A reprodução humana assistida passou por significativos avanços nas últimas décadas, especialmente em relação aos procedimentos realizados na fertilização in vitro (FIV). O uso de incubadora de alta tecnologia, por exemplo, é uma etapa importantíssima desses tratamentos.
O sucesso da FIV depende de vários fatores do casal, bem como de técnicas específicas que possibilitam a fertilização de óvulos e o cultivo embrionário em laboratório. Nesse contexto, é preciso ter um ambiente seguro e controlado para que os embriões consigam iniciar seu desenvolvimento fora do útero, enquanto são constantemente monitorados.
Neste texto, você verá informações sobre incubadora e cultivo embrionário e compreenderá a importância disso para os casais que precisam da reprodução assistida para realizar seu sonho de ter filhos. Acompanhe!
O que é incubadora?
Em medicina, a incubadora é um equipamento que proporciona um ambiente adequado com características controladas, como temperatura e umidade, para simular o ambiente do organismo materno.
Em hospitais, são utilizadas as incubadoras neonatais para os bebês que nascem com alguma condição de saúde que precise de assistência médica intensiva. Nas clínicas de reprodução humana assistida, a incubadora é necessária para promover o desenvolvimento inicial de embriões gerados em laboratório.
Na reprodução natural, o óvulo é fertilizado na tuba uterina e leva até 7 dias para chegar ao útero, quando atinge o estágio de blastocisto. Durante esse período em que é transportado pela tuba, ocorre o início do desenvolvimento embrionário.
O zigoto, primeira célula do embrião, passa por sucessivas divisões celulares (estágio de clivagem) e chega à cavidade uterina como um organismo pluricelular, com mais de 100 células, as quais vão se transformar em todos os órgãos e tecidos do feto.
A incubadora na FIV replica as condições do microambiente tubário para que os embriões formados em laboratório possam iniciar seu desenvolvimento fora do útero com segurança, até chegarem ao estágio ideal de serem transferidos para o útero materno.
Em nossa clínica, utilizamos a incubadora com sistema time-lapse Geri, uma das mais avançadas do mundo, um equipamento que permite acompanhar o desenvolvimento embrionário de forma ininterrupta, sem precisar abrir a incubadora, alterar o ambiente e manipular os embriões. Esse processo é facilitado pelas centenas de imagens que são captadas por uma microcâmera instalada dentro da incubadora.
O que é cultivo embrionário?
O cultivo embrionário é a etapa da FIV em que os embriões são avaliados por um embriologista, enquanto permanecem na incubadora. Isso é importante para que os embriões mais saudáveis sejam selecionados, aumentando as chances de gravidez.
Antes do cultivo embrionário, a FIV tem as seguintes etapas: estimulação ovariana, punção dos óvulos, preparo seminal e fertilização. O tratamento começa com a administração de medicações que estimulam os ovários da paciente para promover o crescimento e o amadurecimento de vários óvulos.
Quando os óvulos se apresentam no tamanho esperado, realiza-se a indução da ovulação. No entanto, antes que a mulher ovule, é feita a aspiração dos folículos ovarianos e a coleta dos óvulos. O sêmen do parceiro também é coletado e submetido ao preparo seminal para obtenção dos espermatozoides com boa qualidade.
Em laboratório, os óvulos são fertilizados com a técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). Dessa forma, os gametas masculinos são individualmente micromanipulados, imobilizados, analisados com microscópio de alta resolução e injetados dentro dos óvulos. No dia seguinte, os embriões começam a ser avaliados.
O que ocorre durante e após o cultivo embrionário?
Durante o cultivo embrionário, os embriões são monitorados continuamente pela equipe médica, que avalia sua qualidade e potencial de implantação. Essa etapa da FIV pode levar de dois a sete dias, dependendo do protocolo de transferência indicado para cada caso.
A avaliação dos embriões enquanto eles estão em incubadora é importante para saber quais deles têm condições de continuar se desenvolvendo. Nem todos os óvulos fertilizados resultam em um embrião de qualidade.
Muitos embriões interrompem seu processo de desenvolvimento antes de 5 dias ou apresentam alterações cromossômicas, fator esse associado a falhas de implantação no útero, abortamento ou até formação de um indivíduo com síndrome genética.
Durante o cultivo embrionário, é possível também realizar o teste genético pré-implantacional (PGT), que consiste em biópsia dos embriões e análise em laboratório específico para o rastreio de anormalidades genéticas, como as aneuploidias (alteração no número de cromossomos).
Após o período de incubadora, os embriões saudáveis podem ser transferidos a fresco para o útero (no mesmo ciclo em que foram gerados) ou congelados para transferência em um ciclo futuro. Isso depende da receptividade uterina, dos objetivos do casal e do tempo de cultivo embrionário — os embriões que chegam ao estágio de blastocisto com 6 ou 7 dias são congelados para transferência em um ciclo posterior.
Como você viu, o cultivo dos embriões em incubadora é um processo fundamental na FIV, pois permite que o desenvolvimento embrionário seja cuidadosamente avaliado. Assim, podemos selecionar os embriões saudáveis, que tenham condições de estabelecer a implantação no útero e dar início a uma gravidez.
Agora, leia o texto sobre FIV- fertilização in vitro e conheça todos os procedimentos envolvidos!