A origem da vida humana envolve processos biológicos complexos, iniciando-se com a união dos gametas: óvulo e espermatozoide. Essas são as células reprodutivas feminina e masculina, respectivamente, as quais têm a função de carregar e combinar o material genético, gerando um embrião com DNA único.
Quando ocorre a fecundação ou fertilização, os núcleos do óvulo e do espermatozoide se unem, formando o zigoto, célula que representa o primeiro estágio do desenvolvimento embrionário. A partir disso, o embrião passa por várias divisões celulares que resultam na formação de um organismo pluricelular.
Quer entender de forma mais detalhada como essas etapas acontecem? Neste artigo, vamos apresentar a jornada de desenvolvimento do embrião, desde a fertilização até o estágio ideal para a implantação no útero. Confira!
Como ocorre a fertilização e a formação do zigoto?
A jornada da reprodução humana tem início ainda antes da fertilização. Tudo começa com a produção ou o desenvolvimento das células reprodutivas:
- no homem, os testículos são os órgãos responsáveis pela produção dos espermatozoides. Esses gametas ficam armazenados nos epidídimos e percorrem o trato reprodutivo para serem liberados no momento da ejaculação;
- na mulher, são os ovários que armazenam os óvulos, os quais são estimulados ciclicamente pelos hormônios hipofisários. Assim, em cada ciclo menstrual, um folículo ovariano se desenvolve e libera um óvulo maduro, caracterizando a ovulação.
A fertilização ocorre quando um espermatozoide consegue penetrar na membrana do óvulo e liberar seu material genético. Esse encontro acontece nas tubas uterinas, gerando o zigoto — uma célula unicelular com 46 cromossomos, metade herdada da mãe e metade do pai. A configuração cromossômica define todas as características genéticas do futuro ser humano, como cor dos olhos, tipo de cabelo e altura.
O zigoto representa o estágio inicial do desenvolvimento embrionário e começa um processo de divisões celulares sucessivas, marcando a fase de clivagem. Assim, dia após dia, o embrião duplica seu número de células até atingir o estágio ideal para se implantar no útero.
Como o embrião chega ao estágio de blastocisto?
A clivagem é o processo em que o zigoto se divide em duas células, depois em quatro, oito e assim por diante, sem aumento no volume total, pois o grupo celular fica compactado e protegido pela zona pelúcida.
As células do embrião são chamadas de blastômeros e são pluripotentes, isto é, têm o potencial de se transformar em qualquer tipo celular. Assim, elas poderão originar todos os órgãos, ossos e demais tecidos e estruturas do corpo humano.
Por volta do quarto dia após a fertilização, o embrião atinge o estágio de mórula. Depois disso, já dentro da cavidade uterina, ele recebe fluídos do útero e continua a se desenvolver. Dessa forma, as células começam a se organizar em uma estrutura mais complexa, chamada blastocisto, capaz de estabelecer sincronização fisiológica com as células do endométrio, camada interna do útero.
O embrião atinge o estágio de blastocisto a partir do quinto dia após a fertilização. Nessa fase, há duas estruturas principais:
- o trofoblasto — conjunto de células externas que darão origem à placenta, responsável pela troca de nutrientes entre a mãe e o feto;
- o embrioblasto — massa celular interna, que formará o feto.
A implantação do embrião ocorre entre o sexto e o oitavo dia após a fertilização. Para isso, a zona pelúcida se rompe — evento chamado hatching ou eclosão — e o blastocisto se fixa no endométrio, marcando o início da gravidez.
A implantação também desencadeia a produção do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana), detectado em testes de gravidez. Com o blastocisto firmemente aderido ao útero, o próximo estágio é o desenvolvimento inicial dos órgãos.
Logo no início da gestação, o tubo neural, precursor do sistema nervoso central, começa a se formar. O coração primitivo também inicia seu desenvolvimento, geralmente começando a bater por volta da terceira semana após a fecundação.
O desenvolvimento embrionário na reprodução assistida é diferente?
Nos tratamentos de reprodução assistida, o desenvolvimento do embrião ocorre da mesma forma que nas gestações naturais, ou seja, a sequência de eventos é a mesma: fertilização, formação do zigoto, fase de clivagem, mórula, blastocisto e implantação.
A diferença entre a concepção natural e a auxiliada pela reprodução assistida está na forma como os gametas se encontram. Veja:
- no coito programado, a ovulação é induzida com medicação hormonal e o processo conceptivo acontece naturalmente, isto é, o casal tem relações sexuais e os espermatozoides migram para as tubas uterinas para encontrar o óvulo;
- na inseminação artificial, uma amostra de sêmen passa por preparo em laboratório e os espermatozoides selecionados são introduzidos no útero com uma cânula. Então, eles devem prosseguir com seu percurso, movimentando-se até as tubas uterinas para fertilizar o óvulo;
- na fertilização in vitro (FIV), que é a técnica mais complexa da reprodução assistida, óvulos e espermatozoides são coletados e a fecundação é realizada em laboratório. Os embriões são monitorados durante os primeiros dias e transferidos para o útero.
Na FIV, é possível acompanhar de perto a fase de clivagem e a formação do blastocisto antes da transferência para o útero. A incubadora com time-lapse permite que o embriologista monitore cada etapa do desenvolvimento do embrião sem manipulá-lo. Essa observação detalhada favorece a seleção dos embriões com maior potencial de implantação, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
Antes de ir, confira também nosso texto sobre FIV- fertilização in vitro e entenda como a técnica é realizada!