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DIP: tratamento

Por Equipe Origen

Publicado em 04/08/2022

DIP é a sigla para doença inflamatória pélvica, uma condição que pode acometer simultaneamente várias estruturas localizadas na pelve, incluindo colo do útero, peritônio, endométrio, tubas uterinas e, raramente, os ovários.

Por vários fatores, a DIP é considerada uma das principais causas de infertilidade feminina. As maiores consequências associadas à dificuldade de gravidez espontânea são as inflamações no endométrio (endometrite) e nas tubas uterinas (salpingite) — que causam, respectivamente, baixa receptividade uterina e obstrução tubária.

Acompanhe as informações a seguir e entenda como é feito o tratamento de DIP, entre outros aspectos relevantes sobre a doença!

Os principais sintomas de DIP

A DIP pode se manifestar com diferentes sintomas em cada mulher, mas, geralmente, são sugestivos de um quadro inflamatório. É incomum que a doença seja assintomática, embora isso também possa acontecer. Entretanto, independentemente da sintomatologia, a portadora pode enfrentar consequências como mau funcionamento dos órgãos reprodutores e infertilidade.

Os principais sintomas de DIP são:

  • dor na parte de baixo do abdômen;
  • corrimento vaginal amarelado e com forte odor;
  • sangramento anormal, incluindo a presença de sangue fora do período menstrual;
  • dor na relação sexual;
  • dor e sensibilidade uterina, que piora com a movimentação do colo do útero, dificultando o exame ginecológico;
  • em alguns casos no estágio agudo, sintomas sistêmicos de infecção, como febre e mal-estar.

Os sintomas de DIP podem confundir a portadora, visto que alguns são característicos de outras doenças ginecológicas. De qualquer forma, a persistência das manifestações indica alguma alteração, sendo importante procurar avaliação médica.

O estágio agudo da inflamação pélvica pode durar até duas semanas. A realização do tratamento durante essa fase previne sequelas e disfunções reprodutivas. Do contrário, se a doença não for tratada em tempo, o risco de infertilidade é grande.

As possíveis causas da doença

A DIP é uma afecção polimicrobiana e os principais agentes etiológicos envolvidos são os causadores de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), com maior prevalência de clamídia e gonorreia. Outros microrganismos infecciosos presentes são micoplasmas, triconomas e alguns tipos de vírus.

A inflamação pélvica geralmente começa com a ação infecciosa nos órgãos do trato genital inferior. Se a doença não for corretamente tratada nesse primeiro estágio, os agentes patogênicos migram para o trato superior por via canalicular, afetando órgãos importantes para o sistema reprodutor, como útero e tubas uterinas.

Em seu todo, a DIP pode desencadear os seguintes processos inflamatórios:

  • cervicite, na cérvice ou colo do útero;
  • peritonite, no peritônio, membrana que protege os órgãos na cavidade abdominopélvica;
  • endometrite, no endométrio, parte interna do útero;
  • salpingite, nas tubas uterinas;
  • ooforite ou ovarite, nos ovários.

Procedimentos médicos intrauterinos também podem facilitar a entrada de microrganismos no trato reprodutivo superior, tais como: curetagem pós-parto ou aborto; cirurgia histeroscópica para remoção de mioma, pólipo e outras doenças intracavitárias; biópsia endometrial; inserção de dispositivo intrauterino (DIU).

O tratamento de DIP

Para chegar ao diagnóstico de DIP, realiza-se o exame clínico, que inclui investigação dos sintomas e exame ginecológico. Pacientes com vida sexual ativa que apresentam dor na parte inferior do abdômen e secreção cervical purulenta são encaminhadas às demais etapas da avaliação diagnóstica.

Durante o exame ginecológico, o médico também observa se a mulher manifesta dor à mobilização do colo uterino e dor à palpação do útero e dos anexos. Esses sintomas são bastante sugestivos de inflamação pélvica.

Os demais exames para confirmação da doença incluem análises de sangue para o rastreio de infecções e análise da secreção vaginal. Técnicas de imagem, principalmente a ultrassonografia pélvica, também são indicadas para observar o comprometimento anatômico dos órgãos, a exemplo de obstrução das tubas uterinas e gravidez ectópica — outra importante complicação associada à DIP.

O tratamento de DIP é medicamentoso. O uso de antibióticos como ceftriaxona, doxiciclina e azitromicina, via intramuscular ou oral, é indicado por até 14 dias para anular a ação dos patógenos infecciosos. Diante da confirmação de IST, tanto a paciente quanto seu parceiro devem receber a medicação.

Para os casos sintomáticos, também é prescrito o tratamento com anti-inflamatórios não esteroides e analgésicos. Após o tratamento completo, a mulher deve ser reavaliada para confirmar se o tratamento foi efetivo.

A intervenção em ambiente hospitalar é indicada em condições específicas decorrentes de DIP, incluindo:

  • gravidez;
  • gestação ectópica;
  • formação de abscesso (coleção de pus), sendo o tubo-ovariano o mais comum;
  • peritonite com acometimento hepático e risco de sepse (infecção generalizada).

A importância da reprodução assistida nesses casos

As técnicas de reprodução assistida são indicadas para pacientes com infertilidade por sequelas de DIP. Todas as inflamações pélvicas podem afetar a fecundidade de alguma forma, mas a endometrite e a salpingite são as mais comuns.

A endometrite é a inflamação no endométrio, camada intrauterina na qual o embrião se prende ao iniciar a gravidez. A doença afeta as características do tecido endometrial, podendo resultar em baixa receptividade e falhas de implantação embrionária.

Já a salpingite, inflamação nas tubas uterinas, pode desencadear um quadro de hidrossalpinge, caracterizado pelo acúmulo de fluídos no interior das tubas. Essa condição afeta a permeabilidade tubária e, dessa forma, prejudica a passagem dos espermatozoides e o transporte do óvulo.

Diante de fatores uterinos e tubários como os que acabamos de descrever, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica de reprodução assistida indicada. Mulheres com histórico de DIP podem se beneficiar dessa opção para aumentar suas chances de engravidar, mas é fundamental que o tratamento medicamentoso tenha sido realizado antes da tentativa de gestação.

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