A sociedade mudou muito, se compararmos com o cenário do século passado, em que o casamento e a construção de uma família eram o caminho seguido pela maioria das pessoas. Hoje, muitos priorizam os planos voltados para o âmbito profissional e acadêmico, ou apenas optam pela solitude.
Entretanto, ainda é grande o número de casais que sonham em ter filhos, mas uma parcela desses casais lida com fatores de infertilidade masculina e/ou feminina — problemas que podem ter várias causas e consequências, incluindo a gravidez ectópica.
Felizmente, mesmo os casais que são diagnosticados como inférteis têm chances de engravidar com os avanços na área da medicina reprodutiva.
Neste post, vamos abordar questões sobre infertilidade, causas da gravidez ectópica, riscos associados e tratamentos de reprodução assistida. Leia com atenção!
O que é gravidez ectópica?
É chamada de gravidez ectópica a condição em que o embrião se implanta fora do útero, isso ocorre principalmente nas tubas uterinas. Cerca de 90% a 95% dos casos são de gestação tubária, enquanto os demais podem acontecer na cavidade peritoneal, no canal cervical, nos ovários e na cicatriz da cesárea.
O processo que leva à gravidez é complexo. Em resumo, começa com a gametogênese — desenvolvimento, maturação e liberação dos gametas (óvulos e espermatozoides) —, passa pela fertilização na tuba uterina e pelos primeiros dias de desenvolvimento embrionário. Por volta de 6 dias após a fecundação, o embrião deve se implantar no útero.
O útero é o órgão adequado para o desenvolvimento da gestação, uma vez que tem meios para nutrir o feto, além da anatomia que permite acomodar o bebê enquanto ele cresce, devido à sua capacidade de se expandir. Outra importante função do útero na gravidez é a contratilidade miometrial, que provoca as contrações necessárias para o trabalho de parto.
A gravidez ectópica, sobretudo a tubária, acontece quando o embrião não consegue chegar até o útero, geralmente poque existe algum ponto de obstrução na tuba. Dessa forma, a implantação embrionária ocorre na própria tuba uterina. Contudo, o ambiente é inapropriado para o desenvolvimento fetal.
Quais são as causas de gravidez ectópica?
Os fatores implicados na etiopatogenia da gravidez ectópica são diversos. Dentre as doenças ginecológicas mais associadas a esse tipo de gestação estão a endometriose e a salpingite. Contudo, vários outros fatores de risco são mencionados na literatura, incluindo:
- gravidez ectópica anterior;
- anomalias uterinas e tubárias;
- antecedente de cirurgia pélvica;
- uso de dispositivo intrauterino (DIU);
- tabagismo;
- múltiplos parceiros sexuais e relação sem preservativo (maior risco para infecção pélvica).
Vamos dar um pouco mais de atenção às principais causas de gravidez ectópica, de acordo com os casos acompanhados em medicina reprodutiva:
Endometriose
Endometriose é uma doença inflamatória que, em estágios avançados, leva à formação de aderências (cicatrizes) em órgãos pélvicos. As tubas uterinas, quando gravemente acometidas, sofrem distorção anatômica e obstrução, dificultando tanto a captação do óvulo quanto a fertilização e o transporte do embrião. Dessa forma, há um risco de gravidez ectópica.
Salpingite
Salpingite é um quadro de inflamação nas tubas uterinas, causado normalmente por processo infeccioso. Faz parte da doença inflamatória pélvica (DIP), que pode ainda apresentar outras inflamações, como: cervicite (no colo do útero), endometrite (na parte interna do útero) e ooforite (nos ovários).
A DIP é causada principalmente por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sobretudo clamídia e gonorreia.
A gravidez ectópica pode acontecer quando a inflamação resulta em hidrossalpinge — acúmulo de líquido nas tubas —, que é uma das consequências da salpingite não tratada.
Cirurgias pélvicas
Procedimentos cirúrgicos nas tubas ou no útero também levar à formação de tecido cicatricial que prejudica a permeabilidade tubária e aumenta o risco de gravidez ectópica. Exemplos dessas cirurgias são: tratamento de endometriose ou de hidrossalpinge, laqueadura, reversão de laqueadura e cirurgias uterinas realizadas próximas ao óstio tubário (orifício que faz a comunicação da tuba com a cavidade do útero).
Quais são os riscos associados à gestação tubária?
Quando a gravidez ectópica não é identificada nas primeiras semanas, pode ter importantes repercussões. A ruptura de uma gestação dessa natureza pode causar hemorragia, necessitando de atendimento médico de emergência.
Dor abdominal súbita e sangramento vaginal nos primeiros meses gestacionais são indícios de ruptura de gravidez ectópica. A falta de intervenção pode até levar a óbito materno, embora os índices de mortalidade por essa causa, atualmente, sejam bastante reduzidos.
Outro risco é a retirada da tuba. Isso é feito quando o órgão fica muito danificado. A cirurgia é chamada de salpingectomia. O procedimento, apesar de necessário para a saúde da mulher, tem consequências na fertilidade espontânea, visto que as tubas uterinas participam da captação do óvulo e da fertilização.
Como intervir diante de uma gravidez ectópica?
A confirmação de gravidez ectópica logo no início, por meio de ultrassonografia e dosagens hormonais, permite intervir com medicações que interrompem seu desenvolvimento. Assim, os conceptos são naturalmente expelidos ou absorvidos, sem risco de ruptura e hemorragia.
Em estágios mais avançados, a videolaparoscopia é realizada para remover os conceptos cirurgicamente. Se a tuba uterina estiver muito danificada, também é feita a salpingectomia. Mulheres que passam por essa cirurgia têm sua fertilidade reduzida, pois contam com a permeabilidade de somente uma das tubas.
Em situação de obstrução ou ausência tubária, pacientes que passaram por gravidez ectópica podem precisar do tratamento com fertilização in vitro (FIV) para engravidar. Entretanto, cada caso é avaliado em seus detalhes, considerando ainda outros possíveis fatores de infertilidade, para que a técnica seja adequadamente indicada.
Agora, leia mais um texto e conheça outras possíveis causas de infertilidade feminina!
