As técnicas de reprodução assistida, sobretudo a FIV (fertilização in vitro), dão a muitos casais que enfrentam problemas de fertilidade a chance de ter filhos biológicos. Esses métodos, porém, trazem maiores chances de alguns fatores menos frequentes em uma gravidez espontânea, como é o caso da gestação de gêmeos ou múltiplos.
Engravidar de gêmeos nem sempre é visto como um problema para os casais, porém é importante que as pessoas que buscam na reprodução assistida uma solução para a infertilidade estejam cientes dos riscos que uma gestação gemelar pode trazer.
Neste artigo, você entenderá melhor qual a relação entre a FIV e a gravidez de gêmeos.
O que é FIV?
A FIV consiste em um método de reprodução assistida que possibilita que a fertilização do óvulo seja feita em laboratório para que, depois, o embrião seja transferido ao útero para que implante no endométrio. Técnica de reprodução assistida mais complexa existente hoje, a FIV é composta por cinco etapas:
- Estimulação ovariana e indução da ovulação, quando a mulher recebe doses de hormônios para estimular o crescimento dos folículos ovarianos;
- Punção dos folículos e coleta dos espermatozoides, para possibilitar a fertilização em laboratório;
- Fertilização, realizada no laboratório;
- Cultivo embrionário, que pode levar até cinco dias de acordo com a estratégia médica, para que os embriões se desenvolvam, ainda em laboratório;
- Transferência dos embriões, quando os embriões são colocados no útero, na expectativa de que ocorra a implantação e, consequentemente, a gravidez.
FIV e gravidez gemelar
Para que ocorra uma gravidez natural, o processo é simples: um óvulo é liberado de um dos ovários da mulher. Se ele for fecundado por um espermatozoide, dá origem a um embrião. Já em uma FIV, na última etapa da técnica (transferência dos embriões), é possível colocar no útero mais de um embrião, de acordo com a idade da paciente. Essa prática busca aumentar as chances de implantação do embrião no útero.
Por outro lado, existe a possibilidade de mais de um embrião se implantar de forma bem-sucedida, o que leva a uma gestação múltipla. As taxas de gravidez gemelar natural são de cerca de 2% em todo o mundo. Nas gestações decorrentes de FIV e outras técnicas de reprodução assistida, esse índice sobe bastante, chegando perto de 15%.
De acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de embriões que podem ser transferidos para o útero da paciente em uma FIV são:
- Mulheres de até 35 anos: até dois embriões;
- Mulheres de 36 a 39 anos: até três embriões;
- Mulheres a partir dos 40 anos: máximo de quatro embriões.
Quando o tratamento é feito com óvulos ou embriões doados, o critério é a idade da doadora no momento da coleta dos gametas, sendo quatro o número máximo de embriões utilizados em uma transferência.
Diferença entre a FIV e outras técnicas de reprodução assistida
Diferentemente das técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade, como a relação sexual programada (RSP) (também conhecida como coito programado) ou a inseminação intrauterina (IIU, conhecida popularmente como inseminação artificial), nas quais a fertilização ocorre no interior do útero, na FIV o óvulo é fecundado em laboratório.
Nas técnicas de baixa complexidade, que também se utilizam da estimulação ovariana, o que tende a aumentar o número de óvulos liberados naquele ciclo menstrual, as chances de gravidez múltipla aumentam. Essa estimulação, porém, é controlada para que o número de folículos ovarianos maduros não passe de três. Caso passe, o tratamento é cancelado e reiniciado em ciclo menstrual posterior.
Já em uma FIV, como a fecundação ocorre em laboratório, a estimulação ovariana é feita para que o máximo de óvulos possam ser retirados para a fertilização. Quando os embriões são transferidos para o útero – muitas vezes mais de um, para aumentar a probabilidade de que ocorra a implantação, como explicado acima –, as chances de gravidez gemelar aumentam ainda mais.
Riscos de uma gravidez gemelar
Embora não seja vista como problema ou até mesmo seja desejada por muitos casais, a gravidez múltipla pode trazer riscos para a mãe e bebê. Entre as principais complicações estão a possibilidade de parto prematuro e baixo crescimento fetal, além de problemas de saúde para a gestante, como diabetes gestacional, hipertensão e pré-eclâmpsia.
Portanto, ao optar por fazer uma FIV ou qualquer outro método de reprodução assistida, é importante que o casal esteja ciente de que existe uma chance maior de gravidez múltipla e sobre os riscos que esse tipo de gestação pode trazer.
Dessa forma, é possível buscar o acompanhamento adequado e tomar todos os cuidados necessários para evitar complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. É comum, por exemplo, que a gestante precise fazer visitas ao obstetra e exames de ultrassom com mais frequência, além de observar com mais cuidado a alimentação e controlar a pressão, entre outras medidas.
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