Estimulação ovariana é uma técnica empregada nos tratamentos de reprodução assistida. Consiste no uso de medicações hormonais — orais ou injetáveis — para favorecer a função dos ovários e obter uma quantidade maior de óvulos maduros para a fecundação.
Em ciclos de ovulação natural, a mulher geralmente libera somente um óvulo. Com isso, as chances de um casal engravidar são de aproximadamente 15% ao mês, desde que não existam fatores de infertilidade feminina ou masculina.
Utilizando a estimulação ovariana, é possível desenvolver vários folículos — unidades funcionais dos ovários, as quais armazenam os ovócitos primários. O número de óvulos a ser obtido depende do protocolo de estímulo, o que demanda uma dose maior ou menor de hormônios.
Leia mais e conheça os diferentes protocolos de estimulação ovariana!
Estimulação ovariana nas diferentes técnicas de reprodução assistida
A estimulação ovariana pode ser feita em associação aos tratamentos de baixa complexidade da reprodução assistida, são eles: relação sexual programada (RSP) ou coito programado e inseminação intrauterina (IIU), mais conhecida como inseminação artificial.
A RSP é indicada para mulheres com disfunções ovulatórias, mas há critérios para essa indicação. Para ter mais chances de sucesso no tratamento, a paciente deve ter menos que 35 anos e tubas uterinas permeáveis. Além disso, é fundamental que o parceiro da mulher tenha parâmetros seminais normais.
Com a RSP, a única intervenção médica é a estimulação ovariana. Como o crescimento folicular é acompanhado por exames, é possível prever ou provocar o dia da ovulação. Então, o casal recebe orientação para programar suas relações sexuais para os dias que correspondem ao período fértil. Tanto a introdução dos espermatozoides quanto a fecundação acontecem de forma natural.
A IIU é indicada para problemas de ovulação, endometriose leve, alterações na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides, entre outros casos brandos. Também é considerada de baixa complexidade porque a fecundação ocorre no corpo da mulher (in vivo), como no coito programado. Além disso, da mesma forma que na RSP, os critérios para indicação incluem idealmente idade materna inferior a 35 anos e tubas uterinas pérvias.
Além da estimulação ovariana, a outra única técnica utilizada na IIU é o preparo seminal, que consiste na aplicação de métodos de capacitação espermática para selecionar os espermatozoides normais. Depois disso, uma amostra processada de esperma é introduzida no útero da paciente com uma cânula apropriada e a fecundação deve ocorrer em uma das tubas.
A estimulação ovariana também é a primeira etapa dos tratamentos com fertilização in vitro (FIV) — técnica de reprodução assistida de alta complexidade, indicada para uma ampla gama de condições de infertilidade. Entretanto, essa técnica ainda requer vários outros procedimentos laboratoriais para gerar embriões fora do útero. Ao final de todas as etapas, é feita a transferência embrionária para o microambiente uterino.
Protocolos de estimulação ovariana na FIV
Complementando as informações anteriores, é importante deixar claro que a estimulação ovariana na RSP e na IIU é feita com o objetivo de desenvolver aproximadamente 3 óvulos. Já na FIV, há diferentes protocolos, mas todos com a finalidade de coletar o maior número possível de oócitos, uma vez que nem todos são fertilizados e nem todos os embriões evoluem até o estágio de implantação.
Entenda, agora, como são os diferentes protocolos de estimulação ovariana na FIV:
Estímulo convencional
Antes de definir o protocolo mais apropriado de estimulação, é feita a avaliação da reserva ovariana. A contagem dos folículos antrais ajuda no prognóstico reprodutivo da paciente, considerando sua provável resposta ao estímulo hormonal.
O protocolo convencional de estimulação ovariana é empregado quando a paciente apresenta boa reserva ovariana e responde bem à medicação, que começa a ser administrada no início do ciclo menstrual e dura de 10 a 12 dias, o que varia de uma mulher para outra.
O desenvolvimento dos folículos é monitorado com ultrassonografias seriadas e exames de dosagens hormonais. Quando os folículos apresentam um bom tamanho para ovular, aplica-se o hormônio hCG, que promove o amadurecimento final dos óvulos.
A aspiração folicular e a coleta dos óvulos são realizadas antes que a ovulação aconteça, o que fica previsto para cerca de 35 horas após a administração do hCG. Depois disso, ocorre a fertilização e o cultivo dos embriões em laboratório, finalizando a FIV com a transferência dos embriões para o útero
DuoStim
O protocolo DuoStim, que significa duplo estímulo, é indicado para mulheres com baixa reserva ovariana ou baixa resposta à estimulação convencional. Pacientes que vão passar por tratamento oncológico ou cirurgia ovariana também podem se beneficiar com esse método para acelerar a coleta de um número ideal de óvulos que serão congelados.
Essa forma de estimulação ovariana consiste em realizar dois estímulos hormonais em um mesmo ciclo menstrual: um antes e um depois da ovulação. A primeira coleta de óvulos é feita entre 10 e 12 dias após o início do ciclo e a segunda estimulação tem início cerca de 5 dias depois disso.
TetraStim
O TetraStim é um protocolo desenvolvido pela nossa clínica que visa ao aumento do número de óvulos coletados no caso de pacientes más respondedoras. A resposta ovariana deficiente pode estar associada à idade materna avançada, polimorfismos genéticos que prejudicam a foliculogênese, histórico de cirurgia ovariana e outras possíveis causas.
O protocolo TetraStim é feito com 4 estimulações mínimas consecutivas — utilizando doses bem menores de medicações hormonais — seguidas de coleta e congelamento dos óvulos. Dessa forma, de pouco em pouco, é possível formar uma reserva de oócitos, aumentando as chances de gravidez em mulheres com dificuldade de ovulação.
Para finalizar, é importante esclarecer uma ideia equivocada que muitas pessoas têm de que a estimulação ovariana reduz a reserva ovariana — isso não acontece. De fato, um número maior de folículos é recrutado para se desenvolver, mas também há um maior aproveitamento folicular, isto é, temos uma menor perda de folículos que no ciclo ovulatório natural e mais óvulos disponíveis para a fecundação.
Complete suas informações com a leitura do nosso texto principal sobre estimulação ovariana