A gravidez é o sonho de muitos casais, mas nem todos têm a mesma facilidade para torná-lo real. Felizmente, a medicina reprodutiva vem passando por muitos avanços nas últimas décadas — tanto em relação aos tratamentos quanto aos métodos de avaliação da infertilidade — o que permite aumentar as possibilidades para quem ainda deseja engravidar.
Um dos recursos fundamentais na investigação diagnóstica é o exame de sangue FSH, bem como as demais dosagens hormonais, uma vez que os hormônios têm o papel de regular várias funções do corpo, incluindo as do sistema reprodutor.
O hormônio FSH (folículo-estimulante) é produzido pela hipófise, uma glândula endócrina situada na base do cérebro. Essa substância atua de forma sincronizada com o LH (luteinizante), outro hormônio hipofisário, estimulando o funcionamento das gônadas (ovários e testículos) — por isso, também são chamados de gonadotrofinas.
Na mulher, os hormônios gonadotróficos estimulam os ovários a desenvolverem os folículos que armazenam os óvulos. No homem, o FSH e o LH participam da produção de testosterona e dos espermatozoides.
Nos tratamentos de reprodução assistida, esses hormônios também são de grande importância. As gonadotrofinas sintéticas são utilizadas na técnica de estimulação ovariana para que os ovários desenvolvam múltiplos folículos e amadureçam um número maior de óvulos.
Veja, neste post, como é feito e avaliado o exame de sangue FSH!
Quais são os valores de referência do exame de sangue FSH?
Os parâmetros de normalidade do FSH são diferentes em homens e mulheres. Além disso, no organismo feminino, existem alterações nos níveis do hormônio ao longo do mês, conforme a fase do ciclo menstrual.
A dosagem de FSH é indicada para avaliar a função da hipófise, sobretudo em relação à fertilidade. De modo geral, o exame de sangue FSH é indicado nos seguintes casos:
- investigação diagnóstica do casal infértil;
- avaliação da reserva ovariana, principalmente em mulheres com mais de 35 anos;
- irregularidades menstruais, como amenorreia (ausência de menstruação) e oligomenorreia (períodos menstruais infrequentes ou com intervalos muito longos);
- disfunção erétil;
- alteração nos resultados do espermograma, como baixa quantidade de espermatozoides;
- chegada da menopausa;
- puberdade precoce ou atraso na maturação sexual;
- suspeita de distúrbio no eixo hipotálamo-hipófise ou de doença ovariana e testicular.
Com frequência, o exame de sangue FSH é solicitado junto com as dosagens de LH, estradiol, progesterona, testosterona total e livre, shbg, prolactina, TSH, T4, DHEA e SDHEA. O FSH, o LH e o estradiol devem ser realizados entre o segundo e o quarto dia do ciclo.
Os valores de referência para o exame de sangue FSH de homens adultos são de 1,4 a 13,8 mUI/ml. Já para a mulher adulta, os valores mudam conforme a fase do ciclo menstrual, além de apresentarem alteração significativa na menopausa, sendo os seguintes:
- fase folicular — entre 3,4 e 21,6 mUI/ml;
- fase ovulatória — entre 5,0 e 20,8 mUI/ml;
- fase lútea — entre 1,1 e 14 mUI/ml;
- menopausa — entre 23,0 e 150,5 mUI/ml.
Como fazer e interpretar o exame de sangue FSH?
Assim como para outros tipos de análise sanguínea, o exame FSH é feito a partir da coleta de uma amostra de sangue, normalmente de uma veia do braço. Os resultados são interpretados com base nos parâmetros de normalidade já mencionados. Níveis alterados indicam disfunções hipofisárias, hipotalâmicas, doenças nas gônadas, baixa reserva ovariana, entre outras condições.
Como vimos, os resultados do exame feito na mulher podem variar dependendo da fase do ciclo menstrual. Sendo assim, o período ideal para a realização da dosagem desse hormônio é no início do ciclo, entre 3 e 5 dias após o início da menstruação, pois é nessa fase que o FSH começa a ser secretado pela hipófise para estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos.
O que fazer se o exame indicar alterações?
Alterações nos níveis de FSH, bem como dos outros hormônios que regulam as funções reprodutivas, são indícios de infertilidade, tanto feminina quanto masculina.
Nos homens, esse distúrbio hormonal acarreta falhas na secreção de testosterona, afetando diretamente a produção de espermatozoides. Dessa forma, o homem pode ter ausência de gametas no sêmen (azoospermia) ou baixa quantidade (oligozoospermia) — fatores graves de infertilidade.
Na mulher, as alterações no exame de sangue FSH podem indicar anovulação (ausência de ovulação), baixa reserva ovariana e até menopausa precoce. Todas essas condições interferem nas chances de gravidez.
A partir de resultados alterados nas dosagens hormonais, outros exames podem ser solicitados para descobrir se há alguma doença associada, a exemplo da ressonância magnética da sela túrcica, que pode revelar um tumor na hipófise (o que felizmente e muito raro).
As técnicas de reprodução assistida são alternativas importantes para quem apresenta infertilidade. Os tratamentos de baixa complexidade (relação sexual programada e inseminação artificial), associados à estimulação ovariana, são indicados para mulheres com anovulação, mas sem comprometimento da reserva ovariana, preferencialmente com menos de 35 anos.
Mulheres com idade superior a essa e com baixa reserva ovariana têm mais chances de gravidez com a fertilização in vitro (FIV). Da mesma forma, homens que realizaram o espermograma, o exame de sangue FSH e as demais dosagens hormonais e identificaram quadros graves, como a azoospermia, são indicados à FIV ICSI com recuperação espermática.
Veja outras condições que afetam as chances de gravidez no nosso texto específico sobre infertilidade feminina!