Todas as etapas do processo envolvendo a gravidez são imprescindíveis para a reprodução humana, inclusive as menos conhecidas pela população em geral, como a formação do zigoto.
Após a fecundação, o zigoto é a célula primordial do desenvolvimento humano, que se forma com a união das células reprodutivas de pai e mãe. Muitas vezes, é chamado de embrião, contudo, essas são etapas distintas do processo de gravidez.
A principal importância de uma formação adequada do zigoto está relacionada à saúde e estabilidade genética do futuro embrião, já que é o grande precursor das células embrionárias, ou seja, dá origem a todas as células do futuro bebê.
Problemas na formação do zigoto normalmente têm raízes em anomalias das células reprodutivas masculina e feminina, e podem resultar em abortamento espontâneo, além de aumentar os riscos de o casal das à luz um bebê com doenças genéticas.
Quer saber mais sobre o que é o zigoto e sua importância para que a gestação tenha sucesso? Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor essa etapa do desenvolvimento embrionário!
Células reprodutivas ou gametas
Embora a fecundação seja um dos marcos para o início da vida, com a formação do zigoto, o sucesso dessa etapa da reprodução humana começa antes, na formação dos gametas, como são chamadas as células reprodutivas de homens (espermatozoides) e mulheres (óvulos).
A principal diferença entre as células reprodutivas humanas e todas as demais do corpo, está na quantidade de material genético contido em cada tipo. Enquanto todas possuem o conjunto completo do DNA, os gametas contém apenas a metade desse material.
O DNA completo é formado por um conjunto de 22 pares de cromossomos homólogos (semelhantes) e um par de cromossomos sexuais (2n). Na formação das células reprodutivas humanas há uma divisão do material genético e cada célula uma possui apenas um cromossomo de cada par do DNA original, incluindo o par sexual (n).
A vida fértil começa na puberdade
Após a puberdade masculina, a produção de espermatozoides se inicia com o desenvolvimento dos espermatócitos, células precursoras dos espermatozoides, localizados nas paredes dos túbulos seminíferos, nos testículos.
Nos epidídimos os espermatozoides desenvolvem a cauda, adquirindo motilidade, e o sêmen é formado nos ductos deferentes, quando os gametas já maduros encontram os líquidos seminal, prostático e bulbouretral. Todas essas estruturas estão conectadas entre si e, com a ejaculação, esse material é expelido pela uretra.
No caso das mulheres, a formação das células reprodutivas é ligeiramente diferente. Elas já nascem com todos os folículos ovarianos, estruturas que contém os óvulos individualmente, com os quais poderá contar ao longo de sua vida reprodutiva.
Após a puberdade, quantidades específicas de folículos são recrutadas para o amadurecimento, embora apenas o folículo dominante participe da ovulação, consumindo esse estoque limitado de células reprodutivas femininas chamado reserva ovariana.
A mulher é fértil, ou seja, pode ter filhos, somente entre a puberdade e a menopausa, que marca o fim da reserva ovariana e, consequentemente, da vida reprodutiva da mulher.
Outra diferença entre a fertilidade masculina e a feminina é que nas mulheres apenas uma célula reprodutiva é disponibilizada para fecundação a cada ciclo menstrual. Chamamos de período fértil o momento em que o óvulo pode ser fecundado, após a ovulação.
O zigoto se forma com a fecundação
Quando o casal mantém relações sexuais durante o período fértil da mulher, as chances de que uma gravidez aconteça aumentam consideravelmente.
Após a ovulação, ou seja, o rompimento da estrutura folicular para a liberação do óvulo contido em seu interior, o gameta feminino é captado pelas fímbrias, segmento das tubas uterinas mais próximo aos ovários, e direcionado para a ampola, porção em que permanece durante o período fértil para que a fecundação possa acontecer.
Com a ejaculação, os espermatozoides, embebidos pelo sêmen, seguem pelo interior do corpo feminino em direção às tubas uterinas para encontrar o óvulos e disputar a penetração em seu meio intracelular.
Essa disputa acontece porque, além da membrana plasmática, o óvulo possui também outra estrutura que limita seu contato com o meio extracelular: a zona pelúcida. Sua função é controlar a entrada de espermatozoides para fecundação, impedindo que mais de um gameta masculino fecunde o óvulo.
Esse controle é fundamental para a formação do zigoto, já que ao penetrar o óvulo acontece a fusão dos materiais genéticos de ambas as células reprodutivas, quando cada cromossomo espermático busca seu par homólogo no conjunto de cromossomos do óvulo, formando o DNA completo do zigoto e, consequentemente, do futuro bebê.
Embrião e zigoto
Com o pareamento dos cromossomos do óvulo e espermatozoide, constituindo um DNA completo, e a desintegração do corpo do espermatozoide no interior do óvulo, finalmente o zigoto se forma.
Nas gestações espontâneas, a fecundação e a formação do zigoto acontecem normalmente no interior das tubas uterinas, que também sediam as primeiras etapas do desenvolvimento do zigoto em embrião.
Algumas horas após a fecundação, o zigoto inicia uma sequência de divisões celulares conservativas, chamadas clivagens, que originam as primeiras células do embrião. Somente nesse momento passa a ser chamado embrião.
Inicialmente, essas divisões celulares formam um maciço de células, semelhante a uma amora e por isso chamado mórula. A etapa de mórula acontece ainda no interior das tubas uterinas, durante a condução do embrião para o útero.
Durante essa fase, as células embrionárias ainda são indiferenciadas e mantêm-se unidas pela zona pelúcida, que ainda resta da estrutura do óvulo.
A nidação do embrião e o início da gestação
O desenvolvimento embrionário é ininterrupto e cerca de 3 a 5 dias após a fecundação, o embrião chega ao útero ao mesmo tempo em que desenvolve o primeiro tipo de diferenciação celular com o surgimento da blastocele.
A blastocele marca o estágio de blastocisto e divide as células embrionárias propriamente ditas, daquelas que formarão os anexos embrionários (placenta, cordão umbilical e líquido amniótico).
Nesse momento, o embrião normalmente chega ao útero e começa a buscar o local mais adequado para realizar a nidação e dar início à gestação.
A busca pelo local da nidação envolve o reconhecimento do embrião pelo endométrio, camada de revestimento da cavidade uterina, e vice-versa.
Para que essa fixação ocorra, o embrião rompe a zona pelúcida, que ainda mantém as células embrionárias unidas, e elas infiltram-se no endométrio, fixando o embrião e iniciando a gestação.
O zigoto também é importante para a reprodução assistida
Nas técnicas de baixa complexidade, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), a formação do zigoto normalmente é potencializada pela estimulação ovariana, que aumenta as chances de que a ovulação aconteça, e, no caso específico da IA, pela seleção e inseminação dos espermatozoides no útero.
Nesses procedimentos, no entanto, o zigoto forma-se de forma muito semelhante ao que se observa nas gestações naturais: no interior das tubas uterinas, com a fecundação do óvulo durante o período fértil.
Já na FIV (fertilização in vitro), considerada uma técnica de alta complexidade justamente por viabilizar a fecundação em ambiente laboratorial, o zigoto forma-se fora do corpo da mulher, com a união dos gametas em uma placa de vidro contendo meio de cultura adequado, ou por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
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