Clivagem e desenvolvimento embrionário
A reprodução humana é um processo bastante complexo e que passa por várias etapas antes de uma gravidez ser, finalmente, confirmada. Depende do encontro dos gametas masculino (espermatozoide) e feminino (óvulo) e da fusão entre eles, o que marca o início do desenvolvimento embrionário e de uma nova vida. Depois disso, ainda ocorrem as fases de clivagem, formação de blastocisto e implantação.
Esses processos podem acontecer tanto espontaneamente, isto é, a partir de relação sexual, quanto auxiliados pela reprodução assistida — área da medicina que é voltada para o diagnóstico e o tratamento de diversas condições de infertilidade feminina e masculina.
Leia este post e confira, então, como a fecundação ocorre e o que é clivagem e desenvolvimento embrionário!
O que acontece antes da fecundação?
O caminho até a fecundação começa com a gametogênese, que é o processo de produção ou desenvolvimento dos gametas. Isso ocorre nas gônadas ou glândulas sexuais: ovários, na mulher; testículos, nos homens.
As gônadas são estimuladas pela ação dos hormônios gonadotróficos, FSH e LH, secretados a partir da atividade do eixo hipotálamo-hipófise. Substâncias químicas liberadas por outras glândulas endócrinas, como a tireoide e as suprarrenais ou adrenais, também têm participação no funcionamento ovariano e testicular.
Nas mulheres, a gametogênese também é chamada de foliculogênese. Esse processo é caracterizado pelo desenvolvimento dos folículos ovarianos (cada um guarda um óvulo). Esses folículos são produzidos e armazenados nos ovários ainda durante a formação do feto feminino. Assim, a mulher já nasce com sua reserva ovariana completamente formada.
A ação hormonal, a partir da puberdade, promove a foliculogênese e o amadurecimento dos óvulos, que são liberados ciclo após ciclo menstrual para serem fecundados. Da mesma forma, os hormônios estimulam a gametogênese masculina, ou espermatogênese (produção de espermatozoides), nos meninos púberes e homens adultos.
Como a fecundação ocorre?
Para que um óvulo seja fecundado, o casal deve ter relação sexual sem contracepção durante o período fértil — dias do mês próximos à ovulação, que acontece por volta de 14 dias após o início da menstruação, em ciclos regulares.
Quando o óvulo é liberado na ovulação, a tuba uterina o recolhe e o carrega para o local da fertilização, na parte mais dilatada da tuba, chamada de ampola. Por sua vez, os espermatozoides entram no corpo da mulher a partir da ejaculação de seu parceiro e migram até o trato reprodutivo superior, onde passam pelo útero e entram nas tubas uterinas.
Vários espermatozoides chegam até o óvulo e se ligam a ele — que é uma célula bem maior que os gametas masculinos — mas somente um consegue realmente penetrá-lo para realizar a fecundação.
O espermatozoide, então, penetra a zona pelúcida (membrana que envolve o óvulo) e seus núcleos se fundem, gerando o zigoto, que representa a primeira célula de um novo ser humano.
O que é clivagem e desenvolvimento embrionário?
No dia seguinte à fecundação, tem início a fase de clivagem, que consiste no processo de divisão da célula-mãe (o óvulo fertilizado) em várias células-filhas, chamadas de blastômeros. As divisões consecutivas ocorrem durante alguns dias e desenvolvem um embrião pluricelular.
O desenvolvimento embrionário é um processo que leva entre 5 e 7 dias e passa por várias etapas, incluindo a fase de clivagem inicial, o estágio de mórula, o estágio de blastocisto e, finalmente, a implantação do embrião no endométrio, que é a camada interna do útero.
Enquanto ocorre a clivagem e o desenvolvimento embrionário, as células do embrião permanecem em um aglomerado compactado dentre da zona pelúcida, sem aumentar o tamanho da célula-ovo. Isso permite o transporte pela tuba uterina, o que é possibilitado pelos movimentos ciliares e musculares tubários.
Quando chega à cavidade do útero, o óvulo fertilizado pode estar em estágio de clivagem ou até mesmo blastocisto, recebendo os fluídos uterinos. O embrião que já é blastocisto apresenta a primeira diferenciação celular. Todas essas células formarão os diversos tecidos e sistemas do feto, além dos anexos embrionários, como a placenta.
Em estágio de blastocisto, o embrião tem as condições fisiológicas necessárias para sincronizar com o endométrio e estabelecer a implantação. Quando isso acontece, o organismo materno passa a secretar o hormônio hCG, cuja dosagem permite a confirmação da gravidez.
Como é isso na gestação espontânea e na reprodução assistida: existe diferença?
A fase de clivagem e o desenvolvimento embrionário, de modo geral, acontecem da mesma forma na gravidez natural e com as técnicas de reprodução assistida. O que muda são as etapas iniciais do processo reprodutivo, ou seja, o caminho que os gametas percorrem para a fecundação.
A reprodução assistida é dividida em técnicas de baixa e alta complexidade. A relação sexual programada e a inseminação artificial são consideradas as técnicas de baixa complexidade, pois a fecundação também ocorre na tuba uterina e poucos procedimentos médicos e laboratoriais são necessários antes disso.
A técnica de alta complexidade é a fertilização in vitro (FIV). Nessa situação, é feita a coleta dos gametas para que a fecundação ocorra fora do corpo da mulher, em laboratório.
Depois da fertilização dos óvulos, os embriões ficam em incubadora com ambiente apropriado, permitindo que a clivagem e o desenvolvimento embrionário ocorram da mesma forma que no ambiente intrauterino. Com 2 a 6 dias de cultivo, os embriões são transferidos para o útero.
Aproveite para ler nosso texto completo sobre fertilização in vitro e conheça, em detalhes, o passo a passo dessa técnica!
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