Endometriose e menstruação
Endometriose e menstruação estão relacionadas de algumas formas, mas, ao contrário do que muitos pensam, a doença não faz aumentar o fluxo menstrual. Apesar disso, a mulher pode experimentar vários outros sintomas — como cólicas menstruais de intensidade progressiva e dor pélvica crônica — que podem ser intensos a ponto de levar à incapacitação diante de atividades habituais, reduzindo a produtividade e o bem-estar da portadora.
Outra importante consequência da endometriose é a infertilidade feminina. São vários os mecanismos fisiopatológicos descritos na literatura. Dependendo do local e do tipo das lesões, pode haver prejuízo no desenvolvimento dos folículos ovarianos, na migração dos espermatozoides, na fertilização ou no transporte dos gametas e embriões pela tuba uterina.
A endometriose é uma doença complexa, de apresentações clínicas variadas. A demora em relacionar os sintomas à essa patologia é, muitas vezes, motivo de diagnóstico tardio — o que é um problema, pois a falta de tratamento prolonga os prejuízos à qualidade de vida da mulher e reduz cada vez mais suas chances de gravidez. Portanto, é uma doença que precisa de atenção.
Elaboramos este post para explicar a relação entre endometriose e menstruação, além de abordar outras informações pertinentes sobre o tema. Acompanhe!
Por que a menstruação acontece?
A menstruação é um processo biológico feminino que marca o início de cada ciclo reprodutivo. Acontece como resultado da descamação da camada interna do útero (endométrio) quando não houve a implantação de um embrião. Por isso, o sangramento menstrual é um sinal de que que a mulher não engravidou nesse ciclo.
O ciclo menstrual passa por três fases. A primeira é a fase folicular, que começa com a menstruação, mas também envolve a preparação dos ovários para a ovulação. Assim, com o estímulo dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), os folículos ovarianos se desenvolvem para que um deles chegue a liberar o óvulo que tem armazenado.
Na segunda fase do ciclo reprodutivo, ocorre a ovulação. O folículo que se desenvolveu mais que os outros atinge o estágio ideal de maturação e um aumento súbito de LH provoca o seu rompimento. Então, o óvulo é liberado e levado pela tuba uterina adjacente.
A fase lútea ou pós-ovulatória é a terceira e última fase do ciclo menstrual. É marcada pela produção de estrogênio e progesterona, hormônios responsáveis por aumentar a espessura do endométrio e deixá-lo receptivo para o embrião. Essas substâncias são produzidas nos ovários, pelo corpo-lúteo — estrutura formada com os resíduos do folículo que se rompeu na ovulação.
Todo esse processo regulado pelos hormônios acontece de forma cíclica. Se houver fecundação, o corpo da mulher passa a trabalhar para proteger, nutrir e desenvolver o feto. Quando o óvulo não é fecundado e não existe um embrião para se implantar no endométrio, esse tecido descama e causa a menstruação.
Como endometriose e menstruação estão relacionadas?
Podemos falar sobre alguns fatores envolvidos na relação entre endometriose e menstruação, começando pela teoria do refluxo menstrual, proposta pelo ginecologista norte-americano John Sampson, em 1927.
A endometriose é uma condição multifatorial. Estão envolvidos aspectos imunológicos, genéticos, anatômicos e hormonais. Portanto, não há um fator etiológico único para justificar o desenvolvimento da doença, mas, entre as teorias propostas, a de Sampson sugere que a menstruação retrógrada seria uma causa possível.
Até hoje, essa teoria é aceita pela comunidade médica e científica, entretanto ela é multifatorial, uma vez que também ocorre em mulheres que não têm útero. Ela explica que a endometriose pode ser causada por implantes de fragmentos de tecido endometrial que, durante a menstruação, refluem pelas tubas uterinas e caem na cavidade pélvica. Assim, em vez de ser totalmente eliminado com o sangramento menstrual, partes do endométrio que descamou se implantam em outros órgãos pélvicos.
O crescimento de tecido endometrial fora do útero — em locais como peritônio, tubas uterinas, ovários e intestino — é o que caracteriza a endometriose. Esse tecido ectópico cresce com o estímulo do estrogênio e sangra de forma cíclica, assim como acontece dentro do útero, provocando uma reação inflamatória nos locais afetados pelos implantes.
Outra relação entre endometriose e menstruação é que os sintomas da doença ficam mais intensos durante os períodos pré-menstrual e menstrual. Isso ocorre porque o tecido endometrial é estrogênio-dependente e, como vimos, a ação hormonal ativa o crescimento do tecido nessa fase do ciclo. Entretanto, vale reforçar que não há aumento do fluxo.
Como diagnosticar e tratar a endometriose?
A avaliação da endometriose requer exame clínico e ultrassonografia pélvica para identificação e mapeamento das lesões, mas o diagnóstico definitivo é feito com videolaparoscopia, que permite a realização de biópsia para estudo histopatológico.
O diagnóstico é importantíssimo para que a mulher faça o tratamento, amenize os sintomas e recupere sua qualidade de vida, bem como sua fertilidade. A doença é tratada com medicamentos hormonais ou cirurgia (em caso de desejo de gestação, primeiramente deve ser realizado o congelamento de óvulos ou embriões), dependendo das características das lesões e da intenção de gravidez da paciente.
As técnicas de reprodução assistida também são fundamentais quando a mulher não consegue engravidar espontaneamente. As opções incluem indução da ovulação associada à relação sexual programada ou à inseminação artificial para os casos mais leves e fertilização in vitro (FIV) para as situações mais graves, quando a endometriose provoca obstrução tubária e comprometimento ovariano.
Agora que você entendeu a relação entre endometriose e menstruação, toque aqui e acompanhe outro texto para ver informações mais completas sobre os sintomas, tipos da doença e formas de diagnóstico e tratamento!
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