Reprodução assistida heteróloga pode não ser um termo conhecido por todos os casais que querem engravidar, mas representa uma importante possibilidade na medicina reprodutiva. É uma alternativa para pessoas que têm alguma condição de infertilidade relacionada aos seus gametas.
As células reprodutoras ou gametas — óvulos, na mulher; espermatozoides, no homem — são responsáveis por gerar novas vidas. Quando as células feminina e masculina se unem, forma-se o zigoto, que se transformará em um embrião pluricelular e, semanas depois, em feto. Em determinadas situações, o casal não consegue ter filhos com seus próprios gametas e pode contar com doação de óvulos, sêmen ou embriões.
Hoje, é muito comum a reprodução com óvulos ou sêmen de doadores — doação de embriões é menos comum, mas também é possível. A doação de material genético amplia as possibilidades dos casais inférteis.
Veja, neste post, o que é reprodução assistida heteróloga e qual é sua relação com a doação de gametas e embriões!
O que é reprodução assistida heteróloga?
É o nome dado aos tratamentos de reprodução assistida que são realizados com doação de gametas ou embriões, em vez de utilizar as células reprodutoras do próprio casal. Quando são usados os óvulos e espermatozoides dos futuros pais, chama-se reprodução assistida homóloga.
As técnicas de reprodução assistida incluem: relação sexual programada ou coito programado e inseminação artificial (ambas de baixa complexidade); FIV- fertilização in vitro (alta complexidade).
A reprodução assistida heteróloga é possível somente nos tratamentos com inseminação artificial e FIV. O tratamento com coito programado é homólogo, isto é, necessita de óvulos e espermatozoides do casal.
Como a reprodução assistida heteróloga é realizada?
A reprodução assistida heteróloga com inseminação artificial envolve apenas o uso de sêmen doado, enquanto os óvulos precisam ser os da paciente. Já a FIV tem possibilidades mais amplas, incluindo doação de sêmen, ovodoação e uso de embriões doados.
Entenda como essas técnicas funcionam!
Inseminação artificial
A inseminação intrauterina ou artificial é indicada para casos de baixa complexidade, incluindo:
- disfunções ovulatórias;
- infertilidade masculina por alterações espermáticas leves;
- situações que necessitam de sêmen de doador, como gravidez entre casais homoafetivos femininos e reprodução independente de mulheres solteiras.
Há também os critérios de idade materna e permeabilidade tubária para que essa técnica seja indicada. Idealmente, para que se possa ter maiores chances de sucesso com a inseminação artificial, as mulheres devem ter no máximo 37 anos e tubas uterinas desobstruídas.
As etapas da reprodução assistida heteróloga com inseminação artificial incluem: indução da ovulação, preparo seminal e introdução da amostra de sêmen de um doador no útero da paciente.
A inseminação artificial pode ser feita com ciclos ovarianos naturais ou medicamente estimulados. A estimulação ovariana é um procedimento medicamentoso, no qual são administrados fármacos hormonais para auxiliar no desenvolvimento e amadurecimento dos óvulos.
No dia estimado para a ovulação, a amostra de sêmen do doador é introduzida no útero da paciente com um catéter. Antes disso, o material masculino passa métodos de preparo seminal, os quais permitem selecionar os espermatozoides que apresentam motilidade e boa morfologia, critérios necessários para que eles sejam capazes de se aproximar do óvulo e realizar a fertilização.
FIV
A reprodução assistida heteróloga com FIV pode envolver o uso de doação de gametas masculinos e femininos.
Antes de chegar à doação de sêmen, na FIV, o casal que tem infertilidade masculina por fatores graves pode tentar obter espermatozoides do próprio paciente com as técnicas de recuperação espermática. Caso não consigam recuperar gametas em número ou qualidade suficientes, prossegue-se com a alternativa do material doado.
A doação de óvulos é indicada quando a mulher não tem gametas ou não os tem em boa qualidade para gerar embriões saudáveis. Entre as situações que podem precisar de ovodoação, estão:
- idade materna avançada;
- menopausa precoce;
- danos às funções ovarianas após tratamentos médicos (cirurgia nos ovários ou quimioterapia, por exemplo);
- reprodução de casais homoafetivos masculinos.
O alto risco de transmitir doenças genéticas para os filhos é outra situação em que o casal pode receber indicação para a reprodução assistida heteróloga. Contudo, muitas alterações gênicas e cromossômicas podem ser evitadas, atualmente, realizando o teste genético pré-implantacional (PGT). As análises das células embrionárias são feitas enquanto os embriões estão fora do útero, na etapa de cultivo embrionário na FIV.
São 6 etapas principais que correspondem ao tratamento com FIV: estimulação ovariana; coleta dos óvulos; coleta do sêmen e preparo seminal; fertilização; cultivo dos embriões; transferência para o útero.
As mesmas etapas são seguidas na FIV com doação de sêmen, com a única diferença de que não é feita a coleta do esperma do paciente. As amostras de doadores geralmente encontram-se congeladas. Assim, iniciamos com a estimulação ovariana e, após o casal escolher o doador, o sêmen é descongelado e o tratamento segue para a etapa de fertilização.
Na reprodução assistida heteróloga com doação de óvulos há duas possibilidades: a primeira é a ovodoação voluntária, na qual a doadora entrega seus gametas de forma solidária; a segunda é a ovodoação compartilhada, que envolve o compartilhamento tanto dos óvulos quanto das despesas do tratamento. Nesse último caso, doadora e receptora estão em processo de FIV por fatores diferentes (uma tem óvulos, a outra não).
Aproveite e acesse o texto sobre FIV – fertilização in vitro, que apresenta de forma detalhada as etapas do tratamento e as técnicas complementares!