O ciclo menstrual é um processo fisiológico complexo e fundamental para a reprodução humana. Ele é dividido em fase folicular e fase lútea: a primeira leva à ovulação e a segunda tem função relacionada à preparação do útero para uma possível gravidez.
A fase folicular e a fase lútea são separadas pela ovulação. Nos tratamentos de reprodução humana assistida, o crescimento dos folículos ovarianos e o amadurecimento dos óvulos é estimulado com medicações hormonais, pois quanto maior o número de óvulos maduros coletados, maiores são as chances de um resultado positivo na fertilização in vitro (FIV).
A estimulação ovariana na FIV tem diferentes protocolos. A seguir, entenda o que é a fase lútea, seu papel no ciclo menstrual e sua relação com os protocolos de estímulo hormonal na reprodução assistida!
O que é fase lútea?
A fase lútea corresponde ao período do ciclo menstrual que ocorre após a ovulação e se estende até o início da menstruação. Ela tem, em média, 14 dias de duração e é caracterizada pela produção de progesterona, hormônio que deixa o útero receptivo para o embrião.
Para falar sobre fase lútea, precisamos relembrar também o que acontece na fase folicular: o recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos. Isso ocorre sob estímulo dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), liberados pela hipófise.
Geralmente, somente um folículo ovariano se torna dominante e prossegue com seu desenvolvimento até o estágio ideal para a liberação do óvulo. Após a ovulação, esse folículo dominante é transformado em corpo-lúteo, uma estrutura endócrina temporária que produz progesterona.
A principal função da fase lútea, portanto, é preparar o útero para a gestação. Durante esse período, a progesterona aumenta a receptividade do endométrio, revestimento uterino interno, favorecendo a fixação do embrião. Se a implantação embrionária não ocorrer, o corpo-lúteo se desfaz, levando à descamação do tecido endometrial, à menstruação e ao início de um novo ciclo reprodutivo.
Distúrbios na fase lútea, como a insuficiência de progesterona, podem comprometer a fertilidade, dificultando a implantação embrionária e aumentando o risco de abortamento precoce.
A estimulação ovariana pode ser iniciada na fase lútea?
A estimulação ovariana é a primeira etapa da FIV, é determinante para o sucesso do tratamento. Ela é realizada com medicações hormonais que levam os ovários a desenvolverem vários folículos ovarianos, permitindo o amadurecimento e a coleta de múltiplos óvulos no mesmo ciclo menstrual.
Tradicionalmente, a estimulação ovariana é iniciada na fase folicular, logo após o início da menstruação, da mesma forma que acontece o estímulo hormonal natural no corpo feminino. No entanto, adaptações nos protocolos possibilitaram a estimulação ovariana também na fase lútea, oferecendo mais flexibilidade e eficiência no tratamento.
A estimulação ovariana na fase lútea tem sido estudada como uma alternativa eficaz para pacientes com baixa reserva ovariana ou para quem deseja otimizar o tempo de tratamento, como nos casos de mulheres que vão se submeter a terapias oncológicas.
O método de estimulação ovariana na fase lútea é respaldado no conhecimento de que os ovários podem recrutar novos folículos mesmo após a ovulação. Sendo assim, diferentes protocolos podem ser utilizados para personalizar a abordagem para cada paciente. Veja como eles funcionam:
Estimulação ovariana convencional
A estimulação convencional é aquela que tem início na fase folicular do ciclo. São administradas medicações orais ou injetáveis para promover o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Isso é feito por cerca de 10 a 12 dias, acompanhando o ciclo menstrual da mulher.
Quando os folículos atingem o tamanho adequado para a indução da ovulação, aplica-se o hormônio hCG ou agonistas de GnRH para induzir a maturação dos óvulos antes da captação. Todo o processo é monitorado com dosagens hormonais e ultrassonografias pélvicas.
Antes que a paciente ovule, os folículos ovarianos são aspirados e os óvulos coletados.
DuoStim
O DuoStim é um protocolo que envolve duplo estímulo ou duplo disparo da ovulação. A primeira etapa é realizada na fase folicular e a segunda na fase lútea. Após a captação dos primeiros óvulos, inicia-se a administração de gonadotrofinas para estimular o crescimento dos folículos remanescentes.
TetraStim
Um dos protocolos inovadores disponíveis na Clínica Origen é o TetraStim, que permite maximizar a resposta ovariana e formar um banco de óvulos viáveis. Esse tratamento é um pouco mais longo (dura aproximadamente 3 meses), mas igualmente efetivo e indicado principalmente para mulheres com baixa reserva ovariana ou baixa resposta ao estímulo convencional.
O TetraStim consiste em 4 disparos de ovulação consecutivos, utilizando doses mínimas de medicações hormonais. Após cada etapa de estímulo, os óvulos são coletados e congelados e um novo ciclo de estimulação é iniciado. Ao final dos 4 disparos, podemos ter até 12 óvulos.
Quais são as vantagens da estimulação ovariana na fase lútea?
As vantagens dos protocolos de estimulação ovariana que também iniciam na fase lútea incluem:
- aproveitamento de folículos ovarianos que já começaram a se desenvolver;
- otimização do tempo para pacientes que vão realizar tratamentos oncológicos e querem fazer o congelamento prévio dos óvulos para a preservação da fertilidade;
- possibilidade de recrutamento de folículos adicionais, aumentando a quantidade de óvulos disponíveis para a fecundação;
- individualização do tratamento, adequando-se às necessidades de cada paciente.
Apesar de ser uma possibilidade interessante, a estimulação ovariana na fase lútea não é uma abordagem padrão para todas as mulheres. É uma alternativa mais indicada para casos específicos, como baixa reserva ovariana e resposta pobre aos protocolos convencionais.
Antes de sair de nossa página, leia também o texto sobre estimulação ovariana e aprofunde seu conhecimento acerca dessa técnica!