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Ciclo menstrual e fertilidade

Por Equipe Origen

A fertilidade depende do funcionamento equilibrado do sistema reprodutor. Para isso, é preciso que os órgãos estejam com sua anatomia preservada e que os hormônios sejam produzidos em níveis adequados.

Os hormônios são substâncias químicas que funcionam como sinalizadores ou mensageiros celulares. O sistema endócrino é o responsável por coordenar as funções de diferentes órgãos por meio da produção hormonal, que ocorre nas glândulas endócrinas, como hipotálamo, hipófise, suprarrenal, ovários, testículos e tireoide.

As glândulas secretam os hormônios na corrente sanguínea e eles atingem outras partes do corpo. No local-alvo, os hormônios se ligam aos receptores e transmitem uma mensagem, estimulando as células locais a executarem suas funções.

Dessa forma, os hormônios coordenam atividades em várias partes do corpo, regulando processos como: metabolismo, crescimento das células, sono, frequência cardíaca, fome e saciedade, humor, libido, fertilidade, entre muitos outros.

Este texto apresenta o importante papel dos hormônios na fertilidade feminina e masculina, além de abordar as principais causas de disfunções hormonais e as formas de tratamento.

Papel dos hormônios no ciclo menstrual

A menstruação resulta da descamação cíclica da camada interna do útero (endométrio). Isso ocorre a partir da interação dos hormônios secretados pelas glândulas cerebrais hipotálamo e hipófise com os hormônios produzidos nos ovários, que são as glândulas sexuais ou gônadas.

Um ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e termina no dia que antecede a menstruação do ciclo seguinte. A duração média de um ciclo regular é de 28 dias, mas variações entre 25 e 32 dias são consideradas normais. 

As mulheres que menstruam com intervalos de menos de 21 ou mais de 35 dias precisam de avaliação médica, pois essas irregularidades podem estar associadas a disfunções hormonais e outras doenças. Além disso, anormalidades menstruais estão entre os indícios de infertilidade feminina.

O ciclo menstrual, portanto, é o resultado dos eventos coordenados pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano por meio de mecanismos de retroalimentação e de sua natureza cíclica. Podemos dividi-lo em três fases: 

  • folicular ou proliferativa;
  • ovulação;
  • fase lútea ou secretora.

O controle do ciclo menstrual é feito principalmente pelos hormônios produzidos na hipófise (as gonadotrofinas FSH e LH) e nos ovários (estrogênio e progesterona).

Veja o que acontece no sistema reprodutor feminino nas três fases do ciclo menstrual:

Fase folicular

O processo se inicia com a secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que é produzido no hipotálamo. Em resposta ao GnRH, a hipófise produz e libera os hormônios folículo- estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Estes influenciam diretamente os ovários, que, por sua vez, produzem os hormônios estradiol e progesterona.

A fase folicular inicia-se no primeiro dia da menstruação e dura até o pico do LH, apresentando uma duração média de 14 dias. Nessa fase, um grupo de folículos é selecionado para iniciar seu crescimento, sendo que apenas um deles chegará a completar seu desenvolvimento até atingir a ovulação, estimulado pela elevação na produção de FSH.

Durante o crescimento, os folículos ovarianos produzem o hormônio estrogênio, que inibe a produção de FSH e estimula o crescimento das células internas do útero, deixando o endométrio preparado para receber um embrião (implantação).

Ovulação

Quando o folículo dominante atinge aproximadamente 20mm de tamanho, a produção de estrogênio é alta o suficiente para estimular a produção do hormônio luteinizante, levando ao pico de LH e ao surto pré-ovulatório, que precede a ruptura do folículo ovariano (ovulação).

Além de ser responsável pela ovulação, o pico de LH induz a retomada da meiose do oócito, passando de prófase I para metáfase II. Esse fato permite que o óvulo seja fertilizado, pois passa a ter a metade do número de cromossomos (23).

Ao se unir ao espermatozoide, que tem os outros 23 cromossomos, o óvulo se transforma em uma nova célula com 46 cromossomos, chamada de zigoto. Essa célula passa por um processo contínuo de divisão celular (clivagem), formando um embrião pluricelular que poderá se implantar e se desenvolver em uma gravidez. 

A fertilização e o desenvolvimento embrionário ocorrem dentro da tuba uterina, em uma jornada em direção ao útero, onde ocorrerá a implantação.

Fase lútea

Após a ovulação, o folículo rompido passa a se chamar corpo-lúteo, tornando-se uma estrutura endócrina temporária que tem a função de produzir progesterona. Esse hormônio é responsável pelo término do preparo do endométrio para que ocorra a implantação. O LH é capaz de sustentar o corpo-lúteo por 14 dias.

Caso não ocorra a gravidez, com a diminuição fisiológica dos níveis de LH, a sustentação do corpo-lúteo será interrompida, com consequente queda nos níveis de estrogênio e progesterona, seguida da descamação do endométrio (menstruação).

Caso se concretize a gravidez, o corpo-lúteo recebe o estímulo da gonadotrofina coriônica humana (hCG), secretada pelas células do embrião recém-implantado, que age de forma semelhante ao LH, sustentando o corpo-lúteo e impedindo a sua involução. 

Com a manutenção do corpo-lúteo, persiste a secreção de estrogênio e progesterona, que estimulam o endométrio a se manter receptivo à implantação embrionária. O hCG sustenta a atividade lútea até que a placenta assuma a produção dos esteroides, entre a 8a e a 12a semana de gestação.

Então, como é percebido, o ciclo menstrual ou ciclo reprodutivo feminino é complexo e sofre a influência de diversos hormônios e entre eles são muitas variáveis que devem ser estudadas profundamente para verificar seu perfeito funcionamento em cada parte do ciclo. 

Um pequeno desequilíbrio de hormônios em qualquer uma das fases do ciclo menstrual pode prejudicar a fertilidade e ser a causa de não ocorrer uma gestação natural. Diante disso, é importante conversar com um médico especialista, pois somente por meio de exames específicos é possível verificar as concentrações hormonais em cada etapa do ciclo.

Hormônios na fertilidade masculina

Compreender a importância dos hormônios também é necessário quando falamos de fertilidade masculina. Assim como nas mulheres, o sistema reprodutor dos homens precisa de equilíbrio hormonal para funcionar corretamente, garantindo a produção de espermatozoides e outras funções fundamentais.

O principal hormônio masculino é a testosterona, produzida nos testículos, que são as gônadas ou glândulas sexuais do homem. Esse hormônio estimula a produção das células reprodutivas ou gametas (os espermatozoides), além de agir no desenvolvimento e na manutenção das características masculinas, como crescimento de pelos faciais e corporais, aumento de massa muscular, engrossamento da voz e potência sexual.

Níveis reduzidos ou muito elevados de testosterona podem afetar a produção e a qualidade dos gametas, assim como podem ter consequências na saúde sexual do homem, reduzindo a libido e a capacidade de ereção.

A testosterona não age sozinha no sistema reprodutor masculino. Também é o eixo hipotálamo-hipófise que inicia o controle da fertilidade do homem. O FSH e o LH são gonadotrofinas, ou seja, estimulam o funcionamento das gônadas, portanto, são eles que levam os testículos a produzirem testosterona e, por consequência, garantem a quantidade e a qualidade necessárias dos espermatozoides.

Além do FSH e do LH, que atuam diretamente sobre as gônadas, há hormônios produzidos em outras glândulas endócrinas que participam da regulação das funções reprodutivas, como a tireoide e as suprarrenais ou adrenais. Portanto, é necessário um equilíbrio de todo o sistema endócrino para que a produção de testosterona seja normal.

Disfunções hormonais e infertilidade

Níveis alterados de hormônios podem estar relacionados a doenças do sistema endócrino ou fatores do estilo de vida. Os distúrbios hormonais estão entre as principais causas de redução da fertilidade, visto que interferem no funcionamento de todo o sistema reprodutor.

Na mulher, a endocrinopatia que mais provoca infertilidade é a síndrome dos ovários policísticos (SOP), caracterizada por altos níveis de hormônios andrógenos (hiperandrogenismo), como a testosterona, o que afeta a secreção de FSH e o desenvolvimento dos folículos ovarianos, levando à anovulação crônica (ausência de ovulação).

Em mulheres e homens, as causas de distúrbios hormonais incluem:

  • doenças da tireoide, como o hipotireoidismo;
  • diabetes;
  • obesidade;
  • tratamentos oncológicos (quimioterapia);
  • uso de drogas, esteroides anabolizantes e alguns tipos de medicamentos;
  • tabagismo e consumo excessivo de álcool; 
  • exercícios físicos em excesso;
  • transtornos alimentares, como anorexia;
  • disfunções ou tumores na hipófise;
  • hiperprolactinemia;
  • hiperplasia suprarrenal.

Tratamento medicamentoso e reprodução assistida

A dificuldade para engravidar, quando persiste por um ano ou mais de tentativas, deve motivar a busca por avaliação médica. A mulher passa por exames que incluem dosagens hormonais, ultrassonografia pélvica e histerossalpingografia.

A fertilidade do homem é avaliada pelo espermograma, que pode detectar alterações no número (concentração) ou na qualidade (morfologia e motilidade) dos espermatozoides. Caso após a repetição do exame se confirmem características seminais irregulares e infertilidade masculina, é preciso aprofundar a investigação das causas com dosagens hormonais, ultrassom escrotal e outros métodos.

O tratamento da infertilidade decorrente de desequilíbrios hormonais pode envolver uma conduta simples, incluindo mudanças no estilo de vida e uso de medicamentos para controlar as condições subjacentes e normalizar a produção de hormônios.

Na reprodução assistida, também são encontradas técnicas, simples e complexas, para superar os problemas de fertilidade, as quais incluem: indução da ovulação, relação sexual programada, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV). A escolha da técnica é baseada nos resultados da avaliação completa de cada casal.

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