A reprodução assistida é uma importante área da medicina e trabalha com diversas técnicas para auxiliar o processo reprodutivo humano em etapas controladas. Há tratamentos complexos, como a fertilização in vitro (FIV), e outros de baixa complexidade, como a inseminação artificial e a relação sexual programada.
Os tratamentos de baixa complexidade são indicados para os casos mais leves de infertilidade. As chances de êxito também são maiores para mulheres com menos de 35 anos e tubas uterinas saudáveis, uma vez que a fecundação ocorre naturalmente, no microambiente tubário.
Neste artigo, vamos falar sobre como a inseminação artificial é realizada, destacando a importância das técnicas de preparo seminal. Acompanhe!
O que é preparo seminal?
Preparo seminal é um procedimento realizado em uma das etapas da inseminação artificial e da FIV. O objetivo é selecionar os espermatozoides que apresentam motilidade progressiva e morfologia adequada.
Na reprodução natural, os espermatozoides entram no corpo da mulher a partir da relação sexual e migram para os órgãos do trato genital superior. Eles precisam passar pelo útero e entrar nas tubas uterinas, onde a fecundação deve acontecer.
Para progredir em seu percurso dentro do trato reprodutivo feminino, os espermatozoides precisam passar por várias barreiras, ou seja, ocorre um processo natural de capacitação e seleção espermática. Dessa forma, somente os gametas móveis conseguem avançar até o local da fertilização. A morfologia do espermatozoide também é essencial, tanto para impulsionar sua movimentação quanto para fecundar o óvulo.
Sendo assim, o preparo seminal ajuda a aumentar as chances de fertilização. Os métodos utilizados incluem a lavagem simples, a migração ascendente (swim-up) e o gradiente descontínuo de densidade. A escolha do método varia de acordo com as alterações seminais reveladas no exame de espermograma.
Qual é a importância do preparo seminal na inseminação artificial?
A inseminação artificial tem poucas indicações, atualmente, mas ainda pode ser bem-sucedida em casos de disfunções ovulatórias, alterações seminais leves e situações em que é necessário fazer o tratamento com doação de sêmen — por exemplo, reprodução de casais homoafetivos femininos ou de mulheres que querem uma gestação independente.
O tratamento com inseminação artificial é simples e requer apenas 3 etapas: estimulação ovariana, preparo seminal e introdução da amostra de sêmen no útero da paciente.
Inicia-se o tratamento com a administração de medicações hormonais que estimulam os ovários a desenvolverem os folículos que armazenam os óvulos. São feitos exames seriados de ultrassonografia pélvica e dosagens hormonais para monitorar o crescimento folicular e saber o momento certo de induzir a ovulação. A paciente deve ovular cerca de 36 horas depois de receber os hormônios maturadores.
No dia da ovulação, o sêmen é coletado e submetido ao preparo seminal. Primeiramente, os espermatozoides são separados do plasma seminal, um fluído importante para proteger e nutrir os gametas em seu trajeto na reprodução natural. No entanto, na reprodução assistida, o plasma precisa ser removido, pois também contém células não germinativas e degeneradas.
Após passar pelo preparo seminal, a amostra de esperma — agora, contendo somente espermatozoides com boa qualidade — é introduzida no útero da paciente. O procedimento é indolor e ambulatorial, com o auxílio de uma fina cânula que permite depositar os gametas na cavidade uterina, de onde eles devem seguir seu percurso até as tubas uterinas para fecundar o óvulo.
Alterações seminais: indicação para inseminação artificial ou FIV?
Os resultados do espermograma são muito importantes para a indicação correta da técnica de reprodução assistida. O exame consiste na avaliação macroscópica e microscópica de uma amostra de esperma, possibilitando a detecção de várias alterações.
A análise macroscópica avalia o volume ejaculado, a cor e a viscosidade do esperma, entre outras características físicas. Lembrando que o sêmen é formado por vários componentes, os espermatozoides representam apenas uma mínima fração do conteúdo ejaculado.
Na segunda parte do espermograma, realiza-se a análise microscópica, que pode identificar alterações na concentração, na motilidade e na morfologia dos espermatozoides. Com base nos parâmetros de normalidade, os possíveis resultados incluem:
- teratozoospermia — alto percentual de gametas com alterações na morfologia;
- astenozoospermia — alto percentual de gametas com problemas de motilidade;
- oligozoospermia — baixa concentração de espermatozoides;
- criptozoospermia – concentração muito baixa que não permite uma avaliação detalhada;
- azoospermia — ausência de espermatozoides no ejaculado.
Assim, de acordo com o resultado da análise seminal, a indicação de tratamento pode ser para FIV, nos casos mais graves, ou para inseminação artificial, quando há alterações espermáticas discretas.
Considera-se como infertilidade masculina grave quando o homem tem azoospermia, oligozoospermia ou anormalidades significativas nos aspectos de morfologia e motilidade. Nessas condições, a FIV tem recursos mais eficientes para ajudar o casal, como as técnicas de recuperação espermática e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV ICSI).
A inseminação artificial é opção de tratamento para casos de alterações leves na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides, de modo que o preparo seminal é um recurso aliado para aumentar as chances de fecundação — lembrando que também é preciso avaliar as condições reprodutivas da mulher.
Amplie seu conhecimento sobre o tema com a leitura do texto principal sobre preparo seminal!