A fertilidade feminina é bastante complexa e depende de vários processos que ocorrem no ciclo menstrual. Um deles é a formação dos folículos ovarianos e seu posterior rompimento, quando há a liberação do óvulo para ser fertilizado por um espermatozoide. Os resíduos do folículo rompido formam o chamado corpo-lúteo.
A estrutura lútea tem a importante função de liberar hormônios que mantêm as condições uterinas necessárias para a implantação do embrião. Desse modo, há uma relação direta entre corpo-lúteo e fertilidade.
Continue a leitura para entender melhor o papel do corpo-lúteo e saber como possíveis problemas podem ser manejados para possibilitar uma gestação!
O que é corpo-lúteo?
O corpo-lúteo é uma estrutura endócrina temporária, que se forma a partir dos resíduos celulares do folículo que se rompe para liberar o óvulo no processo de ovulação. Ele é responsável por secretar estrogênio e altas doses de progesterona.
Caso ocorra a implantação de um óvulo fecundado, o corpo-lúteo fornecerá o suporte hormonal necessário para manter a camada que reveste o útero (endométrio) receptiva para o embrião. Essa importante função só cessa em torno da 12ª semana de gestação, aproximadamente, quando a placenta já formada assume a secreção dos hormônios reprodutivos.
Como acontece a formação do corpo-lúteo no ciclo menstrual?
A formação do corpo lúteo se dá na metade do ciclo menstrual, que é dividido nas fases folicular, ovulatória e lútea. Todo esse processo cíclico envolve atividades do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, estruturas que liberam os quatro principais hormônios que regulam o sistema reprodutor feminino:
- o estrogênio e a progesterona, secretados sobretudo pelos ovários;
- o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), secretados pela hipófise, que é estimulada pelo hipotálamo.
Fase folicular
No início do ciclo menstrual, marcado pelo primeiro dia da menstruação, há a descamação da superfície do endométrio, eliminada pelo corpo na forma de sangramento vaginal. Esse é o sinal de que não houve uma gravidez.
Uma nova preparação do corpo se inicia com a atividade hipotalâmica, que induz a hipófise a liberar o FSH para desenvolver folículos ovarianos, estruturas que guardam os óvulos. Em seguida, há a liberação do LH, que desencadeia a fase ovulatória.
Fase ovulatória
Quando o LH alcança seu pico, o folículo que mais se desenvolveu na fase anterior se rompe, liberando o óvulo que abrigava. Inicia-se então o chamado período fértil da mulher, quando o gameta feminino pode ser captado pela tuba uterina e assim apresenta a possibilidade de ser fecundado pelo gameta masculino, o espermatozoide.
Fase lútea
Logo após a ovulação, os resíduos do folículo rompido começam a dar forma ao corpo-lúteo, que passará a produzir altos níveis de progesterona. Esse é o hormônio que mantém o endométrio receptivo para a implantação do embrião no útero.
Se não houver um óvulo fecundado para se implantar no endométrio uterino, o corpo-lúteo se degenera. Assim, a queda nos níveis de progesterona desencadeia a descamação endometrial e a consequente menstruação, possibilitando que se inicie um novo ciclo e uma nova tentativa de gravidez.
Qual é a relação entre corpo-lúteo e fertilidade feminina?
Existem muitas causas para a infertilidade feminina, muitas delas relacionadas a problemas em qualquer dos processos que ocorrem durante o ciclo menstrual, como as disfunções ovulatórias.
Desse modo, há uma relação direta entre corpo-lúteo e fertilidade, devido à grande relevância de sua função para o sucesso da implantação do embrião no útero. Deficiências na atividade dessa estrutura são responsáveis por prejudicar a capacidade reprodutiva, justamente porque níveis de progesterona baixos impedem a receptividade endometrial e, portanto, reduzem as chances de uma implantação embrionária bem-sucedida.
Esse quadro em que o corpo-lúteo não secreta progesterona em quantidade suficiente é chamado de insuficiência lútea. Se o casal encontra dificuldades para engravidar espontaneamente, é preciso avaliar a função lútea, entre vários outros aspectos.
Como a reprodução assistida pode ajudar no tratamento da infertilidade?
As técnicas de reprodução assistida contribuem para superar diferentes fatores de infertilidade feminina e masculina. Elas podem ser de baixa complexidade, quando a fecundação ocorre no corpo da mulher, ou de alta complexidade, com a fertilização em laboratório.
A escolha da técnica depende da avaliação de cada caso, pois se relaciona à gravidade da infertilidade. Seja qual for a técnica, a reprodução assistida envolve os mesmos processos de uma gravidez espontânea, com a diferença de que há um controle das etapas que antecedem a implantação dos óvulos fecundados no útero.
Isso significa que o bom funcionamento do corpo-lúteo também é necessário na reprodução assistida. Caso haja alguma deficiência, a paciente precisa receber suporte à fase lútea com medicações à base de progesterona.
Essa suplementação hormonal também é necessária para melhorar a receptividade endometrial, mesmo quando inicialmente não havia nenhum problema com o corpo-lúteo.
Em tratamentos como a fertilização in vitro (FIV), há uma intensa estimulação ovariana, com o objetivo de se obter um bom número de óvulos. Assim, o excesso de hormônios exógenos pode interferir na fase lútea e levar a uma deficiência de progesterona. A suplementação promove o restabelecimento do equilíbrio hormonal.
Como vimos, há uma relação necessária entre corpo-lúteo e fertilidade. Essa estrutura é formada a partir do rompimento folicular e cumpre um papel de alta relevância na manutenção inicial da gestação.
Leia outro texto e entenda mais sobre as causas de infertilidade feminina!