Nem todos sabem o que é criptorquidia, mas é importante para os casais que estão tentando engravidar compreendam o que é essa condição e de que forma ela pode interferir nas chances de gravidez. Portanto, existem vários aspectos importantes que vamos abordar neste post.
A criptorquidia é caracterizada pela não descida de um ou de ambos os testículos durante a formação do feto masculino e nos primeiros meses de vida. Nesses casos, ocorre uma falha na migração desses órgãos. Em vez de serem devidamente alocados na bolsa escrotal, eles permanecem na cavidade abdominal ou começam a descida e param no meio do trajeto, em alguma parte do canal inguinal.
Normalmente, a situação se resolve de forma espontânea, ainda no primeiro ano de vida do menino. Entretanto, se isso não ocorrer e se não for realizado o tratamento cirúrgico em tempo, há riscos para a fertilidade e para a saúde do homem durante a vida adulta.
Continue a leitura e entenda!
Como identificar a criptorquidia?
Com os recursos atuais da Obstetrícia, é possível identificar a criptorquidia enquanto o feto ainda está no útero materno. Essa é uma dentre tantas razões para fazer o acompanhamento pré-natal.
Com a ultrassonografia obstétrica, o obstetra consegue confirmar se os testículos fizeram sua migração correta para a bolsa testicular. Mesmo que isso não aconteça até o dia do parto, os órgãos ainda podem descer para o escroto durante os primeiros meses de vida, sem intervenção médica.
O acompanhamento pediátrico também é importante por várias razões. Durante o primeiro ano da criança, as visitas ao pediatra devem ocorrer mensalmente. Assim, o desenvolvimento físico e a saúde do bebê são devidamente monitoradas, sendo possível, inclusive, detectar a criptorquidia.
Os pais e demais cuidadores também podem notar anormalidades ao examinar o menino nas trocas de fralda e na hora do banho. Diante de qualquer alteração, é importante reportar ao pediatra.
A investigação médica detalhada se faz necessária tanto para localizar o testículo retido quanto para confirmar se é criptorquidia ou outra condição semelhante, por exemplo, ausência congênita do órgão (agenesia testicular) ou testículos retráteis (os que se retraem facilmente, mas podem ser recolocados manualmente na bolsa escrotal).
Quais são os fatores de risco para a criptorquidia?
Na maioria dos casos, a criptorquidia não tem causas esclarecidas, mas há fatores de risco. O principal deles é a prematuridade. Isso porque os testículos completam a sua descida para a posição escrotal até o oitavo mês de gestação. Sendo assim, meninos que nascem antes dos 9 meses podem não ter passado pela migração testicular.
Para se ter uma ideia do quanto a prematuridade aumenta o risco dessa condição, até 40% dos meninos que nascem prematuramente podem apresentar criptorquidia. Já entre aqueles que nascem na idade gestacional correta, o problema ocorre em, no máximo, 4%.
Outros possíveis fatores de risco são histórico familiar de criptorquidia e tabagismo da mãe durante a gestação.
Qual é a conduta diante do diagnóstico de criptorquidia?
Se a criptorquidia for diagnosticada ainda na gravidez ou nos primeiros meses do menino, é preciso observar nos meses subsequentes se a situação passa por resolução espontânea. A cirurgia para realocar o testículo em sua posição normal é indicada quando ele não migra, e deve ser realizada antes que a criança complete 2 anos.
A falta de tratamento durante a infância impõe risco aumentado de complicações na vida adulta, incluindo: hérnia inguinal, torção testicular, infertilidade e câncer testicular. Parte desses problemas tem relação com o aumento da temperatura do testículo retido. Justamente por necessitar de temperatura mais amena é que esses órgãos ficam na bolsa escrotal, fora da cavidade abdominal.
Entretanto, a criptorquidia na idade adulta é uma condição rara, afetando somente cerca de 1% dos homens. Em caso de diagnóstico tardio, indica-se a orquiectomia — cirurgia para remoção do testículo não descido. Essa conduta é importante para evitar problemas mais graves, sobretudo o câncer.
Por que a criptorquidia está relacionada à infertilidade masculina?
A criptorquidia pode causar infertilidade, principalmente quando é bilateral, em razão do aumento da temperatura intratesticular. Quando os testículos permanecem expostos a apenas 2 graus a mais que na bolsa escrotal, já é o suficiente para interferir nas funções testiculares, prejudicando a produção e a maturação dos espermatozoides. O homem também fica infértil se fizer a cirurgia para remoção de ambos os testículos.
Casais com infertilidade por fatores masculinos ainda podem engravidar com a fertilização in vitro (FIV), técnica mais complexa da reprodução assistida. Dependendo do diagnóstico, pode ser preciso utilizar técnicas de recuperação espermática para coletar os gametas dos órgãos reprodutores e fazer a fecundação por injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV ICSI).
Nos casos mais graves, se os dois testículos forem removidos devido à criptorquidia, o casal ainda tem a alternativa de tentar a gravidez com doação de sêmen. A amostra de esperma de um doador anônimo pode ser utilizada em um tratamento com FIV ou com inseminação artificial, dependendo da idade da mulher, bem como das condições de seu sistema reprodutor.
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