A histeroscopia é uma ferramenta diagnóstica importante nas áreas de ginecologia e reprodução assistida. É considerada a técnica padrão-ouro quando a finalidade é investigar e tratar alterações na cavidade do útero.
São duas formas de realizar uma histeroscopia: com abordagem ambulatorial ou cirúrgica. A primeira é feita com o objetivo principal de diagnosticar doenças uterinas, embora as pequenas lesões possam ser imediatamente tratadas com esse procedimento. Já a modalidade cirúrgica tem um amplo leque de indicações terapêuticas.
A histeroscopia cirúrgica é realizada em hospital, em bloco operatório, quando indicada para corrigir anormalidades intrauterinas que já foram identificadas na avaliação clínica e em outros exames de imagem. Também é importante para estabelecer a confirmação diagnóstica do problema que está sendo tratado.
Para entender melhor como a histeroscopia é realizada e quando é indicada, acompanhe este post até o final!
Quais são as indicações da histeroscopia?
A histeroscopia é uma das técnicas indicadas durante a investigação da infertilidade feminina, assim como a ultrassonografia pélvica e a histerossalpingografia. Por permitir a visualização direta da cavidade uterina, pode detectar lesões que não são claramente identificadas nos outros exames.
O sangramento uterino anormal (SUA) também é uma condição que leva muitas mulheres à realização de uma histeroscopia. Várias doenças uterinas podem estar por trás desse problema, as quais também podem estar relacionadas à infertilidade.
O procedimento de histeroscopia também é indicado quando há necessidade de realizar uma biópsia endometrial — seja por suspeita de câncer, seja para confirmar o diagnóstico de uma condição benigna. Sendo assim, dependendo da alteração encontrada, uma amostra de tecido intrauterino é colhida e enviada para análise histopatológica e imuno-histoquímica para detecção de marcadores relacionados a falhas de implantação.
Agora, veja quais são as doenças uterinas que podem ser efetivamente tratadas com a histeroscopia cirúrgica!
Mioma
Miomas são achados comuns na inspeção uterina, principalmente em mulheres com mais de 40 anos, embora possam aparecer em qualquer momento durante a idade fértil. São tumores benignos que crescem no miométrio, camada intermediária da parede do útero.
Os miomas são classificados em três tipos: os submucosos crescem na direção do endométrio, camada interna do órgão; os intramurais se desenvolvem dentro da parede uterina; os subserosos se projetam para a superfície externa do útero.
Não são todos os tipos de mioma que causam infertilidade, assim como nem todos podem ser retirados com histeroscopia cirúrgica. A indicação é para os casos de miomas submucosos, que distorcem a superfície endometrial e invadem a cavidade uterina. Os intramurais e subserosos são removidos por videolaparoscopia.
Pólipo endometrial
Os pólipos são projeções do próprio tecido endometrial, caracterizando um tipo de nódulo. Podem surgir como únicos ou múltiplos, chegando a se espalhar por grande parte da superfície do endométrio, o que provoca falhas de implantação embrionária e aborto espontâneo.
Um dos principais sintomas dos pólipos é o sangramento uterino anormal. Isso pode ocorrer tanto com mulheres em idade fértil quanto na pós-menopausa.
A maioria dos especialistas indica a retirada dos pólipos e a biópsia endometrial nesses casos, devido ao pequeno risco de que essas alterações evoluam para um câncer de endométrio. Além disso, a maioria dos pólipos está associada à endometrite.
Malformações congênitas
Falhas no processo de desenvolvimento dos órgãos femininos durante o período embrionário podem resultar em malformações uterinas. São condições normalmente assintomáticas, mas que modificam a anatomia do útero e reduzem o espaço da cavidade, oferecendo risco de abortamento recorrente e outras complicações obstétricas.
Dentre os vários tipos de malformação uterina, o septo é o que tem mais chances de ser efetivamente tratado com a histeroscopia cirúrgica. O útero septado apresenta uma parede de tecido que divide a cavidade uterina. Na cirurgia, essa parede ou septo é removida, restaurando a anatomia do órgão e seu espaço intracavitário.
Sinequias
As sinequias são faixas de tecido cicatricial que aderem aos lados opostos da parede uterina, formando pontes que ocluem a cavidade. Além da infertilidade, podem causar irregularidades menstruais e até supressão da menstruação.
O processo de cicatrização que leva à formação das sinequias é resultante de manipulação e instrumentação intrauterina durante procedimentos médicos, como curetagem, cesariana e outras cirurgias.
A histeroscopia cirúrgica, como procedimento único ou complementada pela videolaparoscopia, é indicada para remover as sinequias com a finalidade de normalizar o fluxo menstrual e tratar a infertilidade causada por essa alteração.
Como é o procedimento cirúrgico da histeroscopia?
A histeroscopia cirúrgica faz parte das abordagens de endoscopia ginecológica, sendo reconhecida por sua efetividade, além de baixa morbidade e rápida recuperação pós-operatória.
São diferentes modalidades da cirurgia histeroscópica, dependendo da doença a ser tratada — por exemplo, a miomectomia é destinada à remoção dos miomas e a polipectomia é indicada para tratamento dos pólipos. Então, cada procedimento é feito de uma forma específica e com instrumentos que permitem a ressecção completa das lesões.
De modo geral, a histeroscopia cirúrgica é feita com a paciente anestesiada e em posição ginecológica. Um instrumento com sistema de iluminação e microcâmera acoplada (histeroscópio), é introduzido pela vagina da paciente.
Além de transmitir imagens do interior do útero em tempo real, o histeroscópio permite a introdução de instrumentos de calibre reduzido para realizar as intervenções cirúrgicas.
A histeroscopia não é realizada em casos de diagnóstico confirmado de câncer de endométrio ou de colo do útero, processos inflamatórios ativos na região pélvica e gravidez.
Na área de reprodução assistida, a histeroscopia cirúrgica é indicada para pacientes com infertilidade por fatores uterinos, como os que foram descritos. Após melhorar as condições do útero, a mulher pode completar seu tratamento com fertilização in vitro (FIV) com mais chances de engravidar e levar sua gestação até o final.
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