A cada dia que passa, as técnicas de reprodução assistida ajudam mais e mais casais a realizarem o sonho de ser pais. Mas como exatamente ocorre a gravidez quando se usa esse tipo de tratamento? Para muitas pessoas, a simples menção a fertilização in vitro (FIV), entre outras técnicas, remete a um filme de ficção científica.
No entanto, nada é tão complicado. É evidente que a reprodução assistida se utiliza de tecnologias avançadas, profissionais altamente especializados e que foi preciso um longo caminho de estudos científicos para que se chegasse à realidade atual.
O que essas técnicas fazem, no entanto, nada mais é do que controlar os processos envolvidos na concepção para aumentar as chances de se conseguir uma gravidez.
Neste artigo vamos falar sobre as diferenças e semelhanças entre a reprodução assistida e a gravidez natural. Confira.
Como ocorre a gravidez natural?
Uma gravidez natural ocorre a partir de uma relação sexual. A cada ciclo menstrual, o corpo da mulher se prepara para receber um novo embrião: o endométrio (revestimento interno do útero) se torna mais espesso e, por volta do 14º dia do ciclo, um óvulo é liberado para ser fecundado.
Se o casal mantiver relações nesse dia, ou em dias próximos (o chamado período fértil), o homem libera o sêmen, que contém espermatozoides, dentro da vagina. Os gametas masculinos então seguem em direção às tubas uterinas, onde encontrarão o óvulo e um deles poderá fecundá-lo. Se isso ocorrer, o embrião formado seguirá seu caminho rumo ao útero, onde se fixará para que a gestação comece efetivamente.
A gravidez na reprodução assistida
As técnicas de reprodução assistida seguem os mesmos princípios de uma gravidez natural, porém buscam controlar alguns fatores para maximizar as chances de sucesso. Entenda como acontece o processo nas principais técnicas:
Relação sexual programada (RSP)
Também chamada de coito programado, essa é a mais simples das técnicas de reprodução assistida. Nela, a mulher primeiro passa por um tratamento de estimulação ovariana, que consiste na administração de hormônios para assegurar o desenvolvimento de pelo menos um óvulo naquele ciclo menstrual.
Quando os folículos atingem o tamanho desejado, a paciente utiliza um tipo diferente de hormônio para desencadear a ovulação e, então, o médico orienta o casal sobre o momento mais propício a ter relações sexuais. A partir daí, tudo acontece normalmente, como em uma gravidez natural.
Inseminação intrauterina (IIU)
Popularmente essa técnica é mais conhecida como inseminação artificial. O início do processo é igual ao do coito programado. Porém, após a indução da ovulação, o casal não é orientado a ter relações. Ao invés disso, é agendada a inseminação propriamente dita. O casal vai até a clínica de reprodução assistida e o homem faz a coleta do sêmen por meio da masturbação.
Esse esperma passa por um processo laboratorial chamado de preparação seminal, com o objetivo de selecionar os melhores espermatozoides. O sêmen preparado então é inserido através da vagina até o útero, para que os espermatozoides sigam seu caminho até o óvulo e, a partir daí, o processo segue normalmente.
Fertilização in vitro (FIV)
A FIV é a técnica mais avançada e complexa no ramo da reprodução assistida, pois é a única em que os gametas tanto femininos quanto masculinos são manipulados, e a fertilização acontece em laboratório.
O início do processo também é com a estimulação ovariana e indução da ovulação. Cerca de 36 horas depois desse último passo, a mulher passa por um procedimento de punção ovariana, no qual os óvulos são aspirados com o auxílio de uma agulha muito fina.
O sêmen também é coletado por meio da masturbação, ou, se necessário, com o auxílio de técnicas de recuperação espermática, que extraem os espermatozoides dos testículos ou epidídimos.
Depois, os melhores espermatozoides são selecionados e, de maneira geral, a fertilização é realizada por injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), ou seja, um único gameta masculino é inserido em cada óvulo.
Os embriões gerados ficam em cultivo, em laboratório, por dois a seis dias e, então, podem ser colocados no útero, o que ocorre em um procedimento muito simples, chamado de transferência embrionária.
Após a transferência, é esperado que ao menos um embrião (podem ser colocados mais, de acordo com a idade da mulher, conforme normas do Conselho Federal de Medicina) se implante no útero. A partir desse momento, a gravidez segue exatamente como quando ela ocorre de forma natural.
Chances de sucesso
As técnicas de reprodução assistida, portanto, visam favorecer as chances de que ocorram a fertilização e a implantação do embrião no útero. Com isso, as chances de sucesso em se obter uma gravidez com esses tratamentos é maior do que de forma natural.
Na FIV, que é considerada a técnica mais efetiva, as taxas de gravidez podem ultrapassar os 50%, enquanto as chances de uma gestação natural giram em torno de 20% por ciclo.
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