O muco cervical é uma substância produzida no corpo da mulher — precisamente no colo do útero — que altera suas características ao longo do ciclo menstrual e tem importante relação com a fertilidade.
Antes de abordarmos o muco cervical de forma mais detalhada, vamos lembrar que o colo do útero, também chamado de cérvice ou cérvix, é a parte do aparelho sexual feminino que separa os órgãos do trato inferior e superior.
O sistema reprodutor feminino é formado por útero, tubas uterinas e ovários em sua região superior. Em resumo, esses órgãos são responsáveis pelos processos de desenvolvimento dos gametas, ovulação, fecundação, transporte do embrião, proteção e nutrição fetal durante toda a gravidez.
O trato genital inferior é constituído por vulva, vagina e colo do útero. No processo de reprodução, esses órgãos estão relacionados à função sexual e à introdução dos espermatozoides no corpo da mulher.
Por serem mais próximos ao meio externo, os órgãos do trato inferior são mais expostos ao contato com microrganismos, mas o muco cervical ajuda a evitar a migração de agentes infecciosos para o aparelho reprodutivo superior.
Confira o post inteiro, entenda o que é muco cervical, quais são suas funções e sua relação com a fertilidade!
Afinal, o que é muco cervical?
O muco cervical é um fluído viscoso secretado por glândulas do colo do útero. Características como volume, consistência e opacidade do muco passam por modificações ao longo do ciclo menstrual, decorrentes da ação dos hormônios reprodutivos.
Na maioria dos dias, o muco cervical é bastante denso e impede a passagem dos espermatozoides para o útero. À medida que a ovulação de aproxima, o muco vai reduzindo sua consistência, ficando quase aquoso. Também se apresenta mais claro, filamentoso e abundante.
No período fértil, principalmente no dia da ovulação, o muco cervical pode ser notado na roupa íntima ou durante a higiene pessoal como uma secreção transparente, elástica e pegajosa, semelhante a fios de clara de ovo cru. A mulher também pode perceber nesse período do mês um aumento no desejo sexual e na lubrificação vaginal, acompanhado por um discreto inchaço nos tecidos da vulva.
A produção do muco cervical, assim como a lubrificação normal da vagina, é estimulada pelo estrogênio — hormônio que também ativa a proliferação das células do tecido interno do útero (endométrio), causando o aumento de sua espessura para que ele fique adequado à implantação de um embrião.
Qual é a importância do muco cervical na fertilidade?
O muco cervical é importante para a fertilidade, pois altera suas características no período da ovulação, ficando mais fino para facilitar a migração dos espermatozoides até as tubas uterinas, onde a fecundação acontece.
A qualidade fértil do muco cervical também está relacionada à nutrição e à proteção que ele oferece aos espermatozoides. Isso é necessário porque os gametas masculinos encontram barreiras naturais no trato reprodutivo feminino que poderiam impedi-los de chegar às tubas.
Outra função fundamental do muco cervical é proteger o útero da entrada de microrganismos infecciosos presentes no trato genital inferior. Alguns agentes de ação mais severa, como aqueles que causam clamídia e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), podem desencadear a doença inflamatória pélvica (DIP).
A DIP está fortemente associada à infertilidade feminina, sobretudo em razão dos quadros de endometrite, inflamação intrauterina que afeta a receptividade endometrial, e salpingite, inflamação nas tubas que pode resultar em obstrução tubária.
Quando ocorre inflamação no colo do útero (cervicite), o muco cervical pode sofrer alterações, inclusive permitindo o acesso dos patógenos aos órgãos superiores. Ainda, outras condições podem afetar as características do muco, como uso de anticoncepcionais, ausência de ovulação e disfunções hormonais — visto que sua produção é estimulada pelo estrogênio.
Muco cervical e RSP: qual a relação?
A relação sexual programada (RSP) ou coito programado é um tratamento de baixa complexidade, indicado para mulheres com disfunções ovulatórias. É a única técnica da reprodução assistida que também requer que o casal tenha relações sexuais para engravidar, assim como no processo natural.
Com as outras técnicas — inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) —, os espermatozoides são colocados no útero da paciente. Na inseminação, a fecundação ainda acontece naturalmente nas tubas uterinas, enquanto na FIV, os óvulos são fertilizados em laboratório e transferidos para o útero em fase de implantação.
Portanto, a qualidade fértil do muco cervical é importante para o casal que vai realizar a RSP. Essa técnica consiste, de forma resumida, em induzir a ovulação da paciente e orientar o casal a programar as relações sexuais para os dias do período fértil.
A estimulação ovariana e a indução da ovulação são feitas com medicamentos hormonais e o dia da liberação do óvulo é previsto a partir do acompanhamento seriado com exames de ultrassonografia e dosagens hormonais.
Como acontece em ciclos ovulatórios naturais, a paciente também poderá notar a presença do muco cervical como uma secreção clara e elástica durante o período fértil. Nesses dias, há boas chances de fertilização.
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