A estimulação ovariana é importante nos tratamentos de baixa e alta complexidade da reprodução humana assistida. O objetivo dessa etapa é fazer os folículos ovarianos se desenvolverem.
O ciclo menstrual normalmente tem duração aproximada de 28 dias — se não houver disfunção ovulatória — e geralmente ocorre com a liberação de um único óvulo por mês. Na reprodução assistida, precisamos de um número maior que esse, principalmente na fertilização in vitro (FIV), pois normalmente há perda de gametas ao longo do processo.
A ovulação resulta do processo de crescimento e amadurecimento de folículos ovarianos, os quais guardam os óvulos. O desenvolvimento folicular é naturalmente estimulado pelos hormônios secretados pela hipófise: folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). Na reprodução assistida, a estimulação ovariana com medicações hormonais ajuda a intensificar esse processo.
Entenda como a estimulação ovariana funciona e descubra a importância de ter uma boa quantidade de óvulos desde a primeira etapa da FIV!
O que é estimulação ovariana?
É uma técnica realizada com a administração de medicamentos hormonais que estimulam os ovários a desenvolverem múltiplos folículos, permitindo o amadurecimento de vários óvulos ao mesmo tempo, dependendo do protocolo empregado.
O crescimento dos folículos é monitorado cuidadosamente por ultrassonografias pélvicas e dosagens hormonais para garantir a resposta adequada dos ovários. Esse acompanhamento também é importante para evitar complicações, como a síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), que pode ocorrer se houver uma resposta exagerada ao estímulo.
A coleta dos óvulos é realizada após o uso de medicação para o amadurecimento final dos folículos e o disparo da ovulação. O procedimento é feito por via vaginal, permitindo acessar os ovários para que cada folículo desenvolvido seja aspirado. Então, o material coletado é analisado em laboratório para identificação e separação dos óvulos.
Os protocolos de estimulação ovariana variam conforme a complexidade do tratamento. Na baixa complexidade (coito programado e inseminação artificial), utiliza-se uma estimulação leve, com doses hormonais mais baixas. Já na FIV, que é de alta complexidade, doses mais altas de medicação são necessárias para promover o desenvolvimento do maior número possível de folículos.
Além disso, protocolos específicos podem ser empregados na FIV. O DuoStim, por exemplo, envolve duas estimulações dentro do mesmo ciclo menstrual ou não, enquanto o TetraStim combina quatro gatilhos consecutivos. Esses métodos visam maximizar a quantidade de óvulos coletados, especialmente em pacientes com baixa reserva ovariana.
Por que é importante ter múltiplos óvulos na primeira etapa da FIV?
A quantidade de óvulos coletados na primeira etapa da FIV é determinante para o sucesso do tratamento, pois o percentual de embriões saudáveis na espécie humana é relativamente baixo, portanto cada óvulo a mais representa uma chance maior de formar um embrião saudável, que possa avançar até o estágio de transferência para o útero.
A FIV começa com a estimulação ovariana e continua com as seguintes etapas: coleta dos óvulos; preparo do sêmen; fertilização dos óvulos em laboratório; cultivo dos embriões; transferência para o útero.
Veja que durante esse percurso pode ocorrer a perda de óvulos ou embriões em vários momentos:
- para começar, nem todos os folículos desenvolvidos terão óvulos maduros;
- falhas de fertilização são comuns, então nem todos os óvulos coletados são fertilizados;
- durante o cultivo, período em que os óvulos fertilizados são monitorados em incubadora, alguns deles se desenvolvem conforme o esperado e outros apresentam falhas e interrompem seu desenvolvimento;
- no momento da transferência, a etapa final da FIV, o número de embriões disponíveis pode ser muito inferior à quantidade de folículos ovarianos que se desenvolveram no início do tratamento.
Além disso, a paciente precisa estar ciente de que a transferência não é certeza de implantação embrionária bem-sucedida. O embrião precisa ter qualidade e encontrar um endométrio receptivo para conseguir se implantar, mas algumas alterações uterinas podem prejudicar esse processo e a evolução da gravidez.
Portanto, ao longo de toda a FIV, há fatores que podem reduzir a disponibilidade de óvulos. Algumas mulheres conseguem coletar mais de 10 óvulos, enquanto outras são consideradas “baixas respondedoras” à estimulação ovariana, obtendo somente 3 óvulos ou menos.
Aquela paciente que coletou 10 óvulos, por exemplo, pode não ter todos fertilizados e perder alguns embriões durante o período de cultivo, mas ainda tem chances de chegar à etapa da transferência com um número viável. Por outro lado, a mulher que coletou cerca de 3 óvulos tem risco de chegar ao final do tratamento com um ou nenhum embrião para transferir.
Sendo assim, fica claro que ter uma boa quantidade de óvulos na primeira etapa da FIV é importante para ter chances de concluir o tratamento com esperança de que um embrião se implante e o casal confirme a gestação.
Conseguir múltiplos óvulos com a estimulação ovariana aumenta, ainda, as chances de sucesso em ciclos subsequentes, caso a implantação embrionária não aconteça na primeira tentativa.
Além disso, se for a vontade do casal tentar outra gravidez após alguns anos, os embriões excedentes já estarão disponíveis, congelados, graças ao número extra de óvulos coletados. Nesse caso, também há a vantagem de a taxa de gravidez ser proporcional à idade em que a mulher congelou os óvulos, não à idade em que ela se encontra na transferência.
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