Os parâmetros seminais de normalidade, normalmente medidos pelo espermograma, são fatores que mostram se um homem é reprodutivamente saudável.
Esses parâmetros incluem a concentração de espermatozoides, que mede o número de espermatozoides presentes em um mililitro de sêmen – além da motilidade, que avalia a capacidade dos espermatozoides de se mover de maneira eficaz, e da morfologia, que examina a forma e a estrutura dos espermatozoides, entre outros parâmetros.
Quando o espermograma mostra que o sêmen apresenta valores abaixo do normal para esses parâmetros, pode indicar distúrbios que afetam a fertilidade, como no caso da oligozoospermia.
Para entender melhor como a oligozoospermia se relaciona com a infertilidade e quais são as opções de tratamento disponíveis, continue lendo o artigo a seguir.
Entenda a função do sêmen na fertilidade
Composto por uma combinação de espermatozoides, produzidos nos testículos, e fluidos seminais, produzidos pelas glândulas sexuais masculinas, como a próstata e as vesículas seminais, o sêmen é essencial para qualquer gestação, seja ela por vias naturais ou em tratamentos com reprodução assistida.
Nas gestações por vias naturais, quando um homem ejacula, o sêmen é expelido e depositado na vagina da mulher e os espermatozoides devem seguir pelo útero até alcançar as tubas, onde podem fecundar um óvulo maduro – caso o casal mantenha relações sexuais no período fértil.
Para realizar esse trajeto com sucesso, os espermatozoides precisam ser funcionais, ou seja, precisam estar morfologicamente íntegros e com boa motilidade, além de abundantes (alta concentração de espermatozoides no sêmen). Os líquidos glandulares, que compõem a parte líquida e viscosa do sêmen, atuam principalmente para nutrir essas células e proteger os espermatozoides contra o ambiente uterino.
Por isso, alterações na composição do sêmen e na estrutura, funcionalidade e concentração de espermatozoides são fatores que podem prejudicar a fertilidade masculina.
O que é oligozoospermia?
A oligozoospermia é diagnosticada quando a amostra de sêmen apresenta uma baixa concentração de espermatozoides (Após a realização de três espermogramas). Em termos clínicos, isso acontece quando o número de espermatozoides por mililitro de sêmen é inferior a 15 milhões, conforme estabelecido pelos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A oligozoospermia pode ter várias causas, incluindo problemas hormonais, infecções, exposição a toxinas, estresse e fatores genéticos. Em alguns casos, o tratamento da condição pode envolver mudanças no estilo de vida e medicações hormonais, dependendo da causa subjacente.
Além da oligozoospermia, outras alterações espermáticas associadas à dificuldade reprodutiva incluem:
- Astenozoospermia: caracterizada pela diminuição da motilidade dos espermatozoides, ou seja, eles têm dificuldade em se mover de maneira adequada e isso pode comprometer a capacidade de alcançar o óvulo e fertilizá-lo;
- Teratozoospermia: refere-se à presença de uma alta proporção de espermatozoides com formas anormais ou mal desenvolvidas, que costumam ter dificuldade em penetrar o óvulo, reduzindo as chances de fertilização;
- Azoospermia obstrutiva: a azoospermia é a ausência total de espermatozoides no sêmen, mas neste caso, o problema está na obstrução dos canais que transportam os espermatozoides, normalmente devido a bloqueios ou danos aos ductos deferentes: a produção de espermatozoides é normal, mas eles não conseguem chegar aos ductos deferentes e compor o sêmen;
- Azoospermia não obstrutiva: esta forma ocorre quando há problemas com a produção de espermatozoides nos testículos e pode ter causas genéticas, infecciosas, hormonais ou desconhecidas.
Oligozoospermia e infertilidade
Segundo a OMS, a infertilidade é definida como a incapacidade de um casal conceber após um ano de relações sexuais regulares (para mulheres com até 35 anos ou seis meses, quando acima dessa idade) e pode afetar tanto homens quanto mulheres, devido a uma variedade de fatores.
Considerando que a principal função dos espermatozoides é alcançar e fertilizar o óvulo nas tubas, uma concentração reduzida dessas células, como no caso da oligozoospermia, pode diminuir essas chances.
Isso significa que o homem com oligozoospermia até consegue engravidar a parceira por vias naturais, mas as chances de isso acontecer sem ajuda da medicina reprodutiva vão se reduzindo de acordo com a gravidade do caso.
Oligozoospermia: como posso ter filhos com ajuda da reprodução assistida?
Embora algumas condições associadas à oligozoospermia possam contar com tratamentos primários, na maior parte dos casos a reprodução assistida costuma ser indicada. Entre as técnicas disponíveis, a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro) – ambas com preparo seminal – são as mais adequadas para problemas de infertilidade masculina.
O preparo seminal é um processo essencial que ocorre antes da realização desses procedimentos e envolve a separação dos espermatozoides dos outros componentes do sêmen com ajuda de uma centrífuga, para criação de subamostras com espermatozoides com a melhor qualidade.
Na IA, o sêmen preparado é introduzido diretamente no trato reprodutivo feminino, durante o período fértil – que pode ser induzido por estimulação ovariana e indução da ovulação. Esta técnica é mais simples e pode ser eficaz especialmente se a oligozoospermia não é severa.
Já a FIV é uma técnica mais avançada, que envolve a fertilização do óvulo fora do corpo, com óvulos e espermatozoides coletados. Assim como na IA, o preparo seminal é determinante na FIV indicada para casos de oligozoospermia.
No início do tratamento com a FIV, a mulher também passa pela estimulação ovariana e indução da ovulação, mas os óvulos são coletados e fecundados com os espermatozoides selecionados no preparo para formar os embriões que serão transferidos para o útero após o cultivo.
Em casos mais severos de oligozoospermia, pode-se utilizar a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) como método de fecundação, em que um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, melhorando as chances de sucesso desta etapa do tratamento.
Para saber mais sobre a FIV, toque neste link e leia nosso artigo central.