos). Assim, mesmo que a mulher não tenha mais células reprodutivas próprias, ela pode viver a experiência da gestação.

Procure um ginecologista de confiança diante de qualquer suspeita a fim de identificar e combater a ooforite o quanto antes — bem como outras afecções ginecológicas —, pois essa doença tem consequências sérias e pode levar as mulheres à infertilidade.

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