A ciência tem avançado consideravelmente no campo da medicina reprodutiva, mas ainda existem desafios associados à infertilidade. Um desses desafios é o risco aumentado de aneuploidia, relacionado, entre outros fatores, à idade do casal, especialmente da mulher.
Embora grande parte das pessoas tenha a informação de que engravidar mais tarde pode ter implicações, muitas não compreendem exatamente como e por que os riscos aumentam com o tempo.
Neste artigo, vamos explicar o que é aneuploidia, os efeitos da idade sobre a fertilidade e como o avançar do tempo influencia o risco desse tipo de alteração genética. Também abordaremos estratégias, como o congelamento de óvulos e o teste genético pré-implantacional (PGT), que podem ajudar a mitigar esses desafios.
Leia e confira!
O que é aneuploidia?
Aneuploidia é uma alteração genética caracterizada pela presença de um número anormal de cromossomos nas células. Enquanto uma célula humana normal possui 46 cromossomos, organizados em 23 pares, a aneuploidia ocorre quando há cromossomos a mais ou a menos.
As alterações cromossômicas numéricas — assim como as estruturais — podem afetar o desenvolvimento do embrião, acarretando baixa qualidade embrionária, falha de implantação no útero, abortamento espontâneo e até síndromes genéticas na criança, caso a gravidez evolua.
A síndrome cromossômica mais conhecida é a trissomia 21, popularmente chamada de síndrome de Down. Nesse cariótipo, há três cópias do cromossomo 21 ao invés de um par.
A idade tem impacto na fertilidade?
A fertilidade do casal tem relação com a idade, tanto da mulher quanto do homem, embora os efeitos do passar do tempo sejam mais acentuados nas funções reprodutivas femininas.
A fertilidade da mulher começa a declinar de forma mais significativa após os 35 anos. Isso ocorre devido à redução da reserva ovariana, que é a quantidade de óvulos disponíveis nos ovários. Tão importante ou mais quanto o número de óvulos é a acentuada diminuição da qualidade dessas células.
A baixa qualidade oocitária pode ocasionar a geração de embriões frágeis e com alterações cromossômicas, dificultando tanto a concepção quanto a manutenção de uma gravidez saudável.
Quanto aos homens, apesar de continuarem a produzir espermatozoides ao longo da vida, a qualidade espermática também declina com a idade, especialmente após os 45 anos.
Os fatores envolvidos na redução da fertilidade masculina devido à idade incluem: diminuição dos níveis de testosterona; aumento das taxas de fragmentação do DNA espermático; alterações na morfologia e na motilidade dos espermatozoides.
Qual é a relação da aneuploidia com a idade do casal?
A idade materna avançada é um importante fator associado ao aumento do risco de aneuploidias. Mulheres com mais idade têm predisposição maior a erros no processo de divisão celular dos óvulos, especialmente durante a fase de meiose. Isso pode resultar na formação de embriões com número anormal de cromossomos e comprometer as chances de uma gravidez saudável.
Nos homens, embora o impacto seja mais tardio, o aumento na fragmentação do DNA espermático pode afetar a qualidade do gameta e, por consequência, do embrião, contribuindo também para falhas de implantação ou abortamento.
Portanto, é fundamental considerar a idade do casal como um fator de risco ao planejar a gravidez, especialmente quando a concepção não ocorre de forma espontânea.
Por que o congelamento de óvulos é uma opção?
O congelamento de óvulos é uma alternativa cada vez mais procurada por mulheres que desejam adiar a maternidade. Esse procedimento permite preservar óvulos em estágio jovem e saudável, antes que a qualidade oocitária comece a declinar.
Chamamos de preservação da fertilidade a técnica que envolve o congelamento de óvulos, sêmen e embriões para uso futuro. Tanto mulheres quanto homens podem optar pela criopreservação de seu material biológico, preservando sua capacidade reprodutiva — seja por decisão própria, seja por indicação diante de condições médicas.
No caso das mulheres, a preservação da fertilidade é uma opção antes de tratamentos que colocam as funções ovarianas em risco, como cirurgia de endometriose ovariana e terapias oncológicas. Da mesma forma, o congelamento de óvulos é um caminho seguro para quem decide postergar seus planos de gravidez para uma idade mais tardia, por razões profissionais, financeiras, falta de um parceiro que esteja pronto para construir família, entre outras.
Quando utilizados em tratamentos de reprodução assistida, especificamente na fertilização in vitro (FIV), os óvulos que foram congelados antes dos 35 anos têm menor risco de formar embriões com aneuploidias, aumentando as chances de implantação e gravidez.
Outra ferramenta importante nesse contexto é o teste genético pré-implantacional para aneuploidias (PGT-A). Essa técnica, também realizada somente durante a FIV, é feita com o objetivo de analisar amostras de células dos embriões para selecionar aqueles que não apresentam alterações cromossômicas e que podem ser transferidos com segurança para o útero.
Planejar a chegada de um filho para a fase de uma idade mais avançada é uma realidade para muitos casais, atualmente. No entanto, é importante estar bem-informado sobre os desafios de fertilidade enfrentados com o passar do tempo e conhecer as soluções disponíveis. Nesse cenário, o congelamento de óvulos e o uso de tecnologias como o PGT-A oferecem caminhos promissores para contornar o risco de aneuploidia.
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