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Doadores de gametas e fenótipo: qual é a relação?

Por Equipe Origen

Publicado em 15/12/2023

A doação de gametas é uma alternativa valiosa para pessoas que não podem gerar filhos com seu próprio material genético, por diferentes razões. O fenótipo é um dos conceitos importantes a considerar nos tratamentos de reprodução assistida com gametas de doadores.

Fenótipo é um termo referente às características observáveis dos indivíduos, isso inclui traços físicos, aspectos morfológicos e fisiológicos e até alguns elementos comportamentais. Exemplos de características fenotípicas são: cor dos olhos, tom da pele, cor e tipo de cabelo, estatura, entre outras.

No contexto da doação de gametas, o fenótipo é um tema que merece atenção, pois reúne os traços visíveis que a criança vai herdar. Há, inclusive, normas éticas para a escolha adequada dos doadores, de acordo com as próprias características do casal que buscou os serviços de reprodução assistida.

Leia este texto e entenda a relação entre doadores de gametas e fenótipo!

Como funciona a doação de gametas na reprodução assistida?

O desenvolvimento de uma nova vida depende, primeiramente, da união entre um gameta masculino (espermatozoide) e um feminino (óvulo).

O homem produz espermatozoides por muito tempo, até muito depois dos 50 anos, embora a qualidade das células reprodutivas possa reduzir com o avanço da idade. Contudo, há várias doenças que podem alterar a produção ou a qualidade dos gametas.

A mulher já nasce com o número total de óvulos que poderá usar ao longo da vida, chama-se reserva ovariana. Em cada ciclo menstrual, um grupo de folículos ovarianos começa a se desenvolver e um óvulo amadurece, sendo liberado na ovulação. Assim como no caso dos homens, a quantidade ou a qualidade dos gametas femininos pode ser impactada por diversas condições.

Entenda em quais situações as pessoas podem contar com doação de sêmen, óvulos e embriões para ter um filho:

Doação de sêmen

A doação de sêmen pode ocorrer em duas técnicas da reprodução assistida: a inseminação artificial ou a fertilização in vitro (FIV). A escolha do tratamento depende das condições gerais do casal, considerando a idade da mulher, sua permeabilidade tubária, entre outros fatores.

A inseminação artificial ou intrauterina é feita com a introdução de uma amostra de esperma no útero da paciente, após passar por técnicas de preparo seminal. A fecundação acontece na tuba uterina, assim como na reprodução natural. O tratamento pode necessitar ou não de estimulação ovariana para favorecer o desenvolvimento dos óvulos.

A FIV é uma técnica mais complexa. Todas as etapas iniciais do processo de concepção são feitas em ambiente laboratorial controlado, inclusive a fecundação. Depois de alguns dias de pré-desenvolvimento, os embriões são colocados no útero da paciente.

A doação de sêmen é indicada para:

  • casais com distúrbios graves na produção dos gametas masculinos, e que não têm sucesso com outras intervenções, como a recuperação espermática;
  • casais homoafetivos femininos;
  • mulheres solteiras que querem engravidar de forma independente.

Doação de óvulos ou ovodoação

A doação de óvulos é possível somente na FIV. É indicada quando:

  • a mulher tem idade avançada e não tem mais óvulos ou os que ainda tem apresentam qualidade insuficiente para formar bons embriões;
  • a mulher não tem mais óvulos porque teve menopausa precoce — que ocorre antes dos 40 anos, por razões desconhecidas (idiopática), alterações genéticas ou intervenções médicas, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias ovarianas;
  • casais homoafetivos masculinos;
  • existe alto risco de transmitir doenças genéticas para os descendentes — embora a maior parte das alterações gênicas e cromossômicas possa, atualmente, ser evitada com o teste genético pré-implantacional (PGT).

Existem duas formas de realizar a ovodoação: voluntária, quando a doadora cede seu material biológico como um gesto solidário; compartilhada, quando doadora e receptora estão em tratamento com FIV, por indicações diferentes, e compartilham tanto dos óvulos quanto dos custos médicos.

Doação de gametas e fenótipo: o que deve ser considerado?

A relação entre doadores de gametas e fenótipo é justificada pela preocupação em gerar um filho que tenha, na medida do possível, semelhanças físicas com seus pais.

A herança genética vem dos doadores, mas esse não é o único ponto que merece reflexão. É importante lembrar que fatores ambientais também influenciam o fenótipo.

Podemos considerar o conceito de epigenética, que envolve mudanças na expressão dos genes (sem alterar a cadeia de DNA), conforme estímulo ambiental. Isso é relevante nos casos de gravidez com doação de gametas, pois muitas características podem ser adquiridas dos pais não genéticos na interação da criança com o meio em que vive.

Ainda assim, a maioria dos casais espera reconhecer características próprias em seus filhos. Para evitar que seja gerada uma criança com traços muito diferentes de seus pais, algumas normas éticas são estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A resolução 2.320/2022 determina que:

  • as clínicas que recebem o material de doadores de gametas devem manter um registro com todos os dados importantes, incluindo condições clínicas e descrição do fenótipo;
  • em caso de ovodoação compartilhada, a escolha da doadora de óvulos é de responsabilidade do médico assistente, que, dentro do possível, deve selecionar alguém que tenha semelhança fenotípica com a receptora;
  • quando os casais utilizam banco de gametas, é deles a responsabilidade pela seleção dos doadores.

Aproveitando que falamos, neste texto, sobre doadores de gametas e fenótipo, é oportuno esclarecer uma dúvida que muitas pessoas têm: não é permitido escolher o sexo ou outras características fenotípicas ao gerar um filho por reprodução assistida. O PGT, que é uma ferramenta de análise dos embriões, é empregado exclusivamente para rastrear alterações gênicas e cromossômicas que possam acarretar falhas reprodutivas ou síndromes.Continue adquirindo informações com a leitura do texto sobre doação de sêmen!