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Gravidez anembrionária e reprodução assistida

Por Equipe Origen

Publicado em 20/01/2023

O teste mostra o tão esperado resultado positivo. Os sintomas característicos, como atraso menstrual, enjoo, dor nas mamas e sonolência, levam a crer que a gestação realmente começou. Entretanto, um exame de ultrassonografia pode revelar que não há chances de progredir, pois se trata de uma gravidez anembrionária.

Essa é uma condição rara e que não tem como seguir adiante, uma vez que a gestação é confirmada, mas não existe um embrião para se desenvolver. Parece uma informação confusa, mas ao compreender como acontece o processo conceptivo, você entenderá também o que caracteriza uma gravidez anembrionária. Então, continue sua leitura!

Gametas e fecundação: quais etapas precedem a gravidez?

Vários processos ocorrem antes que uma gravidez, de fato, tenha início. O primeiro evento necessário é a gametogênese, que leva ao desenvolvimento dos gametas ou células reprodutivas.

A mulher já nasce com um estoque de células sexuais armazenadas em folículos nos ovários, o que chamamos de reserva ovariana. A partir da puberdade, os hormônios agem de forma cíclica para promover o desenvolvimento e o amadurecimento dos óvulos. A cada ciclo, um deles é liberado na fase de ovulação.

No homem, os espermatozoides também são produzidos a partir da puberdade e do estímulo hormonal, ficando armazenados nos epidídimos (ductos localizados atrás dos testículos). Quando há estímulo sexual, as células masculinas são transportadas pelo trato reprodutivo e se unem aos fluídos que compõem o sêmen.

O casal que tem relação sexual nos dias próximos à ovulação tem chances de engravidar, se os órgãos estiverem funcionando corretamente. Em resumo, as etapas que precedem a gravidez são essas: 

  • os espermatozoides entram no corpo feminino e migram até as tubas uterinas; 
  • após a ovulação, o óvulo permanece na tuba uterina por cerca de 1 dia, quando pode ser fecundado; 
  • se um espermatozoide penetrar o óvulo, os núcleos das duas células se fundem e a fecundação se completa; 
  • o embrião se forma e passa por sucessivas divisões celulares, enquanto é transportado em direção ao útero; 
  • entre 5 e 7 dias depois de ser fertilizado, o óvulo se torna blastocisto e está em estágio adequado para se implantar na camada interna do útero (endométrio). Isso marca o início da gravidez.

O que é uma gravidez anembrionária?

O prefixo “an” indica a ideia de negação ou privação. Isso significa que o termo gravidez anembrionária se refere à gravidez em que não existe um embrião dentro do saco gestacional. É uma condição rara, mas quando acontece pode trazer frustração ao casal tentante, pois a gestação é confirmada por testes e os sintomas são como os de uma gravidez normal.

No tópico anterior, falamos sobre as etapas que ocorrem antes que a gestação tenha início. Vimos, portanto, que o espermatozoide penetra o óvulo e a fusão das duas células dá origem ao embrião, o qual começa a se desenvolver na tuba e, depois de alguns dias, se implanta no endométrio uterino.

Nos ciclos em que o óvulo não é fecundado, assim como não acontece a implantação embrionária no útero, o endométrio passa por descamação, ocasionando o sangramento menstrual.

No caso de gravidez anembrionária, ocorre a implantação do trofoblasto (tecido que origina a placenta) na camada endometrial, mas não de um embrião. Isso significa que o espermatozoide se uniu ao óvulo e a fertilização aconteceu, mas o embrião não se desenvolveu ou sofreu interrupção durante a clivagem (fase das divisões celulares).

Independentemente de o embrião não ter se desenvolvido, quando o trofoblasto se implanta no endométrio começa a produção do hormônio hCG, o que permite a confirmação da gestação por meio de testes de sangue ou urina. Esse hormônio também é responsável pelos clássicos sintomas de gravidez, como enjoos e sonolência.

A gravidez anembrionária é diagnosticada em exame de ultrassom, ainda nas primeiras semanas gestacionais. Na ocasião, o médico verifica que o saco gestacional existe, mas não há embrião.

Não se sabe exatamente quais são as causas da gravidez anembrionária, mas estão associadas a falhas genéticas, como as alterações cromossômicas decorrentes de baixa qualidade dos gametas e da idade materna avançada. Entretanto, é um problema que pode acontecer em qualquer idade.

Quando a gravidez anembrionária é detectada, pode-se esperar que ocorra um aborto espontâneo. Contudo, essa conduta expectante pode ser difícil para a mulher, em razão da carga emocional envolvida. Sendo assim, também é possível utilizar medicamentos para indução do abortamento, seguido de curetagem ou aspiração manual intrauterina (A.M.I.U).

A gravidez anembrionária também pode acontecer na reprodução assistida?

Casais com infertilidade por diversos fatores procuram a reprodução assistida, que se divide em tratamentos de baixa e alta complexidade. Os que são considerados menos complexos são a inseminação artificial e a relação sexual programada. Nesses casos, o risco de gravidez anembrionária também existe, embora seja mínimo, como na gravidez espontânea, pois a fecundação e o desenvolvimento pré-embrionário ocorrem na tuba uterina, assim como na concepção espontânea.

No tratamento com fertilização in vitro (FIV), que é uma técnica de alta complexidade, é também possível que ocorra uma gravidez anembrionária.

Além disso, existe a possibilidade de realizar o teste genético pré-implantacional (PGT) na FIV. É um recurso de análise embrionária que permite a identificação de anormalidades gênicas e cromossômicas, as quais estão associadas às falhas de desenvolvimento do embrião e, por consequência, à gravidez anembrionária.

Aproveite para conhecer os detalhes da fertilização in vitro em nosso texto principal!