Considerada a ‘doença da mulher moderna’, a endometriose registra, atualmente, elevados percentuais de infertilidade feminina: a incidência é mais alta principalmente durante os anos reprodutivos.
A cura da endometriose está entre as principais dúvidas em torno da doença, uma vez que ela se comporta de maneiras diferentes em cada mulher, independentemente de o estágio de desenvolvimento ser o mesmo.
Em algumas, por exemplo, não apresenta nenhum tipo de sintoma, principalmente no início, ou eles podem ser leves mesmo em estágios mais avançados. Enquanto em outras, são tão graves, que se tornam incapacitantes ou comprometem bastante a qualidade de vida das mulheres portadoras.
Conheça mais sobre a endometriose neste texto e esclareça as dúvidas relacionas à possibilidade de cura da doença. É só continuar a leitura até o final!
O que é endometriose?
A endometriose tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, fora do órgão, mais comumente em locais próximos, incluindo o peritônio, ligamentos que sustentam o útero, tubas uterinas e ovários, embora também possa afetar órgãos mais distantes como o intestino e a bexiga, em estágios mais avançados.
Apesar de as causas de endometriose ainda serem desconhecidas, sabe-se que o tecido ectópico reage à ação do estrogênio assim como o endométrio normal. O hormônio promove seu espessamento a cada ciclo menstrual, preparando-o para receber o embrião: no endométrio ocorre a implantação ou fixação do embrião, iniciando a gestação. Assim, a cada ciclo, o tecido endometrial anormal também se desenvolve.
Além da ação do hormônio, entretanto, desde que a endometriose foi descrita pela primeira vez em 1860, diversas teorias surgiram para explicá-la. Duas delas são particularmente aceitas pela comunidade científica: a teoria da implantação de Sampson e a da metaplasia celômica.
A Teoria da implantação de Sampson ou da menstruação retrógada é mais antiga, proposta pelo ginecologista americano John Albertson Sampson ainda no início do século XX, porém, é a mais aceita até hoje.
O ginecologista, um dos principais estudiosos da endometriose, sugere que fragmentos do endométrio, normalmente eliminados pela menstruação quando não há concepção, retornam pelas tubas uterinas e implantam em outros locais.
Já a teoria da metaplasia celômica especula que as células originais do endométrio e o tecido germinativo ovariano permanecem no peritônio e são transformadas em tecido ectópico por metaplasia, processo em que uma célula adulta é substituída por uma de outro tipo celular, estimulado pela ação hormonal e por fatores imunológicos.
Diferentes estudos indicam, ainda, uma forte influência genética no desenvolvimento da endometriose, justificados pela alta ocorrência em parentes de primeiro grau das mulheres portadoras.
Por ser uma doença de crescimento lento e geralmente assintomática nos estágios iniciais, tende a ser diagnosticada incidentalmente nessa fase ou quando provoca alterações na fertilidade. Nos estágios mais avançados, por outro lado, pode manifestar sintomas mais severos de acordo com o local de crescimento, a profundidade das lesões e o grau de comprometimento dos órgãos afetados, o que funciona como um alerta para o problema.
São critérios também utilizados para classificar a doença em quatro estágios de desenvolvimento e, morfologicamente em três subtipos diferentes. No estágio I é considerada mínima, no II leve, no III moderada e no IV avançada. Veja abaixo os subtipos morfológicos e os estágios em que eles se encontram:
- Endometriose peritoneal superficial: nos estágios I e II de desenvolvimento. Nos estágios iniciais ocorre principalmente a formação de pequenas lesões, planas, rasas e localizadas apenas no peritônio;
- Endometriose ovariana: no estágio III de desenvolvimento, tem como característica a presença de um tipo de cisto ovariano preenchido por líquido de aspecto achocolatado conhecido como endometrioma ovariano;
- Endometriose infiltrativa profunda: no estágio IV de desenvolvimento, nesse tipo as lesões são mais profundas, já invadiram o peritônio e locais como a região retrocervical (atrás do colo uterino), o septo retovaginal (entre reto e vagina), a vagina, o intestino, as paredes da bexiga e ureteres. Assim como a presença de endometriomas também é comum nesse estágio.
Ainda que a classificação da doença seja importante para orientar o seu desenvolvimento e possíveis tratamentos, uma vez que ela deve ser acompanhada durante toda a fase fértil, as manifestações provocadas pelo processo inflamatório consequentes da presença inadequada do tecido ectópico, podem ocorrer de forma diferente em cada mulher, inclusive a infertilidade, mesmo quando elas que a doença tenha a mesma classificação.
Um bom exemplo são as alterações na fertilidade, que em algumas mulheres podem ocorrer desde os estágios iniciais: o processo inflamatório pode interferir na receptividade do endométrio normal, resultando em falhas na implantação do embrião e abortamento, assim como na qualidade dos óvulos e, consequentemente na do embrião formado por eles, levando, da mesma forma, à perda da gravidez.
A quantidade de tecido presente e a rapidez com que o tecido ectópico progride também pode variar muito
A endometriose tem cura?
A endometriose é uma doença crônica, que tem cura. Os sintomas podem ser controlados quando a mulher não possui o desejo de engravidar. O controle é feito por medicamentos hormonais, ou por cirurgia, de acordo com a gravidade dos sintomas manifestados pela doença.
Os mais comuns são dor e irregularidades menstruais. A dor pode se apresentar como cólicas antes e durante a menstruação (dismenorreia), assim como pode ocorrer durante as relações sexuais (dispareunia).
Quando os sintomas são mais leves, são prescritos normalmente contraceptivos, que podem ser orais ou injetáveis, por DIU ou anel, combinados ou somente com progesterona. Já os mais severos, podem ser solucionados por cirurgia, para a remoção da maior quantidade de lesões possível.
Endometriose e infertilidade: qual a conduta para mulheres que querem engravidar?
A cirurgia também pode ser indicada para facilitar a gravidez em alguns casos, proporcionando boas taxas de sucesso.
No entanto, todas as técnicas de reprodução assistida aumentam as chances de gravidez de mulheres com endometriose, nos estágios iniciais ou nos mais avançados, inclusive quando há presença de endometriomas, considerados a principal consequência da doença para a fertilidade feminina: a cirurgia, muitas vezes, pode causar danos irreversíveis e infertilidade permanente.
As técnicas de baixa complexidade, relação sexual programa (RSP) e inseminação artificial (IA), são indicadas quando a endometriose ainda está nos estágios iniciais. Nelas, a fecundação acontece como em processo natural, nas tubas uterinas. Por isso, são mais adequadas para mulheres com até 35 anos que ainda possuem níveis altos de reserva ovariana e as tubas uterinas saudáveis.
A fertilização in vitro (FIV), por outro lado, é indicada para mulheres acima dos 36 anos, ou quando a endometriose está em estágios mais avançados (com a presença ou não de endometriomas), independentemente da idade, e já causou maiores danos ao sistema reprodutor feminino.
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