Há décadas, a reprodução assistida vem auxiliando casais com demandas reprodutivas das mais diversas a ter filhos. Para isso, cada uma das técnicas disponíveis atualmente – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – conta com procedimentos de variadas complexidades.
Entre elas, a FIV é considerada a mais complexa e abrangente, atendendo milhares de casais que buscam ter filhos, apesar de às vezes encontrar obstáculos para essa realização.
As principais demandas reprodutivas atendidas pela FIV podem ser observadas a seguir:
- Infertilidade masculina;
- Infertilidade feminina;
- ISCA (infertilidade sem causa aparente);
- Casais homoafetivos;
- Casais solteiros que desejam ter filhos;
- Preservação social da fertilidade;
- Preservação oncológica da fertilidade.
Cada demanda reprodutiva pode necessitar da aplicação de tecnologias complementares, que possibilitam a solução de diferentes problemas, como o PGT (teste genético pré-implantacional).
Além disso, desde a década de 1990 conta com a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica mais utilizada atualmente para a fecundação, que proporcionou o tratamento de infertilidade masculina provocada por fatores mais graves.
Este texto busca mostrar com mais profundidade as diferenças entre a fecundação com a FIV tradicional e com ICSI nos tratamentos de reprodução assistida de alta complexidade. Boa leitura!
O que é a FIV?
A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade, utilizada mais largamente desde a década de 1980 e que conta com etapas sequenciais com intervenções em praticamente todas as etapas, desde o desenvolvimento de gametas, até a chegada do embrião ao útero da mulher.
De forma geral, as etapas da FIV são cinco: estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e preparo seminal para a coleta de gametas, fecundação em ambiente laboratorial, cultivo embrionário e finalmente a transferência dos embriões para o útero.
As etapas iniciais da FIV, estimulação ovariana e indução da ovulação, bem como a coleta de folículos e espermatozoides, buscam induzir o desenvolvimento de células reprodutivas ou acessá-las, muitas vezes, diretamente de seus locais de produção, para a fecundação.
Já as etapas finais da FIV, cultivo embrionário e transferência dos embriões, têm os embriões obtidos na fecundação como foco principal, acompanhando seu desenvolvimento e estabilidade genética e depositando-os no útero, para que a gestação tenha início.
A fecundação é etapa central da FIV e pode ser feita, atualmente, de duas formas principais: in vitro e por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Fecundação por FIV
Embora o termo FIV seja utilizado para englobar todos os procedimentos relacionados à fertilização em laboratório e transferência dos embriões para o útero, seu significado original remete à metodologia utilizada para realizar a fertilização, que é diferente dos tratamentos com ICSI.
Na FIV tradicional, após a coleta de gametas, as células reprodutivas femininas são selecionadas e depositadas em placas e, em seguida, amostras de sêmen são preparadas e fracionadas, sendo colocadas nestas mesmas placas.
Espera-se, então, que a disputa pela entrada no óvulo tenha início e que os eventos para a fecundação aconteçam in vitro da mesma forma que in vivo, no interior das tubas uterinas: com o espermatozoide mais apto vencendo a barreira da zona pelúcida do óvulo e formando o zigoto.
Fecundação por ICSI
A ICSI, ou injeção intracitoplasmática de espermatozoide, é uma técnica de fecundação inicialmente complementar à FIV, desenvolvida no início dos anos 1990, com objetivo de combater aspectos mais severos da infertilidade masculina.
Neste procedimento, além do preparo seminal, a amostra de sêmen, obtida por masturbação ou por recuperação espermática, é manipulada para a obtenção de células reprodutivas masculinas de maior qualidade.
Cada espermatozoide selecionado é, então, posteriormente avaliado individualmente por um microscópio potente e colocado em uma pipeta específica conectada a uma agulha extremamente fina, que perfura o óvulo e deposita o espermatozoide diretamente no meio intracelular do gameta feminino.
Entenda as diferenças entre FIV e ICSI
As diferenças centrais entre as duas formas de fecundação possíveis na FIV residem principalmente na facilitação ou não da entrada do espermatozoide no meio intracelular do óvulo: enquanto na ICSI o espermatozoide é injetado, na metodologia tradicional espera-se que a célula reprodutiva masculina consiga penetrar a zona pelúcida naturalmente, sem nenhum auxílio.
Essa diferença, no entanto, é determinante para o sucesso da fecundação em alguns casos específicos, como quando há uma escassez de espermatozoides viáveis devido a um quadro grave de infertilidade masculina.
Dentre os diagnósticos mais recorrentes nos homens que recebem indicação para ICSI destacam-se azoospermia não obstrutiva, astenozoospermia (maioria de espermatozoides com baixa motilidade), oligozoospermia (baixa quantidade de espermatozoides) e teratozoospermia (muitos espermatozoides com anomalias morfológicas).
Se a mulher tem mais de 35 anos é comum que sua reserva ovariana se mostre reduzida, disponibilizando poucos óvulos na etapa de coleta. Além disso, após essa idade, pode também apresentar um espessamento da zona pelúcida, que dificulta a entrada do espermatozoide e a fecundação. Para estes casos, a ICSI também é indicada pois melhora as chances de fecundação.
Atualmente, por isso, a ICSI tem sido cada vez mais um procedimento de praxe da FIV, em substituição à forma tradicional de fecundação, figurando como o método mais aplicado nos tratamentos com FIV em geral.
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