Agende a sua consulta

Como é feita a vitrificação?

Por Equipe Origen

Publicado em 06/10/2022

Para falar sobre vitrificação, precisamos começar explicando o que é criopreservação. É uma técnica de congelamento, empregada para preservar a vitalidade e a qualidade celular de embriões, óvulos, espermatozoides e tecidos das gônadas. A intenção é que esses materiais biológicos possam ser utilizados em uma ocasião futura.

No contexto da reprodução assistida, a criopreservação é principalmente realizada em tratamentos com fertilização in vitro (FIV). As indicações para o procedimento são diversas, mas não são todos os casos que necessitam do congelamento de gametas e embriões. Cada casal é orientado de forma individualizada, tendo em vista suas características, objetivos e fatores de infertilidade.

Nosso foco, neste post, será a vitrificação. Quer entender o que significa e qual é sua importância nos tratamentos de reprodução assistida? Então, continue a leitura!

O que é e como é feita a vitrificação?

A vitrificação é a técnica mais utilizada, atualmente, para fazer a criopreservação de materiais biológicos. É um método de congelamento ultrarrápido que faz uso de altas concentrações de substâncias crioprotetoras — agentes que têm a função de proteger as células de possíveis danos.

O termo vitrificação significa “transformação em vidro”. Com esse procedimento, ocorre a conversão de matéria do estado fluído para o estado sólido, isso sem cristalização da água, mas devido ao aumento de viscosidade.

Em poucos minutos, as concentrações crescentes de crioprotetores levam à solidificação dos gametas e embriões, evitando a formação de cristais de gelo no interior das células que poderia ocorrer com a queda abrupta da temperatura. A imersão é feita em tanques de nitrogênio líquido que chegam aos -196º.

Geralmente, são preparadas duas soluções para essa técnica de criopreservação: uma de vitrificação, contendo crioprotetores em concentrações crescentes, e uma de equilíbrio. Os materiais são expostos gradualmente, respeitando o tempo exato de exposição à cada solução.

Um desafio para os resultados da vitrificação é a destreza do embriologista, pois variações de segundos além do tempo adequado de exposição podem prejudicar a viabilidade das células e tecidos congelados.

Para o descongelamento do material, são necessárias soluções de reaquecimento que contêm crioprotetores em concentrações decrescentes. Normalmente, a criopreservação, assim como o descongelamento, são procedimentos bem-sucedidos, com baixo índice de perda de vitalidade ou redução de qualidade celular.

Em resumo, a vitrificação tem os seguintes benefícios na área de reprodução assistida:

  • é um procedimento rápido e eficiente;
  • preserva a qualidade das células e a viabilidade dos gametas e embriões;
  • está relacionada a altas taxas de gravidez, semelhantes às dos tratamentos que não envolvem criopreservação;
  • possibilita o adiamento da gravidez por várias razões, médicas ou eletivas.

Quando a vitrificação é indicada?

A criopreservação por vitrificação é realizada em várias situações nos tratamentos com FIV. Vamos separar em dois temas específicos para facilitar o entendimento.

Preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade é uma alternativa apresentada a mulheres e homens que precisam se submeter a tratamentos médicos que possam afetar, posteriormente, suas funções reprodutivas.

Inicialmente, essa possibilidade era destinada, sobretudo, a pacientes de tratamentos oncológicos. Sabe-se que as terapias para conter ou vencer o câncer são altamente eficazes para destruir células cancerosas, mas também podem prejudicar células saudáveis, afetando algumas funções do organismo, inclusive do sistema reprodutor.

Assim, é possível fazer a preservação oncológica da fertilidade feminina e masculina. Os gametas são congelados e podem ser utilizados futuramente em uma FIV. A mulher também recebe indicação para vitrificar seus óvulos antes de passar por cirurgia que coloque em risco a reserva ovariana, como a retirada de cistos nos ovários decorrentes de endometriose, também chamados de endometrioma.

Além da preservação da fertilidade por motivos médicos, as mulheres podem congelar seus óvulos ou embriões quando decidem adiar a maternidade. É cada vez mais comum postergar a gravidez para perto dos 40 anos, por questões profissionais ou pessoais. No entanto, biologicamente, a fecundidade feminina tem “prazo”. Assim, a preservação social da fertilidade pode ser uma opção interessante.

Congelamento de embriões durante o tratamento com FIV

A FIV é feita em 6 etapas principais:

  • estimulação ovariana para desenvolver vários óvulos;
  • aspiração dos folículos ovarianos e coleta dos óvulos em laboratório;
  • coleta e preparo do sêmen;
  • fertilização dos óvulos;
  • cultivo dos embriões em incubadora;
  • transferência dos embriões para o útero.

Os tratamentos são personalizados, o que significa que diferentes procedimentos podem ser acrescentados ao programa de FIV para aumentar as chances de gravidez. Sendo assim, alguns casos requerem a vitrificação de todos os embriões gerados em um ciclo para que sejam transferidos em outro momento — a técnica é chamada freeze-all.

O congelamento dos embriões durante o tratamento é necessário, por exemplo, quando a paciente apresenta baixa espessura endometrial, risco de síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO) e quando há indicação para técnicas complementares, como o teste de receptividade endometrial (ERA) e o teste genético pré-implantacional (PGT).

Criopreservação de embriões remanescentes

A vitrificação na FIV também é comumente realizada quando há embriões remanescentes. Muitas vezes, o casal consegue gerar um alto número de embriões viáveis para a implantação no útero, mas nem todos podem ser transferidos.

A resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta que o número de embriões a serem transferidos é limitado de acordo com a idade da mulher, sendo de:

  • até 2 embriões para mulheres com até 37 anos;
  • até 3 embriões para mulheres com mais de 37 anos.

Os embriões remanescentes vitrificados podem ser utilizados pelo próprio casal em novas tentativas de gravidez, sem que precisem passar por todas as etapas anteriores da FIV, assim como podem ser doados para pesquisas ou para formar outras famílias.

Tudo isso que abordamos é possível porque, hoje, a técnica de vitrificação está tão avançada que é possível criopreservar os gametas, embriões e tecidos gonádicos por muito tempo, permitindo que os casais se planejem e decidam o melhor momento para dar sequência ao tratamento de reprodução.

Quer mais informações? Confira também nosso texto institucional sobre criopreservação!