A endometriose é uma doença com impactos significativos na qualidade de vida da mulher. Ela pode provocar sintomas dolorosos, afetar a produtividade diária da portadora, principalmente durante o período menstrual, além de colocar em risco a fertilidade.
As lesões endometrióticas surgem na região pélvica — em raros casos, há lesões extrapélvicas. Na pelve, estão localizados os órgãos reprodutores, bem como as estruturas dos aparelhos urinário e intestinal.
Na base da pelve, está o assoalho pélvico, formado por um conjunto de músculos e ligamentos responsáveis por sustentar órgãos como a bexiga, o útero e o intestino.
O assoalho pélvico desempenha um papel importantíssimo na continência urinária e fecal, assim como contribui para a função sexual e o parto. Problemas como enfraquecimento ou lesões nessa região podem causar incontinência, dor pélvica crônica e disfunções sexuais. Dentre esses sintomas, a dor pélvica crônica também pode estar associada à endometriose.
Continue a leitura para entender o que é endometriose no assoalho pélvico!
O que é endometriose?
A endometriose é uma condição benigna, porém crônica e inflamatória. As lesões ocorrem porque o tecido que reveste o interior do útero, o endométrio, cresce fora dele, afetando áreas como ovários, tubas uterinas e outros órgãos pélvicos.
O tecido endometrial responde aos hormônios durante o ciclo menstrual, preparando-se para receber um embrião. O estrogênio é responsável por estimular o crescimento das células endometriais. Quando a gravidez não acontece, esse tecido descama, causa a menstruação e outro ciclo se inicia para uma nova preparação.
Fora do útero, o endométrio ectópico também é ativado pelos hormônios, o que causa inflamação e, na maioria dos casos, dores intensas, principalmente durante a menstruação.
A endometriose é classificada em três tipos principais, dependendo de sua localização e gravidade: superficial/peritoneal, ovariana e profunda:
- a doença superficial afeta o peritônio, o revestimento da cavidade abdominal;
- a ovariana forma cistos endometrióticos nos ovários, conhecidos como endometriomas;
- em sua forma profunda, a endometriose invade órgãos pélvicos como o intestino e a bexiga, causando sintomas severos.
A doença também é categorizada como mínima, leve, moderada e grave, de acordo com o grau de infiltração e a presença de aderências, que podem afetar a mobilidade dos órgãos e levar ao comprometimento funcional.
Quais são os sintomas de endometriose no assoalho pélvico?
As lesões de endometriose podem afetar várias partes da pelve, incluindo os músculos e ligamentos do assoalho pélvico.
Um dos sintomas mais associados à endometriose é a dor pélvica crônica. Isso pode ser causado pelas lesões nos órgãos e no peritônio, assim como pelo comprometimento de diferentes músculos presentes nessa região.
Os sintomas de endometriose no assoalho pélvico podem incluir:
- dor pélvica crônica, uma dor intensa e constante na pelve, que pode piorar durante o período menstrual;
- dispareunia de profundidade (dor durante a relação sexual);
- cólicas menstruais que chegam a ser intensas e incapacitantes e nem sempre melhoram com medicamentos habituais para dor;
- dor ao urinar e evacuar ou durante os movimentos intestinais.
Outro sinal de endometriose é a dificuldade para engravidar. Como afeta a região pélvica, essa doença pode causar lesões nos órgãos reprodutores e deixar o ambiente inflamatório, interferindo em várias etapas do processo reprodutivo.
Mulheres com endometriose do tipo profunda apresentam sintomas pélvicos mais significativos. Em relação aos impactos nos músculos do assoalho, a hipertonia (aumento anormal do tônus muscular e da rigidez) e a dificuldade no relaxamento são fatores que podem intensificar o desconforto causado pela inflamação.
Outro ponto a considerar na relação entre endometriose e assoalho pélvico é o risco de danos durante o tratamento cirúrgico. A cirurgia pode ser indicada para remover o tecido endometriótico e as aderências, principalmente quando há acometimento estrutural e funcional dos órgãos. Possíveis danos aos músculos durante o procedimento podem acarretar disfunções genitais, urinárias e anorretais.
Como tratar?
O tratamento da endometriose, especialmente em casos de infertilidade, envolve uma abordagem personalizada. Em situações menos graves, medicamentos hormonais podem ser utilizados para controlar o crescimento do tecido endometrial e aliviar os sintomas. Já em casos avançados, a cirurgia por videolaparoscopia é uma opção para remover os focos da doença, melhorar a anatomia pélvica e aumentar as chances de gravidez, devendo ser sempre discutidas as vantagens ou não do congelamento prévio de óvulos e embriões.
Para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar, técnicas de reprodução assistida, sobretudo a fertilização in vitro (FIV), podem ajudar. A FIV permite contornar problemas causados pela endometriose e que nem sempre podem ser revertidos com tratamento medicamentoso ou cirúrgico, como redução da reserva ovariana ou obstrução das tubas uterinas.
O congelamento de óvulos ou embriões é outra técnica complementar à FIV muito importante para pacientes com endometriose, principalmente as que recebem indicação para cirurgia de endometrioma.
Assim como a cirurgia da endometriose profunda pode ocasionar danos aos músculos do assoalho pélvico, há risco de que o procedimento para retirada do cisto endometriótico ovariano cause lesões acidentais no ovário, prejudicando a reserva ovariana. Portanto, congelar os óvulos previamente é uma forma de preservação da fertilidade.
Quer aprofundar o que aprendeu sobre essa doença? Então, antes de ir embora, leia o texto que aborda as causas, exames para o diagnóstico e formas de tratamento da endometriose!