Hidrossalpinge e obstrução das tubas uterinas: qual é a relação?
Hidrossalpinge e obstrução das tubas uterinas são condições graves de infertilidade feminina, pois inviabilizam o processo natural de fertilização. Entretanto, como são geralmente assintomáticas, a mulher infértil pode demorar a chegar nesse diagnóstico.
A fertilidade feminina depende de equilíbrio hormonal e do bom funcionamento de vários órgãos reprodutores. Os órgãos que participam diretamente dos processos de ovulação, fecundação e implantação embrionária estão localizados no trato reprodutivo superior, sendo eles: os ovários, as tubas uterinas ou trompas de falópio e o útero.
As tubas uterinas fazem a ligação entre os ovários e o útero e são indispensáveis para o processo natural de reprodução. São dois tubos conectados um de cada lado do útero, que se prolongam até bem próximo dos ovários. As funções tubárias são: recolher o óvulo, levá-lo para o local da fertilização, no interior da própria tuba, e depois transportar o embrião para a cavidade uterina.
Agora que já relembramos o importante papel das tubas uterinas na fertilidade, continue a leitura e entenda o que é hidrossalpinge e obstrução tubária!
O que é hidrossalpinge?
Hidrossalpinge é o acúmulo de líquido dentro da tuba uterina, com consequente dilatação do órgão. Pode afetar somente uma ou as duas trompas. É uma sequela da salpingite, processo de inflamação tubária.
A causa mais comum de salpingite e hidrossalpinge é a doença inflamatória pélvica (DIP), que por sua vez é causada por infecções polimicrobianas, sendo a bactéria da clamídia o principal agente etiológico.
Na DIP, ocorrem processos inflamatórios simultâneos nos órgãos pélvicos: na cérvice ou colo uterino (cervicite); na parte interna do útero (endometrite); e nas tubas uterinas. Com menor frequência, os ovários e o peritônio também são afetados.
No processo de cura da inflamação tubária, formam-se aderências de tecido cicatricial que interferem tanto na permeabilidade quanto na motilidade da tuba uterina. Além disso, as fímbrias (prolongamentos que ficam na extremidade da tuba) podem se fundir, impedindo a saída dos fluídos, que se acumulam dentro da trompa, causando a dilatação.
O que é obstrução das tubas uterinas?
As tubas uterinas saudáveis são permeáveis, isso significa que permitem a passagem de fluídos, bem como dos gametas masculinos e feminino. A permeabilidade tubária é uma característica necessária para que os espermatozoides consigam chegar até o óvulo para fertilizá-lo. Após a fecundação, o óvulo também precisa ser transportado pelo interior da tuba até chegar ao útero.
A obstrução das tubas uterinas é caracterizada por bloqueios no órgão, que dificultam ou impedem a movimentação dos espermatozoides e o transporte do óvulo. Essa condição também aumenta o risco de gravidez ectópica, pois caso o óvulo seja fertilizado, mas não seja transportado para a cavidade uterina, ele pode se implantar na própria tuba, sem encontrar condições para o desenvolvimento embrionário.
Outra causa importante de obstrução das tubas uterinas e distorção anatômica do órgão é a presença de aderências decorrentes de endometriose. Essa é uma das doenças ginecológicas mais dolorosas e uma das principais causas de infertilidade feminina.
Fibroses resultantes de cirurgias pélvicas, principalmente cirurgias tubárias, também provocam obstrução das tubas uterinas.
Qual é a relação entre hidrossalpinge e obstrução das tubas uterinas?
A hidrossalpinge pode causar obstrução das tubas uterinas, portanto, há uma relação clara e direta entre ambas. Além de reduzir a permeabilidade tubária, essas condições afetam a fertilidade pelos seguintes motivos:
- impactam negativamente a motilidade e a sobrevivência dos gametas masculinos;
- o fluído intratubário se torna prejudicial ao desenvolvimento embrionário;
- a motilidade tubária é afetada, interferindo na função de transportar o embrião para o útero;
- os mecanismos de receptividade endometrial são alterados pelo refluxo do líquido inflamatório armazenado na trompa.
Em resumo, a hidrossalpinge e a obstrução das tubas uterinas causam infertilidade feminina devido a fatores químicos e mecânicos. Nesses casos, a mulher precisa de tratamento para recuperar suas chances de gravidez.
Os tratamentos podem incluir técnicas de reprodução assistida, particularmente a fertilização in vitro (FIV) (primeira escolha na imensa maioria dos casos) ou cirurgia para desobstrução tubária. Além disso, as doenças subjacentes, como endometriose e infecções microbianas, precisam ser devidamente tratadas.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
Desde suas primeiras aplicações, a FIV é indicada para pacientes com obstrução das tubas uterinas. Essa técnica inclui a coleta dos óvulos e espermatozoides e a fertilização em laboratório. Após alguns dias de desenvolvimento, os embriões são transferidos para o útero, portanto, não precisam passar pelas trompas.
Já foi constatado que a hidrossalpinge também pode diminuir as taxas de gravidez nos tratamentos com FIV, pois o fluído tubário pode vazar para dentro do útero e ter efeitos negativos nos processos de receptividade endometrial e implantação embrionária, além de aumentar o risco de abortamento.
Portanto, uma alternativa promissora de tratamento para mulheres com hidrossalpinge e obstrução das tubas uterinas é a realização da cirurgia de remoção tubária (salpingectomia por videolaparoscopia) antes do programa de FIV.
Quer se informar a respeito de outras condições que podem alterar suas funções reprodutivas? Leia o texto sobre infertilidade feminina!
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