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ISTs e infertilidade: veja os riscos e o que fazer

Por Equipe Origen

Publicado em 20/01/2021

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) durante muito tempo tiveram notificações reduzidas ou foram consideradas erradicadas em alguns países, porém, algumas como a clamídia, gonorreia e sífilis, voltaram a apresentar uma alta incidência no mundo todo.

Para se ter uma ideia, segundo o relatório mais recente da Organização mundial de Saúde (OMS), de 2019, mais de 1 milhão de casos são registrados diariamente em todo mundo, incluindo o Brasil, entre pessoas de 15 a 49 anos.

A alta incidência é motivada principalmente pela falta do uso de preservativos, prática comum entre jovens na idade reprodutiva, tornando a doença mais prevalente nessa faixa etária, o que contribuiu para aumentar os casos de infertilidade, feminina e masculina.

Além disso, a falta de informação, o preconceito e a ausência de sintomas da maioria delas contribuem para o diagnóstico tardio, aumentando, dessa forma, os danos provocados e a disseminação.

Entenda, neste texto, quais riscos as ISTs podem proporcionar para a fertilidade, os possíveis sintomas que alertam para o problema e as formas de tratamento. Continue a leitura e saiba mais!

O que são ISTs e como elas podem causar infertilidade?

O termo infecção sexualmente transmissível (IST) é usado para designar uma infecção causada por agentes transmitidos pelo contato sexual, por vias oral, vaginal ou anal. Denominadas anteriormente como DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), a alteração na terminologia teve como objetivo enfatizar a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção mesmo sem apresentar sinais e sintomas.

Ao mesmo tempo que são transmitidas sexualmente, podem, ainda, passar da mãe para os filhos durante a gestação, parto ou amamentação.

Todas as ISTS causam danos à saúde em geral, mas duas delas particularmente afetam a capacidade reprodutiva: clamídia, provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis e gonorreia, pela Neisseria gonorrhoeae. Elas, inclusive, podem ocorrer em associação.

No entanto, ainda que as duas doenças sejam quase sempre assintomáticas, elas podem manifestar sintomas que alertam para a necessidade de procurar auxílio médico. Na clamídia, por exemplo, os mais frequentes em mulheres são:

  • Sangramento entre períodos menstruais;
  • Corrimento vaginal com odor forte;
  • Dor abdominal;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Micção urgente com sensação de queimação;
  • Inchaço na vagina ou ao redor do ânus;
  • Febre baixa.

Já os sintomas masculinos mais comuns são:

  • Inchaço e sensibilidade dos testículos;
  • Secreção peniana aquosa e leitosa;
  • Dor e queimação ao urinar;
  • Irritação no ânus e sangramento retal.

Os sintomas femininos manifestados pela gonorreia, por outro lado, são semelhantes aos da clamídia, diferenciando-se apenas no sangramento após o sexo, que também tende a ocorrer, enquanto os masculinos têm o tipo de secreção peniana como principal diferencial: ela é semelhante ao pus.

Se não tratadas corretamente podem evoluir para doença inflamatória pélvica (DIP) e causar infertilidade. A DIP provoca a inflamação dos órgãos reprodutores femininos: ooforite (dos ovários), salpingite (das tubas uterinas), cervicite (do colo do útero) e, do endométrio (endometrite), camada que reveste internamente o útero.

Nos casos em que a inflamação ocorre nos ovários, pode interferir no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos, que contêm os óvulos, e no rompimento deles para liberação do óvulo, resultando em distúrbios de ovulação.

Tende, ainda, a provocar a formação de aderências. Nos ovários, elas impedem a liberação do óvulo e, nas tubas uterinas, a captação dele ou o transporte dos espermatozoides para fecundá-lo. Em ambos os casos a fecundação não acontece.

Quando a infecção espalha do colo do útero para o endométrio (endometrite), pode alterar a receptividade endometrial: nessa camada o embrião implanta, é abrigado e nutrido até que ocorra a formação da placenta.

A receptividade do endométrio é fundamental para a implantação ser bem-sucedida. Nesse caso, pode haver falhas no processo e, como consequência, abortamento.

As ISTs também provocam processos inflamatórios no homem, como epididimite (epidídimos), dutos que armazenam os espermatozoides após serem produzidos, orquite (testículos) e prostatite (próstata). Os processos inflamatórios podem interferir na produção de espermatozoides (espermatogênese), levando à ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia) ou à baixa produção (oligozoospermia), impedindo a fecundação.

Resultam, também, em aderências, nos epidídimos ou dutos ejaculatórios, impedem o transporte dos espermatozoides para que a fecundação aconteça, da mesma forma que interferem na qualidade deles, resultando em abortamento.

A única forma de prevenir a transmissão de ISTs e evitar a disseminação é a prática sexual segura com uso de preservativos, pela mulher ou pelo homem.

Tratamento e reprodução assistida para pessoas inférteis que queiram ter filhos

Quando diagnosticadas precocemente e ainda não causaram maiores danos à saúde reprodutiva, o tratamento de clamídia e gonorreia é bastante simples, realizado por antibióticos prescritos de acordo com o tipo de bactéria.

Como as duas infecções geralmente ocorrem em associação, normalmente é indicado um tratamento simultâneo para ambas. Para evitar a reinfecção o parceiro ou a parceira também deve ser investigado e tratado.

Os órgãos de saúde recomendam que a investigação seja novamente realizada três meses após a conclusão do tratamento. Caso a bactéria ainda esteja presente, o tratamento deverá ser repetido.

Após o tratamento a capacidade reprodutiva é restaurada na maioria dos casos, possibilitando a gravidez espontânea.

No entanto, se a IST tiver causado maiores danos, é indicado o tratamento por fertilização in vitro (FIV), que aumenta as chances de gravidez. Na FIV óvulos e espermatozoides são previamente selecionados e apenas os que possuem boa qualidade são utilizados na fecundação.

Em homens com azoospermia, os espermatozoides podem ser recuperados diretamente dos epidídimos ou dos testículos, onde são produzidos nos túbulos seminíferos.

A fecundação é realizada de forma artificial, em laboratório, e os embriões são posteriormente transferidos para o útero para que a gravidez desenvolva. Assim, as tubas uterinas não possuem nenhuma função no processo, contornando os problemas de obstrução.

A FIV reúne, ainda, um conjunto de técnicas complementares que possibilitam a solução de diversos problemas.

As taxas de gravidez proporcionadas pela técnica também são as mais altas dos tratamentos de reprodução assistida: em média 50% por ciclo.

Siga o link e tenha mais informações sobre a infecção por clamídia.