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Reversão de laqueadura

Por Equipe Origen

A laqueadura é o procedimento cirúrgico que faz o bloqueio das tubas uterinas (trompas) utilizando métodos variados, como eletrocoagulação, clipes e pontos cirúrgicos. O objetivo é impedir o encontro do óvulo com os espermatozoides para evitar a gravidez. Por sua vez, a reversão de laqueadura é a cirurgia para desfazer esse bloqueio tubário.

As tubas uterinas são órgãos do trato reprodutivo superior feminino e são fundamentais para o processo natural de reprodução humana. São dois tubos que fazem a ligação entre os ovários e o útero, tendo a função de captar o óvulo e levá-lo para ser fertilizado. A fecundação ocorre dentro da tuba e, depois disso, o embrião é transportado para a cavidade uterina.

Com a reversão de laqueadura, o objetivo é desobstruir as tubas uterinas e liberar a passagem para que os espermatozoides encontrem o óvulo e realizem a fertilização. Da mesma forma, a desobstrução tubária é necessária para que o embrião seja devidamente conduzido até o útero, permitindo a implantação embrionária e a gravidez.

A reversão cirúrgica depende de como a laqueadura foi feita, do dano causado às trompas, do tempo decorrido desde a cirurgia e da idade da mulher. Existem chances de sucesso, mas as indicações são limitadas, portanto, cada caso deve ser bem avaliado, considerando todos esses fatores.

Este texto traz importantes informações sobre a cirurgia de reversão de laqueadura, suas indicações e chances de sucesso, além de apresentar alternativas encontradas na reprodução assistida.

Quando a reversão de laqueadura pode ser realizada?

De acordo a Lei do Planejamento Familiar, a laqueadura — assim como a vasectomia para os homens — pode ser realizada por pessoas com idade mínima de 21 anos ou que já tenham ao menos dois filhos vivos. Além disso, não é mais exigido o consentimento do cônjuge, de modo que a mulher tem autonomia para optar pela esterilização.

Sendo assim, após ter filhos, muitas mulheres buscam a laqueadura por se tratar de uma forma de contracepção segura e definitiva. No entanto, há diversas opções de métodos contraceptivos reversíveis, também com alto índice de eficácia e proteção de longa duração.

É importante que as mulheres tenham acesso a essas informações e sejam conscientizadas sobre as consequências da laqueadura e sobre suas alternativas, antes de se submeterem à cirurgia. Isso porque, depois de alguns anos, é comum surgir o arrependimento e a vontade de ter mais filhos, especialmente quando a mulher deseja formar família com um novo companheiro e passou pela esterilização ainda jovem.

A vida fértil da mulher se prolonga ainda que de forma declinante até em torno dos 40 anos. Veja que a lei da laqueadura permite o procedimento para mulheres jovens, com 21 anos. Há uma janela de aproximadamente 20 anos para que a mulher passe por mudanças na vida — separação, novos relacionamentos ou até a perda de um filho, por exemplo.

Diante desses fatos e do desejo de vivenciar novamente a maternidade, a reversão de laqueadura é uma possibilidade. Contudo, a paciente e seu parceiro devem ser avaliados para que a cirurgia seja bem indicada, considerando as chances de gravidez após o procedimento.

Para quem a reversão de laqueadura é indicada?

reversão de laqueadura não garante que a mulher consiga engravidar, pois há outros fatores que interferem nisso. A paciente que busca a técnica precisa verificar se tem boas condições para alcançar a gravidez.

É importante avaliar se não existem outras alterações que possam levar à infertilidade para que não se realize uma cirurgia que não funcionará por outros motivos. Essa avaliação prévia deve incluir exames do casal, em busca de fatores femininos e masculinos que possam interferir nas chances de gravidez após a reversão de laqueadura.

Entre os critérios para a indicação, estão: a mulher deve ter até 35 anos de idade; a cirurgia deve ter sido feita há, no máximo, 5 anos; e a técnica que foi usada na cirurgia deve permitir a reversão.

Não existem, no entanto, indicações ou contraindicações definitivas para a reversão de laqueadura. O mais importante é que a avaliação seja individualizada, tendo em vista as condições de saúde, o prognóstico reprodutivo e as expectativas do casal.

Como a reversão de laqueadura é feita?

O procedimento cirúrgico para reversão de laqueadura é chamado de recanalização ou reanastomose tubária. Atualmente, a cirurgia é mais realizada por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva, mas também pode ser feita por laparotomia (abertura da cavidade abdominal).

Como a tuba uterina mede entre 3 mm e 5 mm de diâmetro, é feita uma microssutura para religar os canais. No entanto, antes de serem feitos os pontos para ligar os dois lados, é necessário testar se a tuba uterina está aberta. Para isso, injeta-se pelo útero uma solução de soro com corante azul.

Para que a reversão de laqueadura possa ser feita com sucesso, a porção final da tuba uterina (fímbrias) deve ter sido preservada durante a cirurgia de ligadura e a tuba uterina não pode estar doente ou dilatada.

Durante a cirurgia de reversão, para que a irrigação sanguínea dos tecidos melhore, a região da cicatriz da laqueadura é extraída.

Complicações pós-cirúrgicas são raras, mas depois de toda e qualquer cirurgia é importante seguir as recomendações médicas e ter atenção a sintomas de infecção, como dor intensa, secreção no local das incisões e febre.

Os casais que não desejam mais de um filho devem avaliar a necessidade do uso de métodos contraceptivos depois da reversão e do parto.

Quais são as chances de gravidez após a reversão da laqueadura?

A cirurgia de reversão da laqueadura é realizada para retirar o bloqueio das duas trompas que impede a efetivação da gravidez. No entanto, a reversão não garante que uma gravidez ocorra. Inclusive, há casos de cirurgias que afetam, mutilam ou mesmo inviabilizam a trompa para uma nova fecundação.

Assim, é possível que uma mulher engravide depois de realizar a reversão de laqueadura, mas isso também depende das condições gerais de sua saúde reprodutiva, bem como a de seu parceiro, e do procedimento realizado.

O índice de sucesso varia entre 8% e 40% em casais que não apresentavam distúrbios de fertilidade antes da realização da laqueadura. Portanto, as chances de uma gravidez natural depois da reversão estão relacionadas às condições de saúde e à idade da mulher.

A idade feminina é um fator determinante para as chances de gravidez, pois ocorre o envelhecimento ovariano com o passar dos anos e, com isso, a redução na qualidade dos óvulos, aumentando o risco de formar embriões frágeis e com anormalidades cromossômicas. Além disso, a diminuição na quantidade de óvulos dificulta os tratamentos de reprodução assistida.

Quanto aos riscos da reversão de laqueadura, vale mencionar que as mulheres que se submetem à cirurgia têm um risco aumentado de ter uma gravidez ectópica. Nessa condição, a gestação se inicia fora do útero, geralmente na tuba uterina, pois o embrião não é devidamente transportado para o local de implantação.

É possível engravidar sem fazer a reversão de laqueadura?

A reprodução assistida é uma alternativa para as mulheres que não têm bom prognóstico com a reversão de laqueadura. Quando os casais apresentam outros problemas de infertilidade, como uma baixa quantidade de espermatozoides, idade feminina acima de 35 anos ou a cirurgia foi feita há mais de 5 anos, a melhor opção é a fertilização in vitro (FIV).

Com a FIV, realiza-se a estimulação ovariana e a coleta dos óvulos e espermatozoides para formar embriões fora do útero, em laboratório. Depois de alguns dias de desenvolvimento em incubadora, um ou mais embriões são transferidos para o útero ou congelados para a transferência no ciclo seguinte. As taxas de sucesso são mais elevadas que a cirurgia, assim como o tempo necessário para a obtenção da gravidez é bem menor.

Como os embriões são colocados diretamente na cavidade uterina, as tubas não cumprem sua função no processo reprodutivo pela FIV. Sendo assim, mesmo as mulheres que são estéreis devido à laqueadura tubária podem engravidar sem realizar a cirurgia de reversão.

Outro fator que o casal deve considerar é o custo-benefício dos procedimentos. Isso porque quando o casal precisa pagar pela cirurgia de reversão de laqueadura e não obtém sucesso, terá posteriormente outros custos com o tratamento de reprodução assistida. Então, conforme os resultados da avaliação geral da fertilidade do casal, pode ser mais econômico e vantajoso optar diretamente pela FIV.