Para uma gestação começar, é necessário que vários processos aconteçam nos aparelhos reprodutivos feminino e masculino. Embora o feto se desenvolva no corpo da mulher, a fertilidade do homem também envolve aspectos determinantes, como motilidade e morfologia dos espermatozoides.
Quando falamos em fertilidade, o assunto é bem mais complexo do que parece. Tanto a mulher quanto o homem precisam ter o sistema reprodutor saudável e em pleno funcionamento para que uma gravidez aconteça naturalmente.
De modo geral, um sistema reprodutor com capacidade fértil depende de: equilíbrio na secreção dos hormônios para a produção e o amadurecimento dos gametas (óvulos e espermatozoides); órgãos reprodutores sem obstruções e distorções anatômicas; ausência de infecções genitais, doenças estruturais e outros processos inflamatórios.
Se não houver nenhum fator de infertilidade feminina ou masculina, o casal tem cerca de 20% de chance de engravidar em cada período fértil da mulher, ou seja, próximo ao dia da ovulação.
Acompanhe este artigo, saiba mais sobre a fertilidade masculina e entenda a importância da motilidade e da morfologia dos espermatozoides!
Quais são os fatores importantes da fertilidade masculina?
O homem precisa produzir gametas em quantidade suficiente para ser capaz de engravidar sua parceira. Além disso, a qualidade das células sexuais e seu transporte pelos ductos do trato reprodutivo masculino são fatores importantes.
Os espermatozoides são produzidos nos túbulos seminíferos, dentro dos testículos, sob estímulo de hormônios, principalmente testosterona, folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Depois, eles são transportados para os ductos que ficam atrás dos testículos, os epidídimos. Nesses órgãos, os gametas amadurecem e adquirem mobilidade. Os hormônios também participam desse processo de amadurecimento.
Os gametas ficam armazenados nos epidídimos até o momento em que o homem é sexualmente estimulado. Na ejaculação, os espermatozoides são transportados pelos ductos deferentes, misturam-se aos líquidos secretados pelas glândulas acessórias (próstata e vesículas seminais) e passam pela uretra para serem lançados ao meio externo. É dessa forma que eles entram no corpo feminino.
No trato reprodutivo da mulher, o trajeto dos espermatozoides continua. Quando o homem ejacula, eles são depositados no fundo da vagina, próximo ao colo uterino. Dali, eles devem migrar para o trato superior, passando pelo corpo do útero e entrando nas tubas uterinas para encontrar o óvulo.
É necessário um grande número de espermatozoides para a concepção espontânea. Isso porque milhões deles entram no corpo feminino, mas grande parte fica pelo caminho, parando nas barreiras naturais do trato reprodutivo da mulher. É uma forma de seleção para que os gametas mais preparados alcancem o local da fertilização.
Sendo assim, a concentração (quantidade) de espermatozoides é um dos elementos que determina a fertilidade masculina espontânea. As outras características fundamentais são motilidade e morfologia.
Por que motilidade e morfologia são importantes para a fertilidade masculina?
A motilidade é a capacidade de movimentação do espermatozoide, é uma característica necessária para que ele consiga nadar pelo trato reprodutivo feminino, até as tubas uterinas, para alcançar o óvulo.
Há 3 tipos de motilidade espermática:
- progressiva e linear — os espermatozoides conseguem se mover para frente, de forma direcional;
- progressiva, mas não linear — os gametas se movem, saem do lugar, mas não seguem uma direção;
- sem progressão — os espermatozoides se movem apenas em seu lugar.
Somente os gametas com motilidade progressiva são capazes de cumprir seu percurso no corpo da mulher, nadando para cima até encontrar o óvulo. O movimento deles é propulsionado pelas caudas, e aqui também entra o critério de morfologia.
O espermatozoide, em sua morfologia normal, é formado por 3 partes íntegras e proporcionais, que incluem:
- cabeça oval com contorno regular, contendo o núcleo com o DNA da célula;
- peça intermediária, onde estão as mitocôndrias que fornecem energia e ajudam na movimentação;
- cauda, que também contém complexos proteicos para ajudar na propulsão do gameta.
Somente com a análise microscópica de um exame de espermograma, é possível avaliar a motilidade e a morfologia dos espermatozoides. Alterações nessas características afetam a fertilidade masculina e podem estar associadas a doenças subjacentes.
Os valores de referência do espermograma em relação aos critérios de motilidade e morfologia são estes:
- pelo menos, 32% de espermatozoides com motilidade progressiva;
- no mínimo, 4% de gametas com morfologia normal em uma amostra seminal.
Valores abaixo disso são classificados como astenozoospermia e teratozoospermia — alterações respectivas na motilidade e na morfologia espermática.
Quais técnicas de reprodução assistida podem ajudar?
Diante de alterações masculinas, há duas técnicas que podem ser indicadas: fertilização in vitro (FIV), para as condições mais graves; inseminação artificial, para os casos leves.
A FIV é a opção mais adequada para casos de alterações espermáticas severas, incluindo azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no fluído ejaculado. Para esses casos, pode ser preciso colher os gametas nos testículos ou epidídimos com técnicas de recuperação espermática. Além disso, a fertilização é feita com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV ICSI), que consiste em micromanipular cada gameta individualmente para injetá-lo dentro de um óvulo.
A inseminação artificial é uma opção quando o homem apresenta alterações discretas na motilidade e na morfologia dos espermatozoides. O tratamento envolve a coleta de uma amostra de sêmen, que passa por métodos de preparo seminal para selecionar os gametas móveis e morfologicamente normais. Então, a amostra processada é introduzida no útero da mulher, aumentando as chances de que um espermatozoide com potencial de fertilização se aproxime do óvulo.
Leia, agora, o texto sobre infertilidade masculina e conheça outros fatores envolvidos nessa condição!