Quando se fala de técnicas de reprodução assistida, é comum que se pense em algo muito novo na história da medicina, mas a verdade é que o homem já tenta contornar o problema da infertilidade há muito tempo.
Os primeiros registros de inseminação artificial, realizada em equinos, são de 1332, quando a técnica já era experimentada pelos árabes. A utilização do método em humanos, porém, começou no século XVIII, e somente em 1978 nasceu na Inglaterra o primeiro “bebê de proveta”, após uma fertilização in vitro (FIV).
A partir daí, a evolução das técnicas de reprodução assistida não parou mais, e hoje incluem uma série de técnicas complementares, que visam abordar problemas específicos e aumentar as chances de sucesso dos tratamentos.
Uma dessas técnicas é o preparo seminal, em que o sêmen passa por um processo em laboratório para selecionar os melhores espermatozoides e assim favorecer a fecundação. Saiba mais neste artigo.
O que é preparo seminal
Embora a infertilidade tenha sido durante muito tempo considerada um problema feminino, hoje sabe-se que homens e mulheres dividem igualmente a responsabilidade pela dificuldade de engravidar.
Cerca de 40% dos casos de infertilidade se devem a fatores masculinos, e a mesma porcentagem a questões femininas, enquanto em outros 10% há uma combinação de fatores do casal. Dessa forma, as técnicas de reprodução assistida hoje procuram tratar igualmente de fatores femininos e masculinos, para maximizar as chances de sucesso do tratamento.
Nesse contexto, o preparo seminal é uma técnica complementar aos métodos de reprodução assistida, em especial inseminação intrauterina (IIU, popularmente chamada de inseminação artificial) e fertilização in vitro (FIV), pois nelas o sêmen é coletado e manipulado em laboratório. Após a coleta, o objetivo é que os melhores espermatozoides sejam selecionados.
Para isso, primeiro o material passa por uma análise detalhada, por meio de um espermograma. De acordo com o resultado observado nesse exame será definida a técnica mais adequada para o preparo seminal.
Como é o processo: do espermograma ao preparo seminal
Quando o casal realiza uma IIU ou FIV, é importante que o sêmen utilizado tenha espermatozoides de excelente qualidade, para maximizar as chances de gerar embriões. No dia em que será realizada a inseminação (no caso na IIU) ou fertilização em laboratório (no caso da FIV), o homem coleta o sêmen, normalmente por meio de masturbação na própria clínica de reprodução assistida, e a amostra é submetida a um espermograma.
Principal exame utilizado na investigação de infertilidade masculina, o espermograma é usado para avaliar o sêmen obtido. Nele são analisados aspectos como cor, viscosidade, pH, morfologia, quantidade, concentração e motilidade dos espermatozoides. Esses parâmetros são importantes para definir a técnica a ser utilizada no preparo seminal.
Após essa análise, o sêmen coletado passa por um procedimento de lavagem para remover o líquido seminal, agentes infecciosos, espermatozoides sem mobilidade, leucócitos, células germinativas imaturas, entre outras substâncias. Para isso, existem algumas técnicas que podem ser utilizadas, sendo que as principais são o swim-up (migração ascendente) e o gradiente descontínuo de densidade.
Ambas requerem o uso de centrifugação para separar o plasma seminal dos espermatozoides. Esse processo de centrifugação ocorre sob temperatura controlada, com o objetivo de manter os espermatozoides no seu melhor nível de motilidade. Conheça as principais técnicas:
Swim-up
Também chamado de migração ascendente, esse método de preparação espermática conta com a capacidade de locomoção dos espermatozoides para selecionar os melhores gametas, por isso costuma ser indicado quando os parâmetros do espermograma estão dentro do normal.
Nessa técnica, o sêmen é colocado no fundo do tubo de ensaio com meio de cultura especial, e o tubo é levado a uma centrífuga. A centrifugação faz com que os espermatozoides sejam depositados no fundo do tubo. O sobrenadante é retirado e novo meio de cultura é colocado para que os vivos subam, nadando, para a superfície.
Gradiente descontínuo de densidade
Esta técnica é normalmente utilizada quando o resultado do espermograma apresenta níveis de motilidade, concentração ou morfologia abaixo do esperado. O gradiente descontínuo de densidade é capaz de selecionar um percentual maior de gametas, por isso é o método mais utilizado atualmente.
O sêmen é colocado no topo do recipiente, com ambientes de densidades diferentes. Com a força da centrifugação, os espermatozoides com melhor motilidade chegam ao fundo mais rapidamente.
Reprodução assistida
Com o preparo seminal, o sêmen estará em suas melhores condições para o próximo passo da técnica de reprodução assistida que está sendo realizada. Na IIU, isso significa a inseminação propriamente dita, ou seja, a introdução do sêmen no útero, para que os espermatozoides cheguem ao(s) óvulo(s) liberado(s) durante a evolução e tenham mais chances de gerar um embrião.
Já na FIV, a etapa seguinte é a fertilização realizada em laboratório. Na FIV tradicional, o óvulo e uma grande quantidade de espermatozoides, é colocada em um único ambiente, para que a fecundação ocorra de forma natural.
Sendo assim, o preparo seminal é fundamental para aumentar as chances de sucesso desses tratamentos de reprodução assistida.
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