A infertilidade masculina merece tanta atenção quanto a feminina. Isso significa que ambos os parceiros, homem e mulher, precisam ser detalhadamente avaliados quando o casal decide fazer um acompanhamento médico para engravidar. Dessa forma, é possível elucidar as causas e chegar a indicações personalizadas de tratamento — dentre as quais, a ICSI é uma opção.
Com o avanço dos estudos no campo da medicina reprodutiva, foi verificado que há diversos fatores que podem deixar o homem infértil. Portanto, ao contrário do que se acreditava no passado, sabemos hoje que a infertilidade não é exclusivamente feminina. Na metade dos casos, podem existir problemas masculinos envolvidos.
Você verá mais sobre infertilidade masculina, neste post, e entenderá a importância da ICSI. Leia e confira!
Fatores relacionados à infertilidade masculina
O homem pode ficar infértil devido a vários fatores. Há condições leves e de fácil manejo, assim como existem casos bastante graves nos quais o sêmen não contém espermatozoides.
Lembrando que: o sêmen é o fluído ejaculado pelo homem, os espermatozoides são as células reprodutivas. O líquido seminal tem diferentes elementos em sua composição, recebidos pelas secreções das glândulas acessórias. Os espermatozoides, mesmo que aos milhões, são microscópicos e ocupam uma mínima fração do sêmen.
Somente um espermograma pode revelar se as células reprodutivas estão ou não presentes no líquido seminal. Diante da ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia) ou de outras condições, como baixa quantidade e alteração na motilidade ou na morfologia dos gametas, o homem pode precisar realizar outros exames para descobrir as causas das anormalidades seminais.
As causas das alterações espermáticas e, por consequência, da infertilidade masculina incluem:
- varicocele;
- deficiências hormonais;
- infecções genitais;
- fatores genéticos;
- bloqueios no sistema de ductos do trato reprodutivo, como a obstrução dos canais deferentes (resultante de vasectomia ou defeito congênito).
O estilo de vida e fatores ambientais também podem interferir na fertilidade, incluindo tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, exposição a poluentes e radiação, entre outros. Vale ressaltar que em pelo menos 50% dos casos não existe uma causa definida.
Quando a infertilidade masculina é identificada, o tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, medicamentos ou cirurgias. No entanto, em casos mais complexos, a reprodução assistida apresenta possibilidades para que o casal consiga ter filhos biológicos.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI)
ICSI é a sigla para injeção intracitoplasmática de espermatozoide, uma importante modalidade de fertilização in vitro (FIV). Inicialmente, essa técnica era indicada para tratar casos de infertilidade masculina, demonstrando eficácia para contornar problemas como baixa quantidade de espermatozoides coletados e viáveis para fecundar os óvulos.
No contexto atual da reprodução humana assistida, a FIV com ICSI é realizada com frequência — não somente nos casos de alterações masculinas, mas também em tratamentos de outros fatores diversos de infertilidade conjugal.
Na FIV clássica, milhares de espermatozoides são colocados ao redor do óvulo para que eles se aproximem e realizem a fecundação. Na ICSI, um único espermatozoide é micromanipulado de cada vez, com o auxílio de microscópio de alta potência, e injetado no citoplasma de um óvulo.
Essa técnica é especialmente importante para casais com baixa contagem espermática ou com espermatozoides de baixa motilidade. No entanto, a ICSI não deve ser vista como uma solução para todos os casos, pois as taxas de sucesso dependem de muitas variáveis. A personalização do tratamento é essencial para aumentar as chances de bons resultados.
ICSI e técnicas de recuperação espermática
Os procedimentos de recuperação espermática (PESA, MESA, TESE e Micro-TESE) podem ser a solução para homens com azoospermia, ou seja, quando os espermatozoides não são encontrados no sêmen, ou mesmo em casos de baixíssima qualidade no ejaculado.
Com essas técnicas, é possível coletar os gametas diretamente dos testículos ou dos epidídimos. Veja quais são:
- PESA (Aspiração Percutânea de Espermatozoides do Epidídimo);
- MESA (Aspiração Microcirúrgica de Espermatozoides do Epidídimo);
- TESE (Extração Testicular de Espermatozoides);
- Micro-TESE (Microdissecção Testicular).
PESA e MESA são indicadas para pacientes com azoospermia obstrutiva, na qual a produção de espermatozoides é normal, mas eles não chegam ao sêmen devido a algum bloqueio no trato reprodutivo.
Já as técnicas TESE e Micro-TESE são realizadas nos casos de azoospermia não obstrutiva, que envolve uma falha na produção espermática, de modo que é preciso acessar os túbulos seminíferos nos testículos para procurar focos de espermatogênese ativa.
Geralmente, é possível coletar um número suficiente de espermatozoides com os procedimentos de recuperação espermática, os quais são utilizados para fecundar os óvulos por meio da ICSI.
O passo a passo da FIV com ICSI
A FIV com ICSI segue um percurso bem definido, dividido em várias etapas, da mesma forma que a FIV clássica — a única diferença é a fertilização dos óvulos com injeção intracitoplasmática. O passo a passo inclui:
- estimulação ovariana;
- aspiração folicular e coleta dos óvulos;
- coleta e preparação dos espermatozoides;
- fertilização dos óvulos;
- cultivo dos embriões em incubadora;
- transferência dos embriões para o útero.
Embora os fatores complexos de infertilidade masculina, como a azoospermia, sejam um desafio para os casais que desejam engravidar, os avanços da reprodução assistida têm permitido que muitos superem essas dificuldades. A FIV com ICSI se apresenta como uma alternativa promissora nesses casos, principalmente quando indicada de forma personalizada.
Achou o tema interessante? Leia também o texto completo sobre FIV- fertilização in vitro, que detalha todas as etapas da técnica!