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Transferência de embriões congelados

Por Equipe Origen

A criopreservação ou congelamento é uma técnica aplicada para conservar embriões (além de óvulos e sêmen) em temperaturas extremamente baixas (-196oC) para que possam ser transferidos para o útero posteriormente, nos tratamentos para conseguir uma gravidez. Esses embriões são formados em ciclos de fertilização in vitro (FIV) ou FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).

As técnicas de reprodução assistida passaram por muitos avanços desde o primeiro nascimento bem-sucedido por FIV, em 1978. Inicialmente, os tratamentos eram feitos somente com transferência de embriões a fresco, isto é, transferidos para o útero no mesmo ciclo em que foram gerados. Anos depois, a transferência de embriões congelados começou a ser realizada, ampliando as possibilidades da medicina reprodutiva.

O aprimoramento das técnicas de criopreservação, como a vitrificação, favoreceu os tratamentos que requerem o congelamento de gametas e embriões para uso futuro. As taxas de gravidez com a transferência de embriões a fresco e congelados são semelhantes, mas por vezes é indicado criopreservá-los para que sejam transferidos em um ciclo posterior.

Este texto mostra em quais situações a transferência de embriões congelados é indicada e como a técnica é realizada.

Os embriões congelados podem ser utilizados para quais fins?

Os embriões podem ser criopreservados quando excedentes, isto é, quando o número de embriões de boa qualidade é maior que o número a ser transferido, ou quando existe uma impossibilidade de a transferência ser feita no ciclo a fresco, assim todos os embriões são criopreservados para serem transferidos em ciclo posterior (esse método é chamado freeze-all).

Os embriões congelados podem ser utilizados nas seguintes situações:

Tentativa de nova gravidez

Para aquelas mulheres que conseguiram a gravidez, mas querem ter mais filhos e tiveram embriões excedentes, pode-se realizar uma nova transferência utilizando os embriões criopreservados, portanto, sem precisar que a paciente seja submetida a uma nova etapa de indução da ovulação e punção folicular.

A estimulação ovariana com indução da ovulação é uma etapa fundamental da FIV. Contudo, demanda altas doses de medicação hormonal (embora com baixíssimos índices de efeitos colaterais), de forma que a transferência de embriões congelados para uma segunda tentativa de gravidez é vantajosa, pois priva a mulher desse processo, avança o tratamento de reprodução para a etapa final e reduz significativamente o custo.

Nova tentativa diante de falhas

Ter embriões congelados também é de extrema importância quando há necessidade de novas tentativas para aquelas mulheres que não conseguiram a gravidez na transferência em ciclo a fresco. Da mesma forma que na situação citada acima, isso evita que a paciente seja submetida a uma nova indução da ovulação e punção folicular.

Embora a FIV seja uma técnica com altos índices de sucesso, falhas podem acontecer. Por isso, quanto mais embriões saudáveis forem gerados e congelados, mais possibilidades a mulher terá para tentar chegar ao almejado resultado positivo de gravidez.

Transferência após freeze-all 

O congelamento de todos os embriões para transferência no ciclo seguinte é indicado em algumas situações, por exemplo, quando houve impossibilidade de transferência em ciclo a fresco pelo risco de síndrome de hiperestímulo ovariano (SHO) ou por outra condição que pudesse reduzir a receptividade endometrial e a chance de implantação embrionária e gravidez.

O freeze-all também pode ser necessário quando o casal tem indicação para o teste genético pré-implantacional (PGT), que tem a finalidade de rastrear anormalidades nos genes e cromossomos dos embriões.

Tentativa de gravidez após preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade consiste no congelamento de gametas ou embriões para que, no futuro, seja dada continuidade ao tratamento de reprodução com FIV. É indicada para mulheres que decidem adiar a maternidade, bem como para mulheres e homens que vão realizar tratamentos oncológicos ou cirurgias nas gônadas (ovários e testículos), entre outras situações.

Assim, quando é feita a opção pelo congelamento de embriões como forma de preservação da fertilidade, a continuidade do tratamento envolve apenas o descongelamento e a transferência dos embriões quando o casal decide engravidar.

Tratamento de reprodução com embriões doados

O casal que gera embriões excedentes e não tem intenção de ter mais filhos pode doar seus embriões congelados para pessoas/casais que não conseguem engravidar com gametas próprios.

A doação de embriões, bem como a ovodoação e a doação de sêmen, amplia as oportunidades no contexto da reprodução assistida, tornando possível o sonho de gravidez diante de condições mais complexas de infertilidade, como a ausência de células reprodutivas.

Pesquisa de células-tronco embrionárias

Por fim, os embriões congelados podem ser utilizados em estudos científicos. O casal pode autorizar a doação do material para instituições de pesquisa de células-tronco embrionárias.

Antes da geração dos embriões, os pacientes devem ser devidamente esclarecidos e orientados quanto ao destino que será dado a eles. Assim, podem manifestar sua decisão referente às situações de divórcio e falecimento, tal como em relação à possibilidade de doar os embriões para pesquisas ou para outros casais em tratamento de reprodução. 

Como é feito o congelamento de embriões?

A criopreservação de embriões é realizada após quase todas as etapas da FIV, restando somente o procedimento de transferência para um ciclo posterior. O passo a passo que antecede o congelamento embrionário inclui:

  • estimulação ovariana para obter um bom número de óvulos;
  • coleta dos óvulos e do sêmen;
  • preparo seminal com técnicas de capacitação espermática, que ajudam a selecionar os espermatozoides com motilidade;
  • fertilização dos óvulos;
  • cultivo dos embriões durante os primeiros dias de desenvolvimento, os quais são monitorados continuamente em incubadora.

Depois de todas essas etapas, os embriões são criopreservados com segurança. Os procedimentos de criopreservação evoluíram nos últimos anos e continuam a evoluir. Com a antiga técnica chamada de congelamento lento, a probabilidade de gravidez era menor do que com a transferência de embriões a fresco.

A criopreservação de embriões tornou-se mais simples e mais eficaz com o surgimento da técnica de vitrificação, que conserva muito bem a qualidade embrionária. O índice de sobrevivência após o descongelamento é superior a 90%. Além disso, o índice de gravidez com embriões vitrificados tem se revelado igual ou até superior ao índice de gestações resultantes de transferência de embriões a fresco. As taxas de sucesso podem superar os 50%.

A vitrificação é um método de congelamento ultrarrápido com uso de grandes quantidades de substâncias crioprotetoras, que ajudam a proteger as células, evitando a formação de cristais de gelo. Desse modo, não há danos intracelulares e os embriões mantêm sua qualidade e potencial de implantação após o descongelamento.

Quando a paciente opta pelo congelamento, tanto de óvulos quanto de embriões, ela está optando por não passar novamente pela primeira fase de um tratamento de reprodução assistida, a estimulação ovariana.

A grande vantagem de não passar novamente pelo procedimento de estimulação é a diminuição acentuada dos custos, além de evitar os sintomas e o mal-estar, que podem raramente ser causados pela administração de altas doses de hormônios.

Há riscos associados à transferência de embriões congelados?

Como foi dito acima, não há riscos para os embriões, pois o método de vitrificação permite a preservação da qualidade embrionária. Podemos dizer que os riscos são como os da FIV com transferência a fresco, por exemplo: falha de implantação e resultado negativo; ou gestações múltiplas, ainda que gestações gemelares ocorram em menos de 10% dos casos e gestações de trigêmeos em menos de 1%. 

Nos tratamentos atuais, é possível realizar a transferência de um único embrião para evitar uma gravidez gemelar, principalmente nos casos em que é realizado o PGT-A (teste genético para o rastreio de aneuploidias), pois assim é possível transferir um embrião sem alterações cromossômicas que poderiam prejudicar o processo de implantação embrionária.

Outro risco normalmente comentado — mas que não se aplica à transferência de embriões congelados — é o de síndrome do hiperestímulo ovariano, que se trata de uma complicação do processo de estimulação ovariana realizada em ciclos de FIV. 

Nos casos em que existe uma excessiva resposta ovariana à estimulação (mais de 20 folículos), ocorre uma produção muito elevada de hormônio estrogênio. Quando esses níveis elevados de estrogênio entram em contato com o hormônio da gonadotrofina coriônica (hCG), desencadeia a síndrome.

Atualmente, existe uma estratégia terapêutica específica para impedir que essa síndrome ocorra. Para pacientes com risco de desenvolver a SHO, substituímos o hCG, que é administrado para desencadear a maturação dos óvulos, por agonistas de GnRH. 

O que também é fundamental é que não transferimos os embriões para o útero para que não ocorra a gravidez nesse ciclo e assim não exista a elevação dos níveis de hCG da gravidez. Então, todos os embriões são congelados para serem descongelados e transferidos em ciclo posterior.

Atualmente, a SHO é extremamente rara pois há muito conhecimento médico acerca dos hormônios administrados e das doses que devem ser utilizadas. Com base nisso, temos protocolos individualizados a partir da avaliação de cada paciente. 

Quais são as taxas de sucesso da transferência de embriões congelados?

A técnica de vitrificação revolucionou o tratamento da infertilidade. Hoje, a chance de os embriões resistirem ao procedimento de congelamento e posterior descongelamento é superior a 90%, o que oferece boas perspectivas aos casais, pois torna os tratamentos mais seguros e eficazes.

As taxas de sucesso da FIV, de modo geral (com embriões congelados ou transferidos a fresco), variam muito, dependendo da idade da mulher, da qualidade dos embriões e da receptividade do útero. Em muitos casos, podem superar os 50% por tentativa.

Quando os embriões resistem ao processo de congelamento e descongelamento, a probabilidade de serem implantados no útero é a mesma que se fossem transferidos a fresco. Sendo assim, a transferência de embriões congelados é uma opção favorável em diversas situações.

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