O hipotireoidismo é uma disfunção da tireoide, que passa a trabalhar menos do que deveria. Isso significa que ocorre uma redução ou interrupção na produção dos hormônios tireoidianos, produzidos nessa importante glândula endócrina. São eles: o T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina), ambos relevantes para diversas funções do organismo.
Uma das consequências possíveis do hipotireoidismo é a infertilidade, pois os hormônios tireoidianos interagem com os hormônios da hipófise, principal glândula atuante na regulação das funções reprodutivas. Junto com o hipotálamo, a hipófise é responsável por estimular o funcionamento dos ovários, na mulher, e dos testículos, no homem.
Por esses e outros motivos, é importante conhecer os sintomas do hipotireoidismo para diagnosticar essa condição e, assim, tratá-la adequadamente. Continue a leitura e entenda melhor!
O que é hipotireoidismo?
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, responsável por liberar os hormônios T3 e T4, que participam de diversas tarefas fundamentais no metabolismo basal, tais como o crescimento e desenvolvimento físico, o controle da temperatura corporal, as funções digestivas, alguns processos cognitivos e funções do sistema reprodutor.
Existem duas disfunções possíveis na tireoide:
- hipertireoidismo — quando há produção em excesso dos hormônios tireoidianos;
- hipotireoidismo — quando a produção é insuficiente.
Como consequência da baixa produção dos hormônios tireoidianos, há lentidão no metabolismo e diversas funções do organismo são prejudicadas. São vários os fatores que podem levar a disfunções na tireoide. No caso do hipotireoidismo, a causa mais comum é a tireoidite autoimune crônica (tireoidite de Hashimoto), uma inflamação na tireoide que leva à sua deterioração gradual.
Outra causa primária da doença é o tratamento do hipertireoidismo. Com a medicação para controle da atividade exacerbada da tireoide, pode ocorrer o efeito contrário: uma redução significativa na produção de hormônios tireoidianos. Ainda, há causas secundárias e terciárias, associadas, respectivamente, a problemas na hipófise e no hipotálamo.
Como identificar os sintomas do hipotireoidismo e chegar ao diagnóstico?
O hipotireoidismo provoca impactos em diferentes sistemas, desencadeando sintomas endócrinos, cardiovasculares, gastrointestinais, cognitivos, entre outros. Seus sinais mais evidentes estão relacionados ao estado de hipometabolismo, que é uma consequência direta dessa disfunção.
As manifestações clínicas dependem da gravidade da deficiência hormonal, podendo incluir:
- fadiga, letargia e sonolência constantes;
- lentidão dos batimentos cardíacos;
- déficits cognitivos, como dificuldade de concentração e lapsos de memória;
- fraqueza muscular;
- dores nas articulações;
- intolerância ao frio;
- constipação intestinal;
- redução da libido;
- nos homens, disfunção erétil;
- nas mulheres, ciclos menstruais irregulares;
- ganho de peso;
- depressão;
- queda de cabelo;
- inchaço na face;
- rouquidão;
- aumento da glândula tireoide (bócio) — além do volume irregular no pescoço, pode ocorrer falta de ar, dificuldade para engolir e desconforto local.
Com a observação desses sintomas, médicos clínicos e endocrinologistas iniciam a investigação de disfunções na tireoide. O diagnóstico normalmente é laboratorial e se dá por meio da dosagem de TSH, hormônio tireoestimulante, produzido pela hipófise para estimular as funções tireoidianas, como fica claro em sua denominação.
O exame de TSH é simples e rápido, realizado a partir da coleta de uma pequena amostra de sangue. A dosagem elevada é indicativa de baixa atividade na tireoide e revela que a hipófise está secretando mais hormônios que o normal para estimulação tireoidiana.
Apesar de ser padrão-ouro no rastreamento de disfunções tireoidianas, o exame de TSH muitas vezes é complementado pela dosagem sérica de T4 livre (T4L), o que ajuda a descartar outras possíveis condições clínicas interferentes na biossíntese e na liberação de TSH.
Por que o hipotireoidismo pode causar infertilidade?
Existe uma forte relação entre o sistema endócrino e diversas funções do organismo. Entre as glândulas que participam do controle da fertilidade está justamente a tireoide, que interage com o eixo HHO — hipotálamo, hipófise, ovários —, responsável pelo estímulo das funções reprodutivas.
Em resumo, o hipotálamo desencadeia a atividade da hipófise, que libera hormônios folículo-estimulantes e luteinizantes (FSH e LH), necessários para o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Eles também fazem parte do estímulo à produção de testosterona e do processo de maturação dos espermatozoides. Desse modo, a atividade da hipófise está diretamente relacionada à fertilidade, tanto da mulher quanto do homem.
Como as substâncias secretadas pela tireoide (e por glândulas suprarrenais) interagem com a hipófise, o hipotireoidismo afeta indiretamente o equilíbrio nas funções reprodutivas. A diminuição dos hormônios tireoidianos também pode resultar em alterações na receptividade endometrial, o que leva a uma maior dificuldade de implantação do embrião no útero ou até mesmo aborto.
Felizmente, essa condição é de fácil manejo. O tratamento é realizado a partir da reposição com hormônios tireoidianos sintéticos, aliviando os sintomas e proporcionando o equilíbrio no metabolismo. Desse modo, os impactos nas funções reprodutivas também são reduzidos ou eliminados.
Caso não seja possível recuperar a fertilidade espontânea, mesmo com a reposição hormonal, os pacientes que desejam ter filhos podem recorrer às técnicas de reprodução assistida. As possibilidades incluem:
O tratamento é definido a partir de uma avaliação individualizada, que considera não apenas o hipotireoidismo, mas também outros fatores que possam interferir na fertilidade feminina e masculina.
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