A endometriose profunda é considerada a forma mais agressiva dessa doença, com sintomas intensos, comprometimento funcional dos órgãos pélvicos e repercussões negativas na qualidade de vida da mulher. Entretanto, os tipos mais brandos de endometriose também podem ter manifestações sintomáticas graves e, inclusive, provocar infertilidade feminina.
Saber reconhecer os sintomas de endometriose profunda é fundamental para buscar avaliação médica o quanto antes, considerando que essa é uma doença complexa e que pode demorar anos até ser diagnosticada. Além disso, sintomas como cólicas menstruais e dor pélvica podem ser confundidos com manifestações comuns do período menstrual ou com outras patologias ginecológicas.
Pensando nas dúvidas que as portadoras podem ter em relação aos sintomas de endometriose, elaboramos este post com informações que podem ajudar. Continue a leitura para saber mais sobre o tema!
O que é endometriose e quais são os tipos da doença?
A endometriose é uma patologia que provoca inflamação crônica nos órgãos da região pélvica — e, em casos mais raros, se desenvolve de forma extrapélvica, alcançando partes do corpo bem distantes do útero. O que ocorre nessa doença é que um tecido semelhante ao da mucosa intrauterina (endométrio) cresce fora do útero.
Os implantes de tecido endometrial ectópico são principalmente encontrados nos ovários, nas tubas uterinas e no intestino. As lesões também aparecem com frequência em locais como bexiga, ureteres, vagina, septo retovaginal e ligamentos que sustentam o útero.
O endométrio é o local onde o embrião se implanta no início da gravidez. Para ficar em condições receptivas, os hormônios reprodutivos (estrogênio e progesterona) modificam esse tecido ao longo do ciclo menstrual. Quando não acontece a fertilização do óvulo, a mucosa uterina descama e provoca o sangramento que conhecemos como menstruação.
O mesmo processo de resposta aos hormônios e sangramento ocorre com o endométrio que cresce fora do útero, mas isso causa uma inflamação nos órgãos atingidos pelas lesões. Por consequência, a reação inflamatória provoca sintomas em vários níveis de gravidade, podendo ser brandos ou severos e incapacitantes — sobretudo, durante o período menstrual.
A endometriose profunda é um dos tipos da doença. Essa patologia é classificada de acordo com suas apresentações morfológicas e pode ser diagnosticada de três formas distintas:
Endometriose peritoneal superficial
Caracteriza-se pela presença de lesões no peritônio, mas os implantes não se aprofundam nesse tecido — o peritônio é uma membrana que protege os órgãos do abdômen e da região pélvica. Esse é o tipo mais comum de endometriose e, embora seja chamado de superficial, também pode causar dores e infertilidade.
Endometriose ovariana ou endometrioma
Endometriomas são cistos preenchidos com sangue envelhecido, que se formam quando o tecido endometriótico se implanta nos ovários. Essa é a forma da doença que mais tem associação com os casos de infertilidade, uma vez que a reserva ovariana pode ser prejudicada. Muitas pacientes que apresentam endometriose ovariana também são diagnosticadas com a doença profunda.
Endometriose profunda
A endometriose infiltrativa profunda tem essa denominação porque as lesões endometrióticas se infiltram por mais de 5 mm na membrana peritoneal e se instalam nos órgãos, comprometendo seu funcionamento. Tubas uterinas, intestino e região retrocervical estão entre as partes mais atingidas.
Quais são os sintomas da endometriose profunda?
Os sintomas de endometriose são diversos, isto é, cada portadora tem apresentações diferentes da doença. Por mais que a endometriose profunda seja considerada a forma mais grave, não há exatamente uma relação entre a profundidade das lesões e a intensidade dos sintomas. Contudo, a maior parte das queixas clínicas inclui:
- cólicas menstruais intensas;
- dor pélvica que pode se tornar crônica, com manifestações também fora do período menstrual;
- dor no fundo da vagina durante o ato sexual, condição chamada de dispareunia de profundidade;
- dificuldades urinárias e intestinais cíclicas — o que significa que a mulher com endometriose profunda e lesões na bexiga e no intestino pode sentir dor ao urinar e evacuar durante os dias de menstruação, além de sintomas como diarreia e sangramento retal.
A dificuldade para engravidar não é uma manifestação sintomática, mas é um possível sinal de endometriose profunda. Isso porque a doença pode deixar a mulher infértil por diferentes razões, incluindo: distorção anatômica dos órgãos; obstrução nas tubas uterinas; liberação de citocinas pró-inflamatórias que prejudicam a ovulação, a fertilização e a movimentação dos espermatozoides e/ou do embrião.
Diante desses sinais e sintomas, é importante procurar ajuda médica para investigar a presença da endometriose. O diagnóstico é baseado na avaliação clínica, no exame físico e em técnicas de imagem como a ultrassonografia pélvica e a ressonância magnética.
Quais são as possibilidades para a mulher com endometriose e infertilidade?
Depois de uma avaliação detalhada para mapear as lesões endometrióticas, definimos o manejo terapêutico da doença. Para pacientes inférteis que desejam engravidar. São três as possibilidades de tratamento: medicamentoso (primeira escolha para quem não tem o desejo de maternidade ou para jovens com boa reserva ovariana), técnicas de reprodução assistida e cirurgia para remoção do tecido endometriótico, que deve ser sempre a última escolha pois pode reduzir significativamente a reserva ovariana, devendo ser realizada apenas em casos mais graves.
A cirurgia é feita por videolaparoscopia, técnica que potencialmente é minimamente invasiva, e é controversa sua efetividade para melhorar o funcionamento do sistema reprodutor.
Na reprodução assistida, existem várias técnicas para facilitar a gestação em mulheres com endometriose profunda, a mais indicada nesses casos é a fertilização in vitro (FIV). Com a FIV, é possível contornar problemas causados pelas lesões endometrióticas, como falhas na ovulação e obstrução tubária. A técnica é principalmente indicada para mulheres com mais de 35 anos e outros fatores concomitantes de infertilidade.
Tem dúvidas a respeito dessa doença? Confira mais informações em nosso texto institucional sobre endometriose.