A infertilidade é um problema que atinge cerca de 15% a 25% dos casais em idade reprodutiva, Muitos desses casais procuram por tratamentos de reprodução assistida e conseguem superar as condições que dificultam a gravidez espontânea.
As mulheres e os homens podem ter problemas reprodutivos em proporção semelhante. Esse desafio pode ser classificado em dois tipos principais: infertilidade primária e infertilidade secundária.
Afinal, qual é a diferença entre essas duas condições? E essa distinção faz alguma diferença na abordagem terapêutica? Para esclarecer suas dúvidas, continue a leitura e entenda os conceitos, causas e particularidades da infertilidade primária e da infertilidade secundária!
O que é infertilidade primária?
A infertilidade primária é definida como a incapacidade de um casal engravidar após um ano de relações sexuais regulares sem o uso de métodos contraceptivos (ou seis meses, no caso de mulheres com mais de 35 anos). Nesse cenário, a mulher não teve nenhuma gravidez anteriormente.
As causas da infertilidade primária podem estar relacionadas a fatores femininos, masculinos ou a uma combinação de ambos. No caso das mulheres, as causas podem incluir:
- endometriose;
- síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- disfunções hormonais;
- obstrução das tubas uterinas devido a infecções genitais ou outras causas;
- malformações nos órgãos reprodutores;
- falência ovariana prematura.
Já entre os fatores de infertilidade masculina, estão:
- varicocele;
- infecções genitais;
- deficiência hormonal;
- defeitos congênitos no trato genital;
- uso excessivo de substâncias prejudiciais, como esteroides anabolizantes;
- exposição a toxinas, calor excessivo, radiação e outros fatores ambientais;
- alterações genéticas que podem comprometer a produção espermática.
Vale recordar que 20% dos casos são classificados como infertilidade sem causa aparente (ISCA), ou seja, com os métodos diagnósticos atuais não somos capazes de determinar uma causa.
Muitas das causas de infertilidade primária são tratáveis. Portanto, é essencial que o casal procure ajuda especializada para identificar o problema e iniciar o tratamento adequado.
O que é infertilidade secundária?
A infertilidade secundária ocorre quando um casal tem dificuldade para engravidar após já ter vivenciado uma ou mais gestações, seja de forma natural ou com intervenção médica.
Embora o casal tenha conseguido engravidar no passado, novos fatores podem surgir ao longo do tempo e dificultar uma nova tentativa de concepção. Entre as mulheres, além dos fatores de infertilidade primária, a infertilidade secundária pode ser causada por:
- idade materna avançada — é uma das causas principais, pois a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos diminuem com o passar dos anos;
- síndrome de Asherman, condição caracterizada pela formação de aderências cicatriciais que ocluem a cavidade uterina, que pode ser resultante de procedimentos médicos feitos no útero, inclusive durante o parto;
- doenças que são mais comuns em mulheres com mais de 30 anos e que possam ter surgido após a última gravidez, como mioma uterino, pólipo endometrial, adenomiose, hipotireoidismo, endometriose, entre outras.
Nos homens, além dos fatores mencionados na infertilidade primária, as causas de infertilidade secundária podem incluir:
- diminuição da qualidade seminal devido ao envelhecimento (após os 45 anos), ou mesmo sem causa aparente, alterações metabólicas ou uso de medicamentos que podem afetar os espermatozoides;
- redução dos níveis de testosterona;
- disfunções sexuais e ejaculatórias;
- aumento nos índices de fragmentação do DNA espermático;
- fatores ambientais ou comportamentais, como uso excessivo de álcool e tabaco, estresse, entre outros;
- vasectomia;
- infecções do trato reprodutivo.
Existe diferença na avaliação e no tratamento de reprodução assistida?
No contexto da avaliação e do tratamento de reprodução assistida, não há uma diferença clara entre a abordagem para infertilidade primária e secundária. Em ambos os casos, o casal é avaliado de forma conjunta e individualizada, com foco em identificar as causas específicas do problema. No entanto, o histórico reprodutivo dos casais com infertilidade secundária pode fornecer dados importantes para direcionar a investigação.
Seja para infertilidade primária ou secundária, as opções de tratamento de reprodução assistida incluem:
- indução da ovulação;
- coito programado;
- inseminação intrauterina (IIU);
- fertilização in vitro (FIV).
A escolha da técnica depende da causa da infertilidade e da idade da mulher. Por exemplo, quando a idade feminina é superior a 35 anos, muitas vezes recomenda-se a FIV, pois as chances de sucesso em tratamentos mais simples são reduzidas.
Técnicas complementares, como a ovodoação ou a doação de embriões, também são alternativas para casais em que a idade materna avançada dificulta a concepção com gametas próprios.
O teste genético pré-implantacional para aneuploidias (PGT-A) é outra técnica importante que pode ser indicada quando a mulher tem mais de 38 anos ou histórico de abortamento de repetição ou de falhas de implantação em ciclos de FIV.
Nesses casos, deve ser discutido com o casal ou o paciente exaustivamente os prós e contras dessa técnica. Esse teste faz o rastreio de alterações cromossômicas numéricas, que são mais comuns em embriões de mulheres com idade avançada.
Embora os termos “infertilidade primária” e “infertilidade secundária” se refiram a experiências diferentes, o que realmente importa é que cada casal seja avaliado de forma abrangente e personalizada.
A distinção entre infertilidade primária e secundária pode ajudar a direcionar a investigação diagnóstica, mas não muda o princípio fundamental da medicina reprodutiva: oferecer o melhor cuidado possível para que o casal alcance seu objetivo de ter filhos.
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