Adenomiose e miométrio estão totalmente relacionados. Essa é uma doença ginecológica caracterizada pela presença de células do endométrio dentro da camada muscular da parede uterina — os conceitos podem parecer confusos para quem não os conhece, mas serão esclarecidos ao longo do texto.
Ainda não está bem estabelecida a ligação entre adenomiose e infertilidade feminina, mas é possível que as alterações uterinas decorrentes dessa patologia reduzam a capacidade reprodutiva por diferentes mecanismos.
O útero é um órgão de suma importância para a gravidez. É onde o feto recebe nutrientes e oxigênio, por meio do sangue materno, para se desenvolver. A formação anatômica e histológica do útero é determinante para sua função na reprodução.
Vamos esclarecer, neste post, o que é miométrio, o que é endométrio, como a adenomiose pode se manifestar e se há relação da doença com a infertilidade feminina. Leia até o final e confira essas informações!
O que é miométrio?
O miométrio é a camada do meio da parede uterina. É o tecido mais espesso do útero, constituído por células de musculatura lisa. As funções miometriais incluem a capacidade de expansão e a contratilidade uterina, permitindo que o órgão aumente em muitas vezes o seu tamanho durante a gestação, além de realizar as contrações de parto.
As outras duas camadas adjacentes ao miométrio são o endométrio (mais interna) e a serosa (externa). O tecido endometrial tem função direta na gravidez, pois é nele que o embrião se implanta. Também é do endométrio que sai o sangramento menstrual.
Tanto o endométrio quanto o miométrio podem ser acometidos por patologias que afetam a anatomia ou as funções do útero, dentre as quais estão: mioma, pólipo, endometrite e adenomiose.
Qual é a relação entre adenomiose e miométrio?
A adenomiose é uma doença inflamatória decorrente da presença de células endometriais no miométrio. A invasão do tecido adjacente ativa o sistema de defesa do organismo que reage causando a inflamação.
Existe uma linha regular que determina o limite entre as duas camadas, como uma barreira para que as células dos dois tecidos não se misturem. É chamada de zona juncional mioendometrial.
Alguns fatores podem enfraquecer a junção mioendometrial, como a multiparidade (duas ou mais gestações). Por isso mesmo, a adenomiose era um achado mais comum em mulheres multíparas, acima dos 40 anos. Contudo, pacientes mais jovens também têm sido diagnosticadas.
Em parte dos casos, a adenomiose pode ser assintomática. Quando há sintomas, os principais são sangramento uterino anormal e cólicas menstruais. Dor pélvica crônica e útero aumentado também são possíveis sinais da doença.
Existe diferença entre adenomiose e endometriose?
Adenomiose e endometriose podem ser confundidas, pois ambas são caracterizadas pela presença de células endometriais fora de seu sítio habitual, isto é, a camada interna do útero. No entanto, são condições diferentes.
Como vimos, a adenomiose resulta da invasão de tecido endometrial no miométrio, sua camada vizinha. Na endometriose, as células de endométrio são localizadas fora do útero, em outros órgãos pélvicos. Os locais mais afetados são: ovários, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, região retrocervical, intestino e bexiga.
A endometriose pode se tornar uma condição crítica, com chances significativas de prejudicar a fertilidade. Além disso, a qualidade de vida da portadora pode ser severamente prejudicada devido às dores, sobretudo no período menstrual. O diagnóstico e o tratamento são fundamentais.
A adenomiose também pode causar infertilidade?
Não existem provas definitivas da relação entre adenomiose e infertilidade feminina, mas como a doença afeta o útero, não podemos descartar o risco de disfunções uterinas. Afinal, sabe-se que alterações nas características do órgão podem interferir nas taxas de implantação embrionária e nas condições necessárias para a evolução da gravidez.
Os fatores que poderiam explicar o impacto da adenomiose na fertilidade incluem:
- distorção da arquitetura endometrial, causada pelo espessamento da zona juncional;
- presença de substâncias pró-inflamatórias, as quais tornam o ambiente uterino inadequado para a migração dos espermatozoides e a recepção do embrião;
- miométrio hiperativo devido às alterações celulares, o que pode afetar a contratilidade uterina, causando contrações antes do tempo e abortamento;
- diminuição da receptividade uterina por ser uma condição estrógeno-dependente.
Como tratar a adenomiose?
Cada paciente precisa receber uma avaliação individualizada. Mulheres com sintomas leves e que não desejam mais gestar, por exemplo, podem utilizar contraceptivos hormonais que controlam a ação do estrogênio (hormônio responsável pelo crescimento das células endometriais). As pílulas orais combinadas e o dispositivo intrauterino (DIU) à base de progesterona são opções para amenizar o sangramento anormal e outros sintomas.
Portadoras com sintomas severos e que não regridem com o uso de fármacos são elegíveis à cirurgia para remoção das lesões, realizada por videolaparoscopia ou histeroscopia. Outras possibilidades de tratamento são a embolização da artéria uterina e a ablação endometrial.
O tratamento definitivo é a histerectomia, que consiste na retirada parcial ou total do útero. É uma alternativa para mulheres que já tiveram filhos e não querem mais engravidar.
Em situação de infertilidade, a reprodução assistida pode ajudar. A fertilização in vitro (FIV) é a técnica de escolha para mulheres inférteis por fatores uterinos, bem como para pacientes com mais de 37 anos — considerando que boa parte dos diagnósticos de adenomiose ocorre depois dessa idade.
Conheça a doença melhor com a leitura do texto sobre adenomiose!