O espermograma é uma importante ferramenta para a avaliação da fertilidade masculina. O exame não fornece o diagnóstico de doenças no sistema reprodutor, mas pode identificar alterações seminais, como baixa quantidade ou ausência de espermatozoides no ejaculado — condição chamada de azoospermia.
O paciente que apresenta resultados alterados após três espermogramas com intervalos de 30 dias é indicado a realizar outros exames para investigar os problemas associados, como dosagens hormonais, exames genéticos e ultrassonografia da bolsa escrotal. De acordo com as condições detectadas, o homem pode precisar de tratamento farmacológico, cirúrgico ou das técnicas da reprodução assistida.
Vale esclarecer que sêmen e espermatozoides não são termos sinônimos, mas ambos são importantes para a fertilidade masculina e são avaliados pelo espermograma. Os espermatozoides são as células sexuais do homem, os quais se unem aos óvulos (gametas femininos) para gerar os embriões. Já o sêmen é o líquido, composto por fluídos da próstata e da vesícula seminal, que conduz milhões de espermatozoides durante a ejaculação.
Neste post, vamos explicar como o espermograma avalia a fertilidade masculina. Leia e entenda quais são as possíveis alterações encontradas e doenças associadas, assim como as formas de tratamento para os casos de infertilidade.
Qual é a relação entre qualidade seminal e fertilidade masculina?
As características do líquido seminal e dos espermatozoides — quantidade, morfologia e motilidade — influenciam diretamente a capacidade reprodutiva do homem. Entretanto, existem diversas condições que podem alterar as características do sêmen e dos gametas, resultando em infertilidade masculina.
Os principais problemas associados às alterações espermáticas são:
- varicocele — doença caracterizada pela dilatação das veias espermáticas (varizes testiculares);
- deficiências hormonais ou mesmo excesso;
- infecções genitais, incluindo uretrite, prostatite, epididimite e orquite;
- alterações congênitas como criptorquidia (não descida do testículo para a bolsa escrotal);
- traumas, cirurgias (exemplo: vasectomia), lesões medulares e torção testicular;
- câncer e terapias oncológicas;
- alterações genéticas como a síndrome de Klinefelter;
- fatores ambientais, como a exposição frequente a altas temperaturas ou radiação, e estilo de vida, incluindo tabagismo, uso de anabolizantes, obesidade etc.
As condições listadas podem afetar a produção ou a qualidade dos espermatozoides, bem como modificar os fluídos que compõem o sêmen. Alguns desses quadros provocam obstruções no trato reprodutivo, impedindo que os gametas se unam ao líquido seminal.
Como o espermograma ajuda na avaliação da fertilidade masculina?
O espermograma é um procedimento simples que requer a coleta de amostras de sêmen, obtidas por masturbação. As análises laboratoriais observam os aspectos macroscópicos e microscópicos do material coletado.
A avaliação macroscópica analisa as características físicas do sêmen, incluindo: volume ejaculado; pH; coloração; viscosidade; tempo de liquefação. Na análise microscópica, os aspectos observados são: quantidade de espermatozoides, por ml e na amostra total; vitalidade dos gametas; morfologia; motilidade.
Entre os possíveis resultados da análise espermática, estão:
- azoospermia — ausência de espermatozoides no ejaculado;
- oligozoospermia — baixa quantidade de espermatozoides;
- criptozoospermia — ausência de gametas vivos na amostra inicial (ou baixíssima quantidade), os quais são encontrados somente após centrifugação;
- teratozoospermia — grande percentual de gametas com morfologia anormal;
- astenozoospermia — baixo número de espermatozoides com motilidade progressiva.
Diante de alterações, o paciente deve repetir o exame. Se os resultados alterados persistirem, o homem é encaminhado para outros exames que devem identificar a doença ou condição associada à infertilidade.
Quais tratamentos são indicados nos casos de infertilidade masculina?
As formas de tratamento para a infertilidade masculina incluem intervenção medicamentosa, cirurgia e técnicas de reprodução assistida. A conduta terapêutica é baseada no diagnóstico. Por exemplo: problemas hormonais podem ser corrigidos com medicamentos; varicocele, em alguns casos, necessita de correção cirúrgica; infecções são tratadas com antibióticos; enfim, cada situação requer um tipo de tratamento.
As técnicas de reprodução assistida também são indicadas. Os problemas seminais mais leves, como alterações na morfologia e na motilidade dos gametas, podem ser superados com a inseminação artificial. Para isso, a amostra de esperma é submetida a técnicas de preparo seminal, com o objetivo de identificar e os espermatozoides com aspecto normal. Essa amostra processada é introduzida no útero da mulher e a fecundação acontece na tuba uterina.
As alterações espermáticas mais graves (independentemente se oligozoospermia, astenozoospermia ou teratozoospermia), até mesmo grande parte dos casos de azoospermia, se não puderem ser corrigidas com métodos farmacológicos ou cirúrgicos, necessitam da fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Essa técnica é realizada em várias etapas, incluindo: estimulação ovariana; coleta dos óvulos; coleta dos espermatozoides e preparo seminal; fertilização; cultivo dos embriões; transferência para o útero; congelamento dos embriões remanescentes, se houver.
Pacientes com azoospermia são submetidos a técnicas de recuperação espermática, por punção ou microcirurgia, para obtenção dos espermatozoides. Dessa forma, como não são encontrados no sêmen, os gametas são coletados diretamente dos testículos ou epidídimos.
Os espermatozoides são processados e analisados antes de serem introduzidos, um a um, no interior de cada óvulo disponível para fecundação. A FIV ICSI é realizada com a finalidade de reduzir as taxas de falhas de fertilização, visto que o número de espermatozoides é menor.
Vemos, então, que o espermograma é uma importante ferramenta na avaliação da fertilidade masculina. Diante de resultados alterados nesse exame, a investigação da infertilidade é devidamente realizada com outras técnicas diagnósticas e o tratamento mais apropriado é indicado ao paciente — sendo a FIV ICSI fundamental para os casos mais graves.
Aproveite para ler também o nosso texto institucional com informações completas sobre o exame de espermograma.