Vários fatores estão envolvidos na fertilidade feminina, dentre os mais importantes, estão: equilíbrio hormonal, ovulação regular, qualidade dos óvulos, permeabilidade tubária (tubas uterinas sem obstrução), condições anatômicas do útero e receptividade endometrial.
O endométrio é o tecido que reveste o interior do útero e se prepara, a cada ciclo menstrual, para receber um embrião. Ele é sensível às variações dos hormônios reprodutivos, sobretudo do estrogênio e da progesterona, que alteram as características endometriais para deixar o ambiente uterino mais adequado para a implantação embrionária.
O tecido endometrial precisa estar em condições ideais para que um embrião consiga se fixar, tanto em gestações naturais quanto em tratamentos de reprodução assistida. É nesse contexto que surge o conceito de receptividade endometrial, essencial para a fertilidade feminina e o sucesso da gravidez.
Leia este artigo completo para entender mais sobre a importância da receptividade endometrial para a fertilidade!
O que é receptividade endometrial?

A receptividade endometrial se refere à capacidade do endométrio de receber um embrião com condições apropriadas para permitir que ele se implante e comece seu desenvolvimento gestacional. Esse momento mais favorável ou mais receptivo do mês ocorre durante a janela de implantação, um período de poucos dias em que o endométrio está mais preparado pelos hormônios.
A janela de implantação geralmente acontece entre os dias 19 e 21 do ciclo menstrual (em ciclos regulares de aproximadamente 28 dias), embora possa variar de mulher para mulher. Durante esse intervalo, o endométrio apresenta modificações celulares e moleculares que tornam possível a comunicação entre embrião e útero.
Para atingir as características necessárias da janela de implantação, o endométrio passa por modificações desde o começo do ciclo menstrual:
- durante a fase proliferativa, que abrange as duas primeiras semanas a partir da menstruação (em ciclos regulares de aproximadamente 28 dias), as células do endométrio começam a crescer, ele se renova e aumenta de espessura sob o estímulo do estrogênio;
- após a ovulação, o tecido endometrial se transforma em um ambiente mais receptivo com a ação progestagênica, com glândulas e vasos preparados para acolher e nutrir um embrião — a progesterona, nessa fase, é secretada pelo corpo-lúteo, uma estrutura endócrina formada com os resíduos celulares do folículo ovariano que liberou o óvulo.
Se a fecundação do óvulo não acontecer e não houver um embrião para se implantar, parte do endométrio é descartada na menstruação e outro ciclo começa. Se a camada endometrial estiver receptiva, um óvulo for fertilizado e a implantação embrionária ocorrer, inicia-se a gestação.
O que pode alterar a receptividade endometrial?
Mesmo quando há óvulos e espermatozoides saudáveis e uma fertilização bem-sucedida, a gravidez só acontece se o embrião conseguir se implantar no útero. Para que isso aconteça a receptividade endometrial é determinante.
Condições que deixam o útero menos receptivo estão entre as causas de infertilidade feminina. A falta de receptividade endometrial também pode estar presente em casos de infertilidade sem causa aparente (ISCA) e falhas repetidas de implantação em ciclos de fertilização in vitro (FIV).
Entre os fatores que podem interferir na receptividade do endométrio, estão:
- alterações hormonais, sobretudo a insuficiência lútea (produção deficiente de progesterona);
- inflamações uterinas;
- endométrio fino;
- pólipo endometrial;
- mioma submucoso;
- sinequias;
- alterações na microbiota intrauterina;
- doenças imunológicas ou de coagulação, como as trombofilias;
- síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Receptividade endometrial na reprodução assistida: o que pode mudar?
A receptividade endometrial é importante tanto em gestações naturais quanto nos tratamentos de reprodução assistida. O que pode mudar é que, no âmbito da medicina reprodutiva, essa alteração pode ser monitorada e estratégias específicas podem ser adotadas para deixar o útero mais receptivo antes da etapa de implantação embrionária.
Quando há repetidas falhas em ciclos de FIV, mesmo com embriões de boa qualidade, os médicos podem suspeitar que o problema esteja na janela de implantação e na receptividade endometrial.
A investigação das condições do endométrio é especialmente relevante para pacientes que tiveram insucesso em tratamentos anteriores, histórico de abortamento de repetição e ausência de outros fatores que justifiquem a infertilidade.
Veja alguns dos exames que podem avaliar a saúde endometrial:
- ultrassonografia pélvica transvaginal, que é útil para medir a espessura e avaliar o aspecto do endométrio, identificando possíveis anormalidades estruturais;
- histeroscopia diagnóstica, que permite visualizar diretamente o interior do útero;
- histerossonografia, um exame de ultrassom do útero feito com infusão salina para melhorar a visibilização;
- biópsia endometrial, feita para investigar inflamações e alterações celulares (ainda controverso).
Além dos exames para investigação de alterações no endométrio, há estratégias que visam melhorar a receptividade endometrial, como:
- uso de antibióticos, anti-inflamatórios ou probióticos para o tratamento de infecções, inflamações ou desequilíbrios da microbiota uterina (ainda controverso);
- ajuste de medicações hormonais para o preparo uterino durante o tratamento de reprodução assistida, antes da transferência dos embriões para o útero;
- aplicação de técnicas laboratoriais como o EmbryoGlue, um meio de cultura com ácido hialurônico, no qual os embriões podem ser colocados antes da transferência para o útero — é uma estratégia que pode favorecer a implantação em alguns casos.
A investigação da receptividade endometrial permite uma abordagem mais personalizada, que respeita as necessidades específicas de cada mulher. Portanto, avaliar e cuidar das condições do útero é um passo importante para quem deseja engravidar.
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