A confirmação de uma gravidez depende de um complexo processo de concepção, o qual envolve várias etapas e somente é bem-sucedido se o homem e a mulher estiverem em condições adequadas de fertilidade. Um dos fatores necessários para isso é o nível de hormônios.
Além do equilíbrio dos hormônios sexuais, a fertilidade do casal depende da saúde do sistema reprodutor em geral. Isso significa ter os órgãos livres de infecções, doenças estruturais e outros tipos de problemas que possam interferir no processo reprodutivo.
Neste post, falaremos sobre os hormônios que participam da fertilidade feminina e masculina. Continue a leitura para saber mais!
O que são hormônios?
Hormônios são mensageiros químicos que atuam nas funções biológicas do organismo. São principalmente produzidos pelas glândulas endócrinas — tireoide, hipófise, suprarrenais, entre outras — e regulam diferentes mecanismos. Alguns dos hormônios associados à fertilidade são secretados pelas gônadas (ovários e testículos).
De modo geral, os hormônios são moduladores de funções específicas, como:
- regulação do metabolismo — incluindo manutenção do peso e da temperatura corporal, frequência cardíaca, pressão sanguínea, mecanismos digestivos e gastrointestinais etc.;
- controle do crescimento e do desenvolvimento;
- características sexuais, libido e funções reprodutivas;
- reações emocionais — aqui entram também os hormônios do sistema neural, chamados neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina.
Quais são os principais hormônios reprodutivos?
Os hormônios têm papel fundamental na fertilidade, tanto que boa parte dos casais inférteis recebe o diagnóstico de alguma disfunção hormonal — com frequência, o problema relaciona-se com distúrbios de ovulação, mas também pode afetar a produção de espermatozoides.
Os principais hormônios envolvidos na fertilidade são:
Hormônio folículo-estimulante (FSH)
O FSH é produzido pela glândula hipófise e está presente nas mulheres e nos homens. O hormônio tem a função de regular a atividade dos ovários e testículos e controlar a maturação dos gametas. Essa substância também tem participação nos processos de crescimento, desenvolvimento e puberdade.
Hormônio luteinizante (LH)
Também produzido pela hipófise, o LH está envolvido na maturação final dos óvulos, no processo ovulatório e no estímulo à produção de progesterona — outro importante hormônio sexual feminino. Nos homens, o LH também regula a função dos testículos, com ação na produção de testosterona e na espermatogênese (produção de espermatozoides).
Progesterona
Progesterona é um dos hormônios que atuam no ciclo menstrual, sendo produzido principalmente pelo corpo-lúteo, estrutura resultante de um folículo ovariano. Na gravidez, essa substância também é produzida pela placenta e ajuda na manutenção da gestação.
Nos homens, o hormônio é encontrado em menor concentração e sua produção ocorre nas glândulas suprarrenais.
Estrogênio
Os estrógenos são produzidos por folículos ovarianos em maturação e, posteriormente, pelo corpo-lúteo, assim como a progesterona. Os hormônios desse grupo, sobretudo o estradiol, participam do ciclo menstrual e são responsáveis pelas características corporais da mulher, como o desenvolvimento dos seios.
Nos homens, a quantidade de estrogênio é menor e a substância ajuda na regulação da saúde óssea e nas funções metabólicas.
Testosterona
Principal hormônio sexual dos homens, a testosterona é responsável pela definição do fenótipo masculino — crescimento de pelos, massa muscular, voz grave etc. Além disso, esse hormônio age na fertilidade por meio do desejo sexual e do estímulo à produção de espermatozoides.
Nas mulheres, a testosterona é encontrada em menores níveis, mas contribui em funções importantes, como crescimento, força muscular e óssea, aumento da libido, entre outras.
Como os hormônios agem na fertilidade?
A fertilidade tem estreita relação com a ação dos hormônios e isso se comprova em várias etapas do processo reprodutivo: desde a produção dos gametas até o desenvolvimento da gravidez. Entenda!
Espermatogênese
Outra importante substância associada à fertilidade é o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). A partir de sua liberação pelo hipotálamo, começa o processo de espermatogênese. O GnRH estimula a hipófise, também chamada de glândula pituitária, a secretar LH e FSH.
O LH, por sua vez, aciona a secreção de testosterona pelos testículos, hormônio que garante a produção dos espermatozoides. O FSH também participa desse processo, além de agir no amadurecimento dos gametas.
Os hormônios atuam tanto na produção e maturação dos espermatozoides quanto no desejo sexual — fator necessário para iniciar o percurso da reprodução.
Ciclo menstrual e ovulação
Os hormônios agem em diferentes momentos do ciclo reprodutivo feminino, o qual é dividido em três etapas: fase folicular, ovulação e fase lútea.
Assim como na espermatogênese, o processo começa com a liberação do GnRh que estimula a glândula hipofisária a liberar FSH e LH. Juntos, esses dois hormônios provocam o crescimento dos folículos ovarianos, unidades que armazenam os óvulos.
O desenvolvimento folicular induz a produção de estrogênio, que começa a desencadear a proliferação das células do endométrio — tecido interno do útero.
Na fase seguinte, ocorre um aumento súbito de LH, levando a um surto pré-ovulatório, o que provoca a maturação final e a ruptura de um folículo ovariano para liberar o óvulo — assim ocorre a ovulação.
O folículo rompido, então, se transforma em corpo lúteo e passa a secretar estrogênio e altas quantidades de progesterona para aumentar a espessura do endométrio e deixá-lo em condições ideais de receber o embrião.
Além de agir na fertilidade, os hormônios também são essenciais durante a gestação. Quando o embrião consegue se implantar no tecido endometrial, tem início a gravidez, que depende da ação de várias substâncias para um desenvolvimento saudável — como: gonadotrofina coriônica humana (human chorionic gonadotropin – hCG), que impede a degeneração do corpo lúteo; progesterona, que mantém a gravidez em curso; ocitocina e prolactina, que participam do parto e da lactação; entre outros hormônios.
Como é o uso dos hormônios na reprodução assistida?
Diante da dificuldade de engravidar, muitos casais procuram a reprodução assistida para investigar o quadro e aumentar as chances de gravidez. Na investigação, são realizados diversos exames masculinos e femininos, incluindo as dosagens hormonais que apontam quando há algum desequilíbrio dos hormônios reprodutivos.
As alterações hormonais não são fatores isolados de infertilidade e podem estar associadas a doenças que precisam ser identificadas e tratadas.
A principal técnica que envolve o uso de hormônios na reprodução assistida é a estimulação ovariana com indução da ovulação. O procedimento é aplicado tanto nos tratamentos de baixa complexidade — relação sexual programada (RSP) e inseminação intrauterina (IIU) — quanto na fertilização in vitro (FIV), um processo mais complexo e que requer dosagens maiores de hormônios.
A fertilidade também depende de boas condições uterinas para receber o embrião. Sendo assim, a reprodução assistida se apoia no uso de hormônios quando é necessário fazer o preparo endometrial da paciente — o que é mais aplicado nos tratamentos por FIV.
Aprofunde o seu conhecimento sobre o tema e leia nosso texto institucional que aborda como os hormônios agem no ciclo da fertilidade!