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Endometriose superficial: diagnóstico e tratamento

Por Equipe Origen

Publicado em 08/02/2022

A endometriose é uma doença bem conhecida e que costuma afetar mulheres por volta dos 30 anos de idade, embora possa se desenvolver na adolescência.

Mulheres acima dos 40 anos também podem ser acometidas pela endometriose, mas essa é uma situação bem menos comum. Principalmente se a mulher já teve filhos ou está passando pela menopausa, uma vez que a doença tende a diminuir após esse evento, até desaparecer completamente.

A endometriose se caracteriza pela presença de células do endométrio fora da cavidade uterina. Quando se multiplicam, essas células formam focos ou implantes endometrióticos, que podem se alojar em diferentes órgãos, principalmente na cavidade pélvica. Afeta frequentemente os ovários e as tubas uterinas, mas as células podem também se instalar em outras estruturas, como bexiga e intestinos.

Na medida em que os focos endometrióticos crescem, prejudicam significativamente as estruturas em que estão instalados, podendo inclusive deformá-las. A endometriose é classificada em 3 tipos segundo a localização, extensão ou profundidade em que se apresenta no organismo: endometriose peritoneal superficial, infiltrativa profunda e ovariana.

Enquanto a infiltrativa profunda, considerada o tipo mais grave da doença, e a endometriose superficial podem estar presente em diversos órgãos e estruturas, a ovariana se instala exclusivamente nos ovários, formando cistos chamados endometriomas.

Siga na leitura do texto para entender mais sobre a endometriose superficial, especialmente como é diagnosticada e como seu tratamento pode ser feito.

O que é a endometriose superficial?

A endometriose peritoneal superficial, como o próprio nome indica, se instala no peritônio, membrana que reveste internamente as cavidades abdominal e pélvica, além de recobrir todos os órgãos e estruturas contidos nesses espaços.

Esse tipo de endometriose se caracteriza por apresentar lesões pequenas e rasas, sendo considerada a forma mais leve da doença. Os focos endometrióticos menos profundos, típicos dessa forma da doença, costumam oferecer riscos à fertilidade da mulher, porém nesses casos a doença geralmente provoca poucos sintomas dolorosos, o que pode atrasar tanto o diagnóstico como o tratamento.

Quais os sintomas da endometriose superficial?

É comum que a endometriose superficial não manifeste sintomas perceptíveis, principalmente em suas fases iniciais, exceto a infertilidade em alguns casos.

A ausência de sintomas dolorosos pode fazer com que a mulher só perceba a existência de problemas quando dá início às tentativas para engravidar e não consegue alcançar a gestação.

Isso faz com que a infertilidade seja o sintoma mais frequentemente associado à endometriose superficial, embora seja uma consequência principalmente nos casos em que a doença se instala nas tubas uterinas.

Quando a endometriose superficial é sintomática, independentemente da localização dos implantes, é comum que a mulher manifeste sintomas como cólicas menstruais intensas e dor pélvica entre os períodos, devido à atividade do estrogênio no ciclo reprodutivo, o que pode prejudicar inclusive o dia a dia.

Os sintomas específicos e sua gravidade dependem da extensão dos focos endometrióticos e de quais estruturas eles estão instalados. A mulher pode apresentar dores durante a relação sexual, dores na região pélvica e ou abdominal, menstruação irregular, alterações intestinais ou urinárias e sangramento menstrual anormal ou irregular.

De que maneira o diagnóstico da endometriose superficial é realizado?

Além da observação dos sintomas apresentados pela mulher e realização do exame clínico, a primeira consulta é o momento ideal para definir os próximos passos, caso haja suspeita de endometriose ou outras doenças estrogênio-dependentes

É importante lembrar que as doenças classificadas como estrogênio-dependentes possuem mecanismos parecidos de funcionamento, o que pode resultar em sintomas igualmente semelhantes. Todas costumam receber indicação para a realização de diversos exames de imagem, para a exclusão das demais possibilidades diagnósticas.

Quando há suspeita de endometriose, o primeiro exame de imagem solicitado é a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, principal utilizado para o diagnóstico da endometriose como um todo. Nesse exame, a mulher deve realizar o esvaziamento do intestino, com auxílio de laxantes prescritos pelo médico, um dia antes do procedimento.

A ultrassonografia transvaginal é realizada com o auxílio de um aparelho chamado transdutor, com formato anatômico específico, adaptado para a utilização interna e dotado de uma microcâmera e um foco de luz.

O preparo intestinal é necessário para melhorar a visualização do exame, já que muitas vezes os implantes são pequenos e localizados em estruturas relativamente distantes do útero, de onde o equipamento capta as imagens.

Como muitas vezes a endometriose é uma doença de difícil diagnóstico, principalmente a endometriose superficial, é comum que mesmo após a realização da ultrassonografia transvaginal não seja identificada de forma conclusiva.

Nesses casos, o segundo tipo de exame de imagem mais comumente solicitado é a ressonância magnética, que fornece imagens mais precisas da cavidade pélvica inteira.

Contudo, a endometriose pode ser tão complicada de ser diagnosticada de maneira satisfatória, que em certos casos nenhum dos exames citados consegue fechar um diagnóstico. Embora os exames de imagem possam ajudar a equipe médica a identificar a presença da endometriose superficial, o diagnóstico é fechado somente com a realização de uma biópsia dos tecidos afetados, normalmente por videolaparoscopia ambulatorial.

Como é feito o tratamento da endometriose superficial?

A endometriose superficial pode ser tratada por diversas abordagens, que dependem diretamente da extensão da doença e dos objetivos do tratamento. Quando a mulher apresenta sintomas leves e não deseja ter filhos em breve, o controle dos sintomas pode ser feito com medicações hormonais, que regulam o ciclo reprodutivo, e anti-inflamatórios, que controlam os sintomas dolorosos.

É importante que a mulher em tratamento para endometriose superficial monitore, por exames de imagem, a evolução do diagnóstico, para a prevenção do agravamento da doença.

Contudo, especialmente se deseja engravidar e apresenta infertilidade em decorrência da endometriose superficial, o tratamento medicamentoso pode não ser suficiente, além de apresentar efeito anticoncepcional, o que não é conveniente nesses casos.

O tratamento definitivo para endometriose ‒ embora a doença possa retornar, em casos mais raros, é feito com a retirada cirúrgica dos focos endometrióticos. O procedimento utilizado, nestes casos, é a videolaparoscopia cirúrgica, técnica minimamente invasiva e de pós-operatório relativamente rápido.

No entanto, a manipulação cirúrgica em alguns órgãos do aparelho reprodutivo, como as tubas uterinas e os ovários, pode oferecer mais riscos que vantagens, pela delicadeza dessas estruturas. Quando a ressecção dos implantes por via laparoscópica não é aconselhável, a mulher normalmente recebe indicação para reprodução assistida.

Como a reprodução assistida pode ajudar nesses casos?

Mulheres em idade fértil e que ainda desejam ter filhos, mas que ficaram inférteis como consequência de sequelas da endometriose ou da cirurgia para tratar a doença, podem se beneficiar das técnicas de reprodução assistida para realizar esse sonho.

A FIV (fertilização in vitro) é uma técnica de alta complexidade, indicada para o tratamento da infertilidade decorrente da endometriose superficial, que nesses casos mais frequentemente afeta as tubas uterinas.

A indicação se deve ao fato de que a técnica possibilita a coleta dos gametas, além de realizar a fecundação em laboratório, contornando a infertilidade decorrente da endometriose superficial.

Ainda tem alguma dúvida? Escreva nos comentários para que possamos esclarecê-la!