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O que é aneuploidia e qual a relação com a fertilidade?

Por Equipe Origen

Publicado em 18/07/2022

Aneuploidia e euploidia são conceitos de genética e têm importante relação com a fertilidade. São termos que se referem à constituição cromossômica numérica de um indivíduo ou de um embrião.

Para falar sobre aneuploidia e fertilidade, também precisamos falar sobre o cariótipo — o conjunto de cromossomos presentes nos núcleos das células, os quais contêm todas as informações genéticas que determinam as características de uma pessoa.

Na avaliação do casal infértil, um dos exames básicos que podem ser solicitados é justamente a cariotipagem, com a finalidade de rastrear alterações cromossômicas estruturais ou numéricas. Algumas dessas anormalidades são evidenciadas por características físicas ou intelectuais específicas, enquanto outras são imperceptíveis, mas podem afetar algumas funções do organismo, inclusive as do sistema reprodutor.

Acompanhe este texto para entender o que é cariótipo, o que é aneuploidia e qual sua relação com a fertilidade. Veja também quais técnicas da reprodução assistida são indicadas quando o casal apresenta riscos de formar embriões com alterações cromossômicas.

O que é cariótipo?

Cariótipo é o conjunto diploide de cromossomos presentes nas nossas células. Todas as espécies apresentam um cariótipo que garante suas características específicas. O ser humano tem um conjunto de 23 cromossomos — 22 pares autossômicos e 1 par que define o sexo biológico do indivíduo.

O cariótipo de uma pessoa é definido desde a formação do embrião. Quando os gametas (óvulo e espermatozoide) se unem, ocorre a fusão cromossômica. Assim, o zigoto, que é a primeira célula de um novo ser, recebe 23 cromossomos da célula masculina e 23 da feminina, formando um DNA exclusivo.

Um ser humano, então, tem seu cariótipo definido pela fórmula 46, XY para homens e 46, XX para mulheres. Entretanto, alterações no número ou na estrutura dos cromossomos pode acarretar o desenvolvimento de uma criança com síndromes ou formar embriões que não têm a qualidade necessária para se implantar no útero e levar a gestação a termo.

Assim, o exame do cariótipo é importante para o casal que está tentando engravidar, pois possibilita a identificação de alterações numéricas ou estruturais (inversões, deleções, translocações e mosaicismo) nos cromossomos do homem e da mulher.

Dessa forma, se a infertilidade conjugal é causada por problemas cromossômicos ou se houver o risco de formar embriões com anormalidades, o casal passa por aconselhamento genético e recebe indicação para técnicas específicas de reprodução assistida — sobre as quais falaremos logo adiante.

O que é aneuploidia?

Aneuploidia é uma alteração cromossômica numérica, caracterizada pela presença de cromossomos a mais ou a menos no cariótipo. Um exemplo bastante conhecido é a síndrome de Down, ou trissomia 21, na qual existem três repetições do cromossomo 21 ao invés de um par destes.

Também podemos mencionar as síndromes de Turner (45, X) e de Klinefelter (47, XXY). A primeira afeta apenas indivíduos do sexo feminino, é caracterizada pela ausência de um cromossomo sexual e está associada a problemas de fertilidade, como falência ovariana prematura (menopausa precoce).

Já a síndrome de Klinefelter afeta indivíduos do sexo masculino, que apresentam em seu cariótipo um cromossomo sexual feminino a mais. Isso acarreta problemas no funcionamento dos testículos, resultando em baixa quantidade de testosterona, falhas na produção de espermatozoides e infertilidade.

As aneuploidias ocorrem devido a processos de não disjunção, ou seja, acontece uma falha na distribuição dos cromossomos ou das cromátides em algum estágio da divisão celular. Como resultado dessas falhas, surgem:

  • nulissomias — nenhum cromossomo de um determinado par;
  • monossomias — ausência de um cromossomo do par;
  • trissomias — presença de um cromossomo a mais em um par.

Esse tipo de alteração não é herdado geneticamente. Uma das principais causas de aneuploidia é a idade materna. Mulheres com mais de 35 anos têm maior propensão para formar embriões aneuploides, e isso tem forte relação com a infertilidade feminina, pois pode acarretar falhas de implantação embrionária no útero e abortamento de repetição.

Como a reprodução assistida identifica a aneuploidia?

A reprodução assistida, precisamente a técnica de fertilização in vitro (FIV), trabalha com recursos avançados que permitem a seleção de embriões geneticamente saudáveis, antes que eles estejam no útero materno, prevenindo alterações gênicas e cromossômicas.

A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade. É realizada em várias etapas, passando por: estimulação ovariana; coleta dos óvulos; preparo seminal; fertilização dos óvulos; cultivo embrionário; transferência dos embriões para o útero.

No tratamento com FIV, é possível acrescentar várias técnicas complementares para aumentar as chances de gravidez. Uma delas é o teste genético pré-implantacional (PGT), que faz a análise dos embriões durante o período em que eles ainda estão na incubadora.

Na fase do cultivo dos embriões, eles são monitorados por um embriologista que avalia quais estão de desenvolvendo como o esperado. Entre 2 e 5 dias após a fertilização, realiza-se a transferência dos embriões para o útero materno.

Quando há indicação para o PGT, a análise embrionária é feita com 5 dias de cultivo, quando os embriões já estão em estágio de blastocisto e apresentam um bom número de células. Assim, é possível realizar a biópsia embrionária e analisar a amostra celular para identificar possíveis alterações nos genes e cromossomos do embrião.

O PGT reúne três modalidades, isto é, são três tipos de análise com objetivos distintos, incluindo o rastreio de: aneuploidias (PGT-A); doenças monogênicas (PGT-M); e translocações (PGT-SR).

Assim, com o PGT-A, é possível identificar aneuploidias e selecionar os embriões euploides (com o número correto de cromossomos) para serem transferidos para o útero da paciente. Vale destacar que essa possibilidade existe somente na FIV, tanto que, mesmo os casais que não têm infertilidade, mas apresentam risco de formar embriões com alterações genéticas, são indicados a realizar a FIV em razão do PGT.

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