Aborto é a interrupção da gestação antes da vigésima semana de desenvolvimento fetal. As causas são variadas, sendo necessária a investigação do problema, principalmente quando há perdas recorrentes, o que acentua a relação entre aborto e infertilidade.
Quando a condição é caracterizada como abortamento de repetição (duas ou mais perdas), pode ser causada por alterações endócrinas, trombofilias, malformações uterinas, anomalias genéticas, fatores imunológicos, entre outros.
A infertilidade pode deixar o casal apreensivo com a ideia de não conseguir ter um filho. O aborto é um acontecimento ainda mais delicado, que pode despertar sentimentos de tristeza e frustração em quem já vem tentando engravidar.
À princípio, portanto, vale esclarecer que a infertilidade está relacionada à impossibilidade de ter filhos, não de engravidar. Isso significa pessoas com disfunções reprodutivas podem até iniciar uma gestação, mas não conseguir levá-la à termo. Sendo assim, o casal só é considerado fértil quando a gravidez evolui e a criança nasce.
Continue a leitura para entender mais sobre aborto e infertilidade!
Quando o casal é considerado infértil?
A infertilidade é caracterizada pela ausência de gravidez após pelo menos 1 ano de tentativas, num contexto em que o casal pratique relações sexuais regularmente e sem o uso de nenhum método de contracepção. Após esse período, recomenda-se a busca por avaliação especializada a partir da realização de vários exames.
Para mulheres com mais de 35 anos, a investigação da infertilidade deve ser feita após 6 meses de tentativas de gravidez, visto que a idade materna avançada já se configura como um fator de redução do potencial reprodutivo.
O casal pode enfrentar dificuldades para engravidar tanto por infertilidade masculina quanto feminina. Entre as causas femininas mais comuns estão as disfunções ovulatórias, endometriose e doenças uterinas como mioma e pólipo. Entre os fatores masculinos, alguns dos problemas mais frequentes são varicocele, deficiências hormonais, alterações genéticas e infecções genitais.
Aborto e infertilidade estão associados?
Em muitos casos, sim, aborto e infertilidade estão relacionados. Isso depende das causas de ambos os problemas. Por exemplo, se a mulher passou por um único abortamento devido a fatores exógenos, como uma queda acidental ou um trauma na região abdominal, possivelmente ela não é infértil.
Já o aborto de repetição (por definição três abortos seguidos sem uma gestação que evolua até o final) tem relação com a infertilidade. As causas podem ser hormonais, genéticas, anatômicas, hematológicas, infecciosas ou imunológicas.
Diante disso, é preciso realizar uma série de exames para identificar a origem do problema. A investigação inclui análises de sangue (incluindo trombofilias), ultrassonografia pélvica, histerossalpingografia, histeroscopia com estudo imuno-histoquímico, estudo do cariótipo do casal.
Quais são as possíveis causas de aborto?
Entre as causas de aborto e infertilidade, podemos mencionar:
- alterações endócrinas;
- distorções na anatomia do útero;
- anomalias genéticas e/ou cromossômicas;
- infecções no trato reprodutivo;
- trombofilias;
- fatores autoimunes;
- hábitos nocivos, como abuso de álcool e drogas.
Importante falarmos um pouco mais sobre algumas dessas causas, como as alterações anatômicas no útero, que podem ser congênitas ou adquiridas. As anomalias congênitas são chamadas de malformações müllerianas e normalmente são assintomáticas. Consistem em defeitos na formação do útero que afetam o espaço da cavidade uterina, dificultando a acomodação do bebê em crescimento, o que leva ao aborto.
As alterações uterinas adquiridas são doenças que se desenvolvem ao longo da vida fértil da mulher, como mioma, pólipo, adenomiose e sinequias. Essas condições podem afetar as características da parede uterina e do endométrio, bem como diminuir o espaço intracavitário, prejudicando tanto a implantação do embrião quanto o desenvolvimento do feto.
Outra condição que merece atenção é a trombofilia, caracterizada pela predisposição ao surgimento de tromboses devido a alterações nos componentes de coagulação sanguínea. Na gestação, esse problema pode provocar a obstrução de vasos placentários, dificultando o transporte de sangue e oxigênio para o bebê.
Doenças infecciosas como sífilis, rubéola e toxoplasmose também colocam a gestação em risco, aumentando as chances de aborto. Já entre os fatores endócrinos, podemos citar diabetes descontrolada, doenças da tireoide, extremos de peso corporal (obesidade ou desnutrição) e deficiência de progesterona, hormônio fundamental para a manutenção da gravidez.
Aborto e infertilidade podem ainda resultar de problemas no sistema imunológico, alterações cromossômicas e outras anomalias genéticas. Translocações e aneuploidias, por exemplo, são anormalidades na estrutura ou no número de cromossomos que reduzem a qualidade embrionária, o potencial de implantação e as chances de evolução da gravidez.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
Nos serviços de reprodução assistida, o casal encontra técnicas avançadas destinadas à superação de fatores específicos de infertilidade. Nos casos de aborto de repetição, realiza-se uma investigação aprofundada, primeiramente, para identificar as causas e definir o tratamento mais apropriado.
A técnica de maior complexidade é a fertilização in vitro (FIV), indicada para os casos mais difíceis, a exemplo de problemas uterinos, obstrução tubária (muitas vezes causada por infecções) e alterações genéticas.
Dentre as técnicas específicas empregadas na FIV, podemos destacar o teste genético pré-implantacional (PGT), que realiza a análise dos genes e cromossomos dos embriões, a partir de biópsia feita no período de cultivo embrionário em laboratório. Essa técnica é particularmente importante nos casos de aborto e infertilidade provocados por alterações cromossômicas.
Veja agora o texto da clínica que contém outras informações em relação às causas e exames necessários na investigação da infertilidade feminina!