Engravidar e levar uma gestação adiante de forma saudável nem sempre é simples. Para muitas pessoas, os tratamentos de reprodução assistida representam uma esperança concreta de realizar o sonho de ter filhos. Porém, algumas condições clínicas podem afetar o sucesso desses tratamentos e a evolução da gravidez — é o caso da trombofilia.
Trombofilia é o termo que define uma predisposição para a formação excessiva de trombos ou coágulos sanguíneos. Essa condição pode ser hereditária ou adquirida. Muitas pessoas não chegam a desenvolver sintomas graves, mas, para outras, ela se torna um fator de risco importante, tanto para complicações obstétricas quanto para outros problemas graves de saúde.
Continue a ler este post e entenda quais são os riscos da trombofilia na reprodução assistida e quais cuidados devem ser tomados para que a saúde da mulher e do bebê sejam preservadas!
Quais são os riscos da trombofilia?
A trombofilia é um distúrbio do sistema de coagulação sanguínea. Pessoas com essa alteração podem desenvolver coágulos que bloqueiam os vasos sanguíneos e causam complicações à saúde e à fertilidade.
Quando a trombofilia é hereditária, ela decorre de mutações genéticas que afetam os mecanismos naturais de coagulação. Já a condição adquirida tem relação principalmente com a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF), um distúrbio autoimune.
Por se tratar de um estado de predisposição, e não exatamente de uma doença, a trombofilia pode passar despercebida até ser desencadeada por situações apontadas como fatores de risco, como cirurgias, longos períodos de imobilização ou a própria gestação.
A gestação e o pós-parto colocam o corpo da mulher em um estado de hipercoagulabilidade para evitar hemorragias, agravando os riscos de formação de trombos nas mulheres que têm trombofilia.
Entre os problemas reprodutivos e obstétricos associados à trombofilia, estão:
- Possível falha de implantação do embrião do útero, ainda que as evidências sejam consideradas fracas;
- abortamento;
- pré-eclâmpsia;
- descolamento prematuro da placenta;
- restrição de crescimento fetal;
- parto prematuro.
Essas complicações podem acontecer porque o excesso de coágulos compromete o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta, dificultando a nutrição e a oxigenação adequadas do embrião ou feto.
Além da infertilidade feminina e das possíveis intercorrências gestacionais, a trombofilia oferece riscos importantes à saúde geral. Entre eles:
- trombose venosa profunda, que afeta geralmente as pernas, causando dor e inchaço;
- embolia pulmonar, ocorre quando o coágulo se desloca e atinge o pulmão, comprometendo a respiração;
- acidente vascular cerebral (AVC), pode acontecer em casos mais graves, quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido.
Quais são os riscos da trombofilia na reprodução assistida?
Na reprodução assistida, os riscos da trombofilia são semelhantes aos observados nas gestações naturais, incluindo falha de implantação e abortamento. No entanto, existem algumas particularidades importantes a considerar.
Em geral, quem busca tratamentos de reprodução assistida, sobretudo a fertilização in vitro (FIV), já vivenciou dificuldades prolongadas para engravidar, ou até perdas gestacionais, e precisa de um tratamento personalizado para investigar e superar fatores clínicos ou genéticos. Nesse contexto, a trombofilia se torna um agravante relevante, pois pode aumentar o risco de falhas no tratamento, perda de embriões (evidências fracas) e complicações obstétricas (evidências fortes).
Vale lembrar, ainda, que os tratamentos de reprodução assistida demandam:
- alto investimento emocional, devido às frustrações já vividas e às expectativas quanto aos resultados;
- custos financeiros significativos;
- tempo e energia dedicados ao processo.
Portanto, minimizar os riscos é essencial, e isso inclui investigar e tratar a trombofilia em casos de perdas gestacionais recorrentes e alguns casos de falha de implantação.
Quais cuidados são necessários para lidar com a trombofilia na reprodução assistida?
O primeiro passo é o diagnóstico adequado. Para isso, é importante realizar exames específicos para a pesquisa de trombofilia, especialmente no caso de mulheres com histórico de abortamento de repetição, eventos trombóticos anteriores ou história familiar de trombose venosa profunda.
Com o diagnóstico em mãos, o médico poderá indicar os cuidados adequados, por exemplo:
- uso de medicamentos anticoagulantes, como a heparina de baixo peso molecular, que pode ser administrada no momento adequado durante o tratamento de FIV, na gestação e até o puerpério;
- suplementação de ácido fólico e vitaminas do complexo B;
- controle rigoroso de outros fatores de risco, como obesidade, tabagismo e sedentarismo;
- acompanhamento multidisciplinar com equipe composta por ginecologista, hematologista, obstetra e, se necessário, geneticista.
Além disso, existem técnicas específicas dentro da FIV que podem ajudar a otimizar os resultados de pacientes com trombofilia. Isso inclui o acompanhamento criterioso da resposta à estimulação ovariana e um protocolo de transferência embrionária adaptado às condições clínicas da mulher.
Embora nem todas as pacientes com trombofilia apresentem complicações, elas precisam ser acompanhadas com maior atenção diante desse diagnóstico. Ademais, cada caso é único, por isso é importante personalizar todas as fases do tratamento de reprodução assistida para reduzir os riscos e aumentar as chances de sucesso.
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